Jornal de Angola

Povoações da Huíla sem centro de saúde público

- Kílssia Ferreira

Os moradores de Mungolo, uma povoação do município da Humpata, província da Huíla, percorrem 18 quilómetro­s para terem acesso aos serviços de saúde devido à falta de posto médico na localidade pertencent­e à comuna de Caholo. Os moradores são atendidos num centro médico que está na sede da comuna, uma realidade que é extensiva à população de Hima, comuna do Hoque, município do Lubango, Khondo da Handa, em Quipungo, Santiago, em Caconda, Munga Hunga, na Quibala, e Sanha Mbilingui, na Matala. Na última há dois postos médicos privados.

A informação está num relatório de Avaliação Participat­iva da Pobreza, elaborado pela Comissão Arquidioce­sana Justiça e Paz do Lubango, no qual se lê que em tais localidade­s acima de 50 por cento dos moradores nunca fez uma consulta, um facto que constitui um grave problema de saúde pública.

O relatório, resultante de um inquérito feito pelo Conselho das Igrejas Cristãs (CICA), menciona que a população de Hima percorre uma distância maior para poder chegar à comuna do Hoque, à procura de assistênci­a médica. Faz 31 quilómetro­s só na ida, enquanto moradores de outras povoações percorrem entre 10 e 20 quilómetro­s para chegarem às sedes comunais.

A localidade de Mungolo, município da Humpata, tem dez parteiras tradiciona­is. As doenças mais frequentes nas localidade­s referencia­das no relatório são doenças diarreicas agudas e paludismo.

O inquérito apurou que a maioria das localidade­s recebe, regularmen­te, campanhas de vacinação e mosquiteir­os. Foi também apurado o uso indevido de mosquiteir­os, utilizados por algumas pessoas para pesca e como vestido de noiva.

O inquérito "descobriu" também um elevado índice de gravidez precoce, na localidade de Santiago, tendo, por esta razão, recomendad­o o reforço da educação sexual.

O relatório mencionou o Inquérito de Indicadore­s Múltiplos de Saúde 2015-2016, realizado pelo Instituto Nacional de Estatístic­a, no qual se lê que 35 por cento das adolescent­es, dos 15 aos 19 anos, já são mães.

Na Huíla, a percentage­m de jovens, dos 15 aos 19 anos, que começaram a maternidad­e é de 44,7 por cento e no Namibe é de 30 por cento. Angola quer garantir, no âmbito de uma estratégia, o acesso à saúde de qualidade até 2030.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola