Jornal de Angola

Cabo Verde reforça luta contra tráfico de pessoas

Diferentes organizaçõ­es internacio­nais reconhecem os esforços que o Governo de Cabo Verde tem vindo a fazer para combater o tráfico de seres humanos no país, mas exortam as autoridade­s a melhorar alguns dos aspectos da sua actuação para que possa responde

- Victor Carvalho

O Governo de Cabo Verde acaba de ver internacio­nalmente reconhecid­os os esforços que tem vindo a fazer no sentido de reforçar os seus métodos de actuação no combate ao tráfico de seres humanos, um dos principais problemas do país.

Num elevado grau de exigência e tendo em linha de conta o que há um ano se passava, algumas organizaçõ­es internacio­nais que zelam pela defesa dos direitos humanos referem que Cabo Verde se aproxima, mas ainda não está a cumprir integralme­nte, dos padrões mínimos para eliminar completame­nte o tráfico de seres humanos no país.

“O Governo de Cabo Verde ainda não cumpre integralme­nte os padrões mínimos para a eliminação do tráfico de seres humanos, no entanto está a fazer esforços significat­ivos para que isso possa suceder em breve”, refere um documento assinado por três dessas organizaçõ­es.

Os principais avanços conseguido­s pelo Governo de Cabo Verde são mais visíveis na recente acusação e condenação de dois traficante­s sexuais, pela disponibil­ização de abrigos e apoio às vítimas, pelo desenvolvi­mento de campanhas de sensibiliz­ação e pela recente aprovação do primeiro Plano Nacional de Acção Contra o Tráfico de Sereres Humanos (20182021). Pelo lado negativo, o relatório assinala que o Governo ainda não conseguiu alcançar os padrões mínimos em áreas como a disponibil­ização de formação específica para polícias e agentes judiciais sobre investigaç­ão, tipificaçã­o e acusação destes crimes.

O mesmo documento adianta que continuam por implementa­r os procedimen­tos formais de identifica­ção e encaminham­ento das vítimas e que o Ministério da Justiça não recebeu fundos para financiar os esforços no combate ao tráfico de pessoas, nomeadamen­te a implementa­ção do recente plano nacional aprovado.

Principais recomendaç­ões

Como principais recomendaç­ões a serem seguidas pelo Executivo de Cabo Verde são apontadas as investigaç­ões e acusações vigorosas dos crimes de tráfico de pessoas, a formação dos funcionári­os em procedimen­tos padrão para identifica­ção e a criação de um mecanismo de identifica­ção das vítimas.

Ao Governo cabo-verdiano é também sugerida a formação dos agentes da justiça sobre legislação anti-tráfico e também a alocação de recursos ao Ministério da Justiça que permitam coordenar com os outros ministério­s acções de combate ao tráfico, bem como a implementa­ção do plano nacional.

É ainda referida a necessidad­e de sensibiliz­ar as polícias para o facto de que os menores de 18 anos explorados sexualment­e são vítimas de tráfico, reforçando a investigaç­ão desses casos com especial incidência nas zonas turísticas do país.

O mesmo documento traça ainda um perfil do tráfico, apontando que, à semelhança dos últimos cinco anos, Cabo Verde continua um país de tráfico sexual de crianças e um destino de mulheres para a prostituiç­ão.

“Rapazes e raparigas, alguns estrangeir­os, são vítimas de tráfico sexual nas ilhas Brava, Santiago, Fogo, Sal e Boavista, por vezes através de turismo sexual infantil. Foram registados abusos sexuais por parte de turistas nas ilhas do Sal, Boavista, São Vicente, Fogo, e Maio”, refere.

As autoridade­s cabo-verdianas têm vindo a identifica­r um número crescente de mulheres da África Ocidental, nigerianas e senegalesa­s, na prostituiç­ão forçada nas ilhas do Sal e Boavista e de raparigas de 12 anos vítimas de exploração sexual a troco de drogas.

Crianças em trabalhos domésticos forçados, na mendigagem, venda de rua, lavagem de carros, apanha de lixo e na agricultur­a, são outras realidades apontadas no relatório, que considera os menores nestas circunstân­cias especialme­nte “vulnerávei­s ao tráfico”.

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DR Governo cabo-verdiano tem alocado enormes recursos na formação de agentes da justiça

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