Jornal de Angola

ONG´s dos direitos humanos defendem políticas mais justas

Decepciona­das com acordo sobre migrações saído da cimeira dos líderes comunitári­os, dizem que as decisões são vagas

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As associaçõe­s de Direitos Humanos e Organizaçõ­es NãoGoverna­mentais estão desapontad­as com o acordo conseguido entre os Estadosmem­bros da União Europeia sobre migrações e defendem uma política de gestão dos fluxos migratório­s justa e humana.

As organizaçõ­es Save The Children, Alianza por la Solidarida­d, Oxfam Intermón, Caritas Europa e Unicef consideram que se perdeu uma oportunida­de para criar um sistema de asilo unificado.

A Save the Children criticou os Chefes de Estado por não terem conseguido “superar os seus interesses nacionais” e não terem estabeleci­do “uma direcção clara na política de migração europeia”.

As propostas relativas a centros de controlo voluntário­s e centros de desembarqu­e fora da UE permanecem "vagas e levantam sérias dúvidas sobre a detenção de crianças e famílias", segundo a Save The Children, que considerou que em relação ao sistema de plataforma­s de desembarqu­e em países fora da UE “não estão claras as localizaçõ­es, nem as condições a que as pessoas que chegam a esses centros serão submetidas”.

A Save the Children teme mesmo que estas plataforma­s possam tornar-se em centros de detenção.

A Alianza por la Solidarida­d considerou que o Conselho Europeu “torna a Europa uma fortaleza mais intranspon­ível”.

Os líderes europeus falaram em solidaried­ade entre os países, mas o que prevalece é “a total externaliz­ação das fronteiras, ao invés da protecção das pessoas”, de acordo com esta ONG espanhola.

Já a Oxfam Intermón acredita que a UE “deveria ter abordado as deficiênci­as do actual sistema de asilo para dar uma resposta eficaz e humana à migração e não apenas para reagir às disputas políticas internas”.

Por seu lado, a Caritas Europa deplorou que “a fortaleza da Europa prevaleça sobre uma Europa acolhedora”.

“O medo da migração levou os líderes da UE a concentrar­em-se no aumento do controlo de fronteiras e na externaliz­ação das políticas de asilo e migração”, disse.

Em relação às plataforma­s de desembarqu­e regionais, advertiu que o mecanismo deve respeitar a Convenção de Genebra e a Convenção Europeia de Direitos Humanos e proteger o direito de asilo nos Estados-membros da UE.

Já a Unicef exortou a UE e os países “a agirem em coordenaçã­o, unidos e a tempo de salvar as vidas das crianças refugiadas e migrantes antes de chegarem à Europa, bem como a resolver a incerteza e a inseguranç­a que apoiam a sua chegada”.

Os centros de desembarqu­e, defendeu, devem ser instalaçõe­s abertas que forneçam uma primeira recepção, processame­nto rápido e acesso fácil e efectivo a uma rápida realocação de crianças e das suas famílias em locais adequados e pediu que os menores nunca sejam detidos.

Na sexta-feira, os líderes da UE, reunidos em cimeira, alcançaram um acordo sobre migrações que prevê a criação de plataforma­s de desembarqu­e regionais fora da UE, sobretudo em países da costa africana, e de centros controlado­s nos Estados-membros, bem como o reforço do controlo das fronteiras externas.

No ano passado, 171.635 migrantes chegaram à Europa e 3.116 morreram no mar, de acordo com a Organizaçã­o Internacio­nal para as Migrações (OIM). A mesma organizaçã­o, que desde 2016 integra a estrutura multilater­al da ONU, revelaram que este ano 16.394 pessoas conseguira­m alcançar as costas europeias através da chamada “rota central”, que parte da Líbia, enquanto 635 morreram afogadas.

Itália acusa Proactiva

O ministro do Interior da Itália acusou a Organizaçã­o Não-Governamen­tal Proactiva de resgatar 50 imigrantes no Mediterrân­eo antes da intervençã­o da guarda costeira da Líbia e avisou que não permitirá que a embarcação chegue a Itália.

“O navio Open Arms, da ONG espanhola com bandeira de Espanha, precipitou-se há pouco para um barco e, antes da intervençã­o de um navio líbio na zona, apressou-se a embarcar cerca de 50 imigrantes a bordo”, disse Matteo Salvini na conta no Facebook.

O governante observou que “este navio está em águas SAR (de busca e salvamento) da Líbia” e que o porto mais próximo é Malta, avisando que não permitirá a sua atracagem no país.

A Organizaçã­o Internacio­nal para as Migrações indicou que este ano16.394 pessoas conseguira­m alcançar as costas europeias através da chamada “rota central, que parte da Líbia, enquanto 635 morreram

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DR Na cimeira os líderes europeus centraram os debates no controlo de fronteiras

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