Incentivos à impunidade
A impunidade, extensível ao país inteiro - por motivos óbvios, mais perceptível na capital - continua à solta, indiferente ao combate, esperemos que sem tréguas, que lhe começou a ser movido, com resultados já visíveis.
Mas, nem isso, sequer os avisos de vários sectores e do próprio Chefe de Estado, parece abalar o sentimento de impunidade, que se apegou, como lapa, a gente de vários sectores. Nem é preciso entrar em serviços e gabinetes. A rua mostra-nos o descaramento dessa praga que conta com incitamentos, até de quem tem a obrigação de lhe travar a caminhada criminosa.
Basta dar uma volta a pé por Luanda, independentemente do itinerário, para confirmar a presença desse desrespeito por tudo e todos. Aos mais incautos alerto que a tarefa não é fácil. Por muito pacientes que sejam. É que vários passeios servem para tudo, menos para os transeuntes. Além de buracos, lixo, pedregulhos, riachos de águas putrefactas, transformaram-se muitos deles em “lojas de câmbio”, quitandas de vender tudo, inclusivamente comida aquecida pelo sol, “temperada” com moscas e poeira. A saída para este caos é nenhuma. As passadeiras, quando as há, estão ocupadas por carros particulares e de empresas, táxis colectivos e agora também mototaxistas. Polícias passam por isto tudo a fazer “vista grossa”. Com frequência em amena conversa com os infractores.
À mesma hora, em que estes “agentes da autoridade” estão neste “sossego de vida”, forma de incitamento à impunidade, há provavelmente polícias dignos deste nome a impedir assaltos, deter violadores, tentar fazer de Luanda uma cidade mais insegura.
A luta contra a impunidade é difícil. E precisa de mais empenho para poder ser ganha.