CARTAS DOS LEITORES
Comboio do povo
Antigamente, o comboio constituía um meio de transporte com o qual as pessoas podiam contar à hora para as várias deslocações, desde o Bungo, pelo menos até Viana. Lembro-me que existiam duas linhas paralelas e todas as manhãs as pessoas que usavam aquele meio de transporte podiam contar com o mesmo logo pelas primeiras horas do dia. Inclusive algumas “mamãs”, que faziam o seu negócio, contavam com o sinal sonoro do comboio para certificarem-se das horas, infalivelmente todos os dias.
Comboio das cinco, das seis, das sete e daí em diante... As pessoas não precisavam do relógio porque as horas do comboio eram tão fiáveis quanto as horas do Big Ben, o relógio mais famoso do Mundo que se encontra no Palácio de Westminster, centro de Londres, Inglaterra. Conheço pessoas que acabaram por levar o nome de “comboio” simplesmente por nascerem na hora em que este meio de transporte dava o sinal da sua passagem, com a poderosa buzina que era audível a mais de cinco quilómetros.
O comboio fez História nos musseques Bungo, Lixeira e Rangel, realidade que, se não for possível resgatar, ao menos tenhamos um mais funcional. Hoje, o nosso comboio não consegue cumprir com pelo menos 80 por cento do papel, em termos de regularidade e eficiência, que todos esperávamos daquele meio de transporte.
São muitas as paragens e embora circule com a frequência possível, creio que as pessoas em geral que apanham o comboio dificilmente conseguem contar com o mesmo. E na verdade, o Estado perde elevadas somas de dinheiro com este estado de coisas. Precisamos de resgatar o papel fundamental que o comboio teve na vida das comunidades. ESCREVA-NOS:
Pré-pago da energia
Sou assinante do sistema pré-pago da ENDE e regularmente pago as minhas contas. Escrevo para felicitar a iniciativa que houve com a disponibilização deste importante serviço, independentemente dos aspectos a melhorar. Julgo que, ao cabo de alguns anos, com a implementação deste serviço, uma nova forma de lidar com a energia eléctrica surgiu em muitas comunidades e casas.
Na verdade, trata-se de um mecanismo através do qual nenhuma das partes, entre o fornecedor da energia e o consumidor, se sente defraudado no cumprimento do seu papel. A entidade que fornece, no caso a ENDE, proporciona acesso à energia somente de acordo com o pagamento do cliente e este paga somente o que vai consumir.
Tem havido algumas queixas, é verdade, da parte de alguns clientes, mas julgo que se tratam de casos muito pontuais para os quais a ENDE devia prestar particular atenção e prestar esclarecimentos. Julgo que se tratam mais de casos que careçam de esclarecimentos do que propriamente de reparos ou compensações porque, entendi eu, se devem mais à compreensão dos mecanismos de uso e consumo da energia. Em todo o caso e para que o consumo de energia seja mais regrado, era bom que a ENDE fizesse um esforço ingente no sentido de estender a todo o país o sistema de energia pré-pago, uma importante e justa modalidade de fornecimento e consumo deste importante bem.
Óbitos e funerais
mudanças devem ser naturais e normais. Hoje, os funerais deixaram de representar todo um clima de tristeza para transformarem-se em ambientes de celebração da vestimenta, da bebedeira e glutonaria, entre outros hábitos completamente reprováveis.
Fui em tempos a um funeral e, na verdade, deparei-me com cenas que não tinham nada de novo na medida em que eram parte dos costumes actuais em muitos óbitos. Tudo começa com a pressa em regressar para o local do óbito mal o defunto tenha baixado à superfície mais funda da sepultura e, muitas vezes, com uma condução que nem lembra a atmosfera necrológica. As pessoas comportam-se hoje, em pleno cemitério, como se fossem despejar uma carga qualquer num buraco, para depois regressarem rapidamente do óbito para “festejarem”. É muito triste o que se passa hoje, uma realidade que revela muito o que de educação e maneiras as pessoas têm e demonstram sem qualquer problema nas comunidades.
Mortes no Mediterrâneo
Fico triste quando leio notícias a darem conta de mortes de emigrantes africanos no Mediterrâneo. É uma pena que haja africanos a abandonar em condições terríveis o seu continente para irem à Europa, em busca de melhores condições de vida. Que os dirigentes africanos conjuguem esforços para se travar a tragédia do Mediterrâneo. A situação dos emigrantes africanos que querem chegar à Europa é grave. É preciso que haja acções rápidas para salvar vidas humanas. A resolução desse problema é inadiável. Cartas recebidas na Rua Rainha Ginga, 12-26 | Caixa Postal 1312 - Luanda | e-mail: ednovembro.dg@nexus.ao