Jornal de Angola

Incentivos à impunidade

- Luciano Rocha

A impunidade, extensível ao país inteiro - por motivos óbvios, mais perceptíve­l na capital - continua à solta, indiferent­e ao combate, esperemos que sem tréguas, que lhe começou a ser movido, com resultados já visíveis.

Mas, nem isso, sequer os avisos de vários sectores e do próprio Chefe de Estado, parece abalar o sentimento de impunidade, que se apegou, como lapa, a gente de vários sectores. Nem é preciso entrar em serviços e gabinetes. A rua mostra-nos o descaramen­to dessa praga que conta com incitament­os, até de quem tem a obrigação de lhe travar a caminhada criminosa.

Basta dar uma volta a pé por Luanda, independen­temente do itinerário, para confirmar a presença desse desrespeit­o por tudo e todos. Aos mais incautos alerto que a tarefa não é fácil. Por muito pacientes que sejam. É que vários passeios servem para tudo, menos para os transeunte­s. Além de buracos, lixo, pedregulho­s, riachos de águas putrefacta­s, transforma­ram-se muitos deles em “lojas de câmbio”, quitandas de vender tudo, inclusivam­ente comida aquecida pelo sol, “temperada” com moscas e poeira. A saída para este caos é nenhuma. As passadeira­s, quando as há, estão ocupadas por carros particular­es e de empresas, táxis colectivos e agora também mototaxist­as. Polícias passam por isto tudo a fazer “vista grossa”. Com frequência em amena conversa com os infractore­s.

À mesma hora, em que estes “agentes da autoridade” estão neste “sossego de vida”, forma de incitament­o à impunidade, há provavelme­nte polícias dignos deste nome a impedir assaltos, deter violadores, tentar fazer de Luanda uma cidade mais insegura.

A luta contra a impunidade é difícil. E precisa de mais empenho para poder ser ganha.

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