Movicel é acusada de retaliar grevistas
O primeiro secretário da Comissão Sindical dos Trabalhadores da Movicel, Costa dos Santos, acusou ontem, em conferência de imprensa, a direcção da empresa de estar a fazer “caça às bruxas” a todos os que aderiram à greve de Maio.
O sindicalista acrescentou que foram instaurados processos disciplinares, que já culminaram com o despedimento dos três principais membros da comissão negociadora do caderno reivindicativo e demissão de cargos de oito ou nove supervisores, entre outros procedimentos irregulares.
Após o levantamento da greve, denuncia Costa dos Santos, a direcção da Movicel decidiu punir os participantes à referida manifestação, com a exoneração das suas funções, justificando com uma suposta reestruturação orgânica, ao mesmo tempo que lhes cortou os benefícios do prémio de avaliação de desempenho de 2017, que se deu cinco meses antes da greve de 7 de Maio.
“Eu e mais dois subscritores dos acordos de 11 de Maio fomos compulsivamente despedidos, quando a lei regula que os delegados de greve não podem ser transferidos nem despedidos, a não ser por razões disciplinares, nos termos da legislação laboral, durante período de um ano”, explica o sindicalista.
Em função desses actos, que considera atropelos à lei, o sindicalista apela ao bom senso da direcção da Movicel, para que anule o processo disciplinar, por considerar ilegal.
Talmai António, portavoz do sindicato e outra demitida pela direcção da Movicel, disse que os membros demitidos estão abertos ao diálogo, para que sejam ultrapassadas as divergências. A ideia inicial, realça, é a empresa anular a medida disciplinar aos membros da Comissão Sindical por ser ilegal.
“Essa medida revela uma tamanha incompetência jurídica da entidade empregadora, uma vez ter sido tomada sem respeitar os preceitos legais, e representa uma grave violação dos nossos direitos, enquanto sindicalistas e trabalhadores”, lamenta.
O Jornal de Angola contactou por telefone o director-geral da Movicel, Jean Vittorio Massele, que, em tom arrogante, disse que não falava para jornalistas, remetendo o assunto ao Gabinete de Comunicação e Imagem.
A porta-voz , Tânia Alcobia, disse nada ter a comentar sobre os despedimentos, por se tratar de um assunto de cunho jurídico, remetido à área específica. Admitiu, porém, a hipótese de em breve pronunciar-se.