Alvará comercial chega às províncias
Obras de construção de barragens de contenção de água das chuvas destinam-se a mitigar os efeitos da seca na região
A província da Huíla necessita de 505 milhões de dólares para a conclusão das obras de construção de três barragens de contenção de água nos municípios dos Gambos, Chibia e Lubango, destinadas a mitigar os efeitos da seca e potenciar a agricultura naquelas circunscrições, revelou o director do Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística (GEPE) do Governo local, António Ngongo.
Trata-se das barragens da Embala do Rei (Gambos), de Nampombo (Chibia) e da Arimba (Lubango), cujas obras tiveram início em 2014 e foram interrompidas em consequência da crise financeira em que o país mergulhou, com a baixa do preço do petróleo no mercado internacional.
António Ngongo lembrou que os projectos resultaram de um diagnóstico realizado em 2013 pelo Governo da província, que apontou para a necessidade de construção de barragens de contenção de água nos municípios dos Gambos, Chibia, Lubango e Chicomba, para fazer face aos efeitos da seca, que ciclicamente se regista na região.
Para os Gambos, revelou António Ngongo, foi definida a construção da barragem na zona do Chiange, que vai dar lugar a um perímetro hidroagrícola, com um custo total de 59 milhões de dólares.
Para as barragens da Embala do Rei de Nampombo e a da Arimba, prosseguiu, foi escolhido o curso do rio Caculuvar, na confluência dos caudais ecológicos que vão para o sul.
A par das barragens da Embala do Rei, Nampombo e Arimba, declarou, o Governo Provincial da Huíla tem estado a apelar ao Ministério da Agricultura para a necessidade de intervir igualmente na reabilitação das barragens do Quipungo e do Cuvango, assim como na abertura de campos de furos de água na zona do Impulo.
“Estamos a olhar também para a Jamba, que necessita de uma intervenção a nível da barragem e a inserção de uma minihídrica”, disse António Ngongo, que acrescentou tratar-se de iniciativas com potencial para o relançamento da agricultura em grande escala.
António Ngongo chama atenção para o facto de a população da região praticar, maioritariamente, agricultura de sequeiro, que, normalmente, resulta em baixas colheitas, situação que pode ser invertida com a construção de uma mini-hídrica com um perímetro irrigado. No global, as três barragens, nos Gambos, Lubango e Chibia, vão reter em cada época chuvosa 611 milhões de metros cúbicos de água.
A verba de 505 milhões de dólares, anunciada pelo Governo da província da Huíla, prevê, ainda, a conclusão das obras de reabilitação de uma mini-hídrica, no município de Chicomba, com capacidade para 300 quilowatts.
Em curso desde 2015 e também paralisada por motivos financeiros, a minihidríca de Chicomba inclui um canal de irrigação, que se espera venha a contribuir para o fomento da agricultura no município
Previsão de colheitas
A Direcção Provincial da Agricultura na Huíla espera colher, na campanha agrícola em curso, 300.700 toneladas de milho, 62.790 de massambala, 51.120 de massango e 26.214 de feijão, 32.400 de batata-rena, 20.600 de batata-doce, 3.248 de mandioca e 585 de amendoim.
O “boom” que se espera no sector agrícola da Huíla está também ligado ao processo de irrigação de vastas parcelas de terra disponíveis nos diversos perímetros e que foram distribuídos a agricultores individuais e empresas. Na Matala, Leste da Huíla, o perímetro hidroagrícola, com uma superfície de dez mil hectares, foi reabilitado e tem disponíveis 6.831 hectares totalmente aptos para a agricultura.
Neste perímetro foram distribuídos para aproveitamento agrícola 1.500 hectares divididos em lotes de 2,5 a 25 hectares para 625 produtores, organizados em associações e cooperativas, bem como três empresas que produzem fundamentalmente batata-rena, milho, feijão e hortícolas.
O perímetro irrigado das Ganguelas, no município da Chibia, tem 6.220 hectares, com mais de 358 hectares de áreas aráveis de 38 lotes na primeira fase, 474 na segunda, enquanto a terceira possui 525 hectares de área bruta. Tal como na Chibia, no perímetro irrigado da Humpata a produção está virada para os citrinos, com um total de 461.706 plantas. A verba de 505 milhões de dólares, anunciada pelo Governo da província, prevê, ainda, a conclusão das obras de reabilitação de uma mini-hídrica