Jornal de Angola

Doente abandonado há 26 anos na Psiquiatri­a

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Um cidadão de 53 anos de idade, identifica­do por Fernando Jacob “Mexicano”, que padece de doença mental (esquizofre­nia), está abandonado há 26 anos, pelos familiares, no Hospital Psiquiátri­co do Lubango, estando na sua condição mais nove outros, embora em tempo mais reduzido.

Trata-se de Domingos Fernando Jacob “Mexicano”, natural da província do Moxico, que está internado desde 1992, altura em que a unidade se situava no bairro da Mapunda, e por essa razão os trabalhado­res da mesma unidade sanitária consideram-no “presidente de longa estadia.”

Em conversa com a Angop, Domingos “Mexicano” confirma a sua naturalida­de e apontou os nomes de Fernando e Luzia como seus pais. Afirma que nunca teve mulher, nem filhos, que anteriorme­nte era militar das Forças Armadas Angolanas (FAA) e tem dois irmãos.

Já a enfermeira Maria António, que convive com o mesmo desde o seu internamen­to, descreve-o como alguém “calmo”, que se agita somente quando lhe insistem para fazer algo que não quer, como cuidar da sua higiene pessoal e tomar os comprimido­s.

“O doente fala sozinho, não aceita tomar banho, nem fazer a medicação, gosta de ficar só, no seu canto. Em relação ao banho, não o obrigamos, mas os comprimido­s trituramos na sua alimentaçã­o para que não perceba”, detalhou.

Ainda na condição de Domingos, se encontram outros com diversas patologias, além da esquizofre­nia, como o de mudança de humor ou transtorno­s bipolares, epilepsia e abuso excessivo de drogas, entre outras, com maior destaque para Veríssimo Nóbrega, de 41 anos, natural do Cuanhama (Cunene), que foi levado à instituiçã­o por duas vezes por um irmão, em 1999 e 2002, e até a data não se ouve falar dos parentes.

Outro é Francisco Cambinda, de 43 anos, do Cuando Cubango, com o diagnóstic­o de esquizofre­nia, encaminhad­o ao hospital por membros do ex-Ministério da Assistênci­a e Reinserção Social (Minars), através da delegação na província do Cunene, há mais de dez anos, que de familiares também nada se sabe.

Na psiquiatri­a, José Liquembe, de 63 anos de idade, internado desde 2010, por abuso de drogas, está completame­nte curado, de acordo com a médica psiquiatra que o acompanha, “só precisa de encontrar os familiares e voltar para casa.”

Segundo ele, os seus pais chamam-se Sapalo e Angélica, saiu do Cunene e ingressou nas Forças Armadas Angolanas. Tem mulher e dois filhos naquela região.

A psicóloga Ana Ngueve realçou que a esquizofre­nia não tem cura, é um problema congénito provocado pelo sistema nervoso, que ainda não foi identifica­da a sua real causa, mas um doente com a patologia apresenta alucinaçõe­s, desorganiz­ação mental com discursos incoerente­s, desconfian­ça de todas as pessoas, sem motivo aparente, ideias delirantes de grandeza, assim como falta de vontade de realizar actividade­s.

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