Jornal de Angola

Tribunal inicia julgamento de trabalhado­res da AGT

- César André

O Tribunal de Luanda prossegue hoje com o julgamento dos funcionári­os da Administra­ção Geral Tributaria (AGT), acusados de desviar mais de 500 milhões de kwanzas, da cobrança de impostos.

Ontem, o tribunal ouviu os réus António Mendes Bastos, 64 anos, administra­dor da empresa TECNIMED,e Tchifuxi Sambo, 45 anos, técnico de fiscalizaç­ão da AGT,

Os factos remontam de 2016, quando Nickolas Neto contactou António Bastos para informar que a sua empresa possuía uma dívida fiscal e que alguém havia de o procurar para tratar da questão. Um mês depois, foi contactado por Txifuxi Sambo, em nome de Nickolas Neto, para tratarem do assunto. Colocou-se à disposição para regulariza­r a dívida, caso a empresa aceitasse a prestação de serviço de consultori­a da Tipos Consult.

Tchifuxi Sambo alertou que caso a TECNIMED não aceitasse a proposta seria emitida a nota de cobrança fiscal, acrescida de juros de mora, o que, consequent­emente, levaria ao bloqueio das contas da empresa. No dia 18 de Julho de 2016, a TECNIMED foi notificada pela primeira repartição fiscal da dívida tributária de 518.621.828 de kwanzas referentes ao exercício fiscal de 2014.

O declarante disse que a ordem foi dada pelos córéus Nickolas Neto e Miguel Panzo, na altura director dos Serviços Fiscais e chefe de departamen­to da Terceira Região Tributária. Depois de apurado o valor da dívida, negociaram com a empresa ordenaram aos réus Ngola Mbandi, Tchifuxi Sambo e Francisco Olo. Estes instruiram os réus Valério Quiohendam­a e João de Oliveira para reduzirem a dívida para 9.650.265, kwanzas, sem fundamento legal.

Como compensaçã­o, o réu António Mendes Bastos, indicado pela TECNIMED para tratar da questão, transferiu, em Dezembro de 2016, para a conta da consultora Tipos Consult, 150 milhões de kwanzas e, em Março de 2017, mais 20 milhões de kwanzas.

Foram ainda transferid­os 15 milhões de Kwanzas, para a Cardima, de Celisa Francisco. Nicolas Neto, por intermédio da empresa Carbo Rubro, de sua mulher, Soraia Neto, recebeu 24 milhões de kwanzas.

O réu João Oliveira recebeu 24 milhões de kwanzas, através da sua empresa O&M – Transporte Lda, e Valério Quiohendan­dama 30 milhões de kwanzas, por intermédio da Vumbeco, do seu primo Rui João.

Francisco Olo, técnico tributário, recebeu da conta bancária da sua ex-mulher, a ré Rita Sebastião, a quantia de 19 milhões de kwanzas e na sua própria conta mais 2,5 milhões de kwanzas.

Durante audiência de ontem, o réu Tchifuxi Sambo confirmou ter depositado “por ordens superiores” acima de 25 milhões de kwanzas, nas contas dos seus superiores hierárquic­os.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola