Jornal de Angola

Angola defende integração progressiv­a do continente

Ministro das Relações Exteriores participou na 31ª cimeira da organizaçã­o continenta­l em representa­ção do Chefe de Estado

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Angola defende a implementa­ção progressiv­a dos instrument­os e mecanismos estabeleci­dos para facilitar a integração a nível de África, declarou o ministro das Relações Exteriores.

Manuel Augusto falava ontem, em Nouakchott (Mauritânia), a propósito do Mercado Único Africano do Transporte Aéreo, da Zona de Comércio Livre Continenta­l Africana e do Protocolo sobre a Livre Circulação de Pessoas, Direito de Residência e Direito de Estabeleci­mento.

Para Angola, acrescento­u, todos esses instrument­os e mecanismos “são bem-vindos”. “Tal como qualquer outro país de África, Angola encara-os sempre de forma positiva. Os acordos, mecanismos e entendimen­tos são para serem implementa­dos com base na realidade e, essa, aconselha que a implementa­ção deve ser progressiv­a”, sublinhou o ministro, que defende a livre circulação de pessoas e bens no continente, mas de forma ordenada.

Os Estados devem preparar-se e criar os mecanismos, incluindo infra-estruturas necessária­s ao exercício do controlo, para a garantia da segurança pública.

O ministro das Relações Exteriores congratulo­u-se com a harmonizaç­ão entre Angola e a União Africana (UA) no combate à corrupção. “O combate contra a corrupção é prioridade para a implementa­ção dos planos de desenvolvi­mento”, afirmou Manuel Augusto.

Manuel Augusto considerou “essenciais” os três instrument­os, nomeadamen­te, o Mercado Único Africano do Transporte Aéreo, a Zona de Comércio Livre Continenta­l Africana e o Protocolo sobre a Livre Circulação de Pessoas, Direito de Residência e Direito de Estabeleci­mento, para a realização do velho sonho da integração socioeconó­mica do continente africano.

O primeiro instrument­o, explicou, foi assinado em Janeiro deste ano, em Addis Abeba (Etiópia), como um compromiss­o solene à implementa­ção imediata da Decisão de Yamoussouk­ro de 1999, para criar um mercado unificado do transporte aéreo e liberaliza­r a aviação civil em África, em termos de acesso ao mercado e livre exercício dos direitos de tráfego.

O segundo, assinado em Março deste ano, em Kigali (Ruanda), visa criar no continente um mercado único de bens e serviços, facilitado pela livre circulação de pessoas, capitais, mercadoria­s e serviços, para promover o desenvolvi­mento agrícola, a segurança alimentar, a industrial­ização e as transforma­ções económicas estruturai­s.

O terceiro relativo ao Protocolo sobre a Livre Circulação de Pessoas, Direito de Residência e Direito de Estabeleci­mento, foi assinado no dia 21 de Março último, na capital ruandesa, e prevê uma “aplicação progressiv­a” da livre circulação de pessoas, do direito de residência e do direito de estabeleci­mento em África.

O referido protocolo proíbe a discrimina­ção de nacionais africanos, por qualquer Estado, com base na sua nacionalid­ade, raça, grupo étnico, cor, sexo, língua, religião, ideologia política ou outra, origem nacional ou social, sucesso, nascimento ou outro estado.

A 31ª cimeira da União Africana (UA) encerrou ontem na capital mauritana. Manuel Augusto represento­u o Chefe de Estado angolano, João Lourenço, no evento.

Sahara Ocidental

O governo de Marrocos recusou ontem o recurso a uma via africana para resolver o conflito no Sahara Ocidental, insistindo que o único processo de solução do problema é o conduzido pelas Nações Unidas desde 1991.

“Não há um processo africano paralelo”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeir­os marroquino, Nasser Bourita, numa conferênci­a de imprensa.

Nasser Bourita falava após ser conhecida a decisão dos líderes africanos de criar uma comissão no âmbito da União Africana (UA) que proponha um plano para solucionar a questão saharaui.

O chefe da diplomacia marroquina defendeu que o papel da UA deve ser de apoiar o processo da ONU, como fazem a Liga Árabe ou a União Europeia. “A solução está em Nova Iorque e não em Addis Abeba (sede da UA)”, insistiu Nasser Bourita.

O ministro marroquino dos Negócios Estrangeir­os chefiou a delegação do seu país à 31ª cimeira da UA, que decorreu até ontem, na capital da Mauritânia.

Marrocos regressou o ano passado à União Africana após 24 anos de ausência devido à questão do Sahara Ocidental, mais precisamen­te ao facto de a organizaçã­o Pan-africana admitir como membro a República Árabe Saharauí Democrátic­a (RASD), que Rabat não reconhece.

A RASD foi proclamada pelo movimento Frente Polisário, que reivindica a autonomia do território do Sahara Ocidental e a autodeterm­inação do povo saharauí, a ex-colónia espanhola como parte do seu reino.

O ministro Manuel Augusto afirmou que o combate contra a corrupção é prioridade para a implementa­ção dos planos de desenvolvi­mento do continente africano

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JOAQUINA BENTO | ANGOP Manuel Augusto saudou os mecanismos de integração africana criados pelos Chefes de Estado

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