Aveiro usa cabras para limpar florestas
A utilização de cabras na limpeza florestal em Portugal relança a discussão sobre o recurso a métodos ancentrais na prevenção e combate a tragédias da era moderna. Um projecto-piloto desenvolvido em Santa Maria da Feira, cidade com 18.194 habitantes no seu perímetro urbano, no distrito de Aveiro, Área Metropolitana do Porto, demonstrou que, em três meses, 26 cabras eliminaram mais de 12 toneladas de mato e vegetação alta.
O “Back to Basic”, designação original do projecto, que pode ser traduzido para português por “De volta ao Básico”, testou a pastorícia na limpeza florestal. A utilização dos animais, dispersos por quase meio hectare de terreno, é uma experiência da Câmara Municipal da Feira, conduzida por uma engenheira zootécnica.
Ana Catarina Fontes recorreu a 4.042 metros quadrados de um terreno que a autarquia tinha por tratar em Fiães e acompanhou ao longo de 90 dias a evolução registada na vegetação do local, à medida que os animais dela se alimentavam.
O projecto, suportado por medições no local e também por imagens recolhidas semanalmente com recurso a drones, teve como objectivo “identificar qual a quantidade de matéria combustível que estas 26 cabras sapadoras conseguiam consumir em três meses.
A conclusão é que fizeram desaparecer mais de 12 toneladas de mato, que, no início do processo, estaria com cerca de 1.70 metros de altura”, explicou a engenheira.
A técnica pretende partilhar os dados obtidos com entidades públicas e privadas, “para sensibilizá-las para o facto de que não fica assim tão caro manter um terreno limpo, se, depois da intervenção inicial com máquinas, a posterior manutenção for feita com recurso a rebanhos de cabras ou mistos”.
Ela pretende aplicar os resultados do estudo na criação do seu próprio negócio de limpeza florestal, com recurso à pastorícia e garante:
“Não estou a criar nada novo, mas este método estava caído no esquecimento e ficou demonstrado que é economicamente mais viável do que limpezas com recurso a máquinas, o que, num hectare de terreno, pode custar 1500 a 2000 euros a cada seis meses”.
O projecto, suportado por medições no local e também por imagens recolhidas semanalmente com recurso a drones, teve como objectivo “identificar qual a quantidade de matéria combustível que estas 26 cabras sapadoras conseguiam consumir em três meses