“Migração em condições desumanas deve envergonhar a todos”
O Chefe de Estado angolano afirmou que a situação migratória que o continente africano vive, ao ver jovens partirem para Europa em condições desumanas, só deve envergonhar a todos.
“É triste e revoltante constatar que cerca de seis séculos depois de os filhos de África terem sido levados em condições degradantes em navios negreiros para América, onde na condição de escravos contribuíram para o florescimento de grandes economias, hoje a saga se repete embora numa conjuntura diferente”, disse.
O Chefe de Estado angolano disse que “alguns dos problemas vividos por África têm reflexos directos na Europa e merecem, portan-to, a atenção cuidada dos responsáveis dos países e das organizações de ambos os continentes”.
João Lourenço afirmou que “África vive hoje um clima de conflitos internos, de insegurança, de crise económico-financeira, de terrorismo, de fome e pobreza e, como consequência, vem conhecendo sucessivas vagas de emigração em direcção ao continente mais próximo, o europeu”.
“Os filhos de África, vão hoje para a Europa na condição de emigrantes, dirão alguns, de forma voluntária, o que é discutível. Para sermos francos, fogem dos conflitos armados, da fome e da miséria que assolam alguns dos nossos países, fogem do desemprego e da falta de perspectivas por um futuro melhor. Todos somos responsáveis por este quadro com que muitos países africanos se confrontam”, disse.
João Lourenço apelou à União Europeia a estabelecer com África um modelo de cooperação que, a médio e longo prazo, possa contribuir para reverter o actual quadro, que ajude os países africanos a passar de meros exportadores de matérias-primas a produtores de produtos manufacturados, industrializados, como garantia de uma maior oferta de emprego e oportunidades de negócio para os nossos cidadãos.