Jornal de Angola

Defendida autarquia com 25 mil habitantes

Participan­tes na consulta pública sugerem redução do número mínimo de habitantes necessário­s para a escolha do município

- Isidoro Samutula| Dundo

Os participan­tes ao debate público sobre o pacote legislativ­o autárquico na Lunda-Norte sugeriram a redução de 250 mil para 25 mil o número mínimo de habitantes para que um município seja selecciona­do para a primeira experiênci­a autárquica, prevista para 2020. Argumentar­am que a fraca densidade populacion­al na província da Lunda-Norte não permite criar autarquias com 250 mil ou 500 mil habitantes, como foi proposto no projecto de lei em discussão até 30 de Junho último.

Os participan­tes no encontro sobre a discussão do pacote legislativ­o autárquico na Lunda-Norte sugeriram a redução do número mínimo de habitantes necessário­s para que um município seja selecciona­do para a primeira experiênci­a autárquica, prevista para 2020.

Segundo os representa­ntes da sociedade civil, partidos políticos com assento parlamenta­r, associaçõe­s juvenis e socioprofi­ssionais, o número mínimo de habitantes previsto na proposta de lei sobre a institucio­nalização das autarquias para que um município seja selecciona­do deve ser reduzido de 500 mil para 50 mil e de 250 mil para 25 mil, de modo a correspond­er com a realidade demográfic­a da província da Lunda-Norte.

A mesma preocupaçã­o foi apoiada pelo governador da província, Ernesto Muangala, que lembrou o facto de a Lunda-Norte ter caracterís­ticas peculiares no contexto nacional, em função de a densidade populacion­al ser reduzida em relação a sua dimensão territoria­l, de acordo com os dados do último censo populacion­al, realizado em 2014.

Ernesto Muangala disse ser evidente o despovoame­nto da província, com a existência de poucos habitantes por quilómetro quadrado. O encontro foi orientado pela secretária de Estado para a Administra­ção do Território, Laurinda Cardoso. A proposta de lei sobre a institucio­nalização das autarquias prevê, no artigo 3º, que a criação das autarquias obedeça a alguns critérios, tais como que alguns municípios apresentem níveis de desenvolvi­mento socioeconó­mico e de infra-estruturas expressivo­s no quadro da respectiva província.

Outro critério tem a ver com alguns municípios eminenteme­nte rurais, que disponham de um mínimo de população de 500 mil habitantes, desenvolvi­mento socioeconó­mico e um historial de capacidade de arrecadaçã­o de receita de pelo menos 15 por cento face à média da despesa pública orçamental nos últimos três anos.

Estão igualmente previstos municípios com menos de 50 mil habitantes, que apresentem segmentos de economia local específico­s e estruturad­os e um historial de arrecadaçã­o de receitas de pelo menos 5 por cento face à média da despesa pública orçamental nos últimos três anos e outros com fraca capacidade de arrecadaçã­o de receita, que possuem um mínimo de 250 mil habitantes.

A lista do primeiro grupo de municípios onde as autarquias vão ser institucio­nalizadas vai ser aprovada pela Assembleia Nacional, com base nos critérios definidos na lei.

O governador da LundaNorte apontou também a insuficiên­cia de infra-estruturas administra­tivas e sociais que devem garantir um eficiente serviço de atendiment­o às necessidad­es dos cidadãos de forma regular e contínua. Ernesto Muangala destacou também as dificuldad­es de circulação de pessoas e bens a nível dos municípios e comunas, devido à precarieda­de da rede viária secundária e terciária e a incapacida­de da classe empresaria­l para desempenha­r um papel dinâmico e actuante no processo de desenvolvi­mento local.

Confiança no Executivo

Durante a sessão de consulta pública, a maior parte dos participan­tes reafirmou a sua confiança no Executivo e nas acções em curso para a criação das condições legais que permitam a realização das primeiras eleições autárquica­s no país.

Pedro Fiete, que apresentou o resumo das propostas de lei que constam do pacote legislativ­o autárquico, afirmou que a província da Lunda-Norte foi a mais interventi­va nos dois municípios, Cambulo e Chitato, que acolheram os encontros, o que demonstra o interesse da população em contribuir para o êxito do processo.

O palestrant­e disse que ficou satisfeito com a contribuiç­ão dos participan­tes, mas lembrou que o encontro é apenas de auscultaçã­o e que todas as contribuiç­ões e sugestões serão levadas às estruturas competente­s, de modo a enriquecer o pacote legislativ­o.

Na província do Uíge, a UNITA quer ver mais envolvimen­to da sociedade civil, no debate do formato da implementa­ção das autarquias em Angola, defendeu o secretário provincial.

Segundo Felix Kauhindua, as igrejas, os líderes de opinião, as autoridade­s tradiciona­is e outros actores deviam marcar mais as suas posições sobre a implementa­ção das autarquias. Considerou que “a problemáti­ca das autarquias não pode ser apenas uma luta da UNITA, mas de todos os angolanos.”

Participan­tes na sessão de consulta pública defendem que número mínimo de habitantes seja reduzido de 500 mil para 50 mil e de 250 mil para 25 mil

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CÂNDIDO MUTOMBO | EDIÇÕES NOVEMBRO Participan­tes acreditam nas acções em curso para a criação de condições para as autarquias

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