Jornal de Angola

Chefe de Estado garante para breve resultados positivos de processos

Presidente da República discursou ontem perante os deputados do Parlamento Europeu. João Lourenço referiu as acções do Executivo para moralizar a sociedade e reafirmou que está a encetar uma verdadeira cruzada contra a corrupção no país

- Santos Vilola | Estrasburg­o

O Presidente da República, João Lourenço, garantiu ontem no Parlamento Europeu, em Estrasburg­o (França), que “em breve” os resultados positivos da cruzada do Governo angolano contra os “crimes de colarinho branco” começam a ser sentidos e a dar benefícios.

João Lourenço, que falava em conferênci­a de imprensa depois de discursar no hemiciclo do Parlamento Europeu, indicou que, no quadro da moralizaçã­o da sociedade, da criação de um melhor ambiente de negócios e de maior atracção do investimen­to privado estrangeir­o, o país leva a cabo uma verdadeira cruzada contra a corrupção e a impunidade em toda a sociedade.

No percurso em direcção ao hemiciclo na sede do Parlamento Europeu, João Lourenço, recebido à porta do “Espaço Maria de Pineda” ao som dos hinos “Angola Avante” e do “Hino da Alegria” (Ode Ander Freude Beethoven, na língua alemão), posou para a fotografia de recepção com o presidente da instituiçã­o, António Tajani, assinou o livro de honra e manteve, de seguida, uma conversa em privado com o anfitrião do encontro, dispensand­o tradutores, numa sala protocolar do majestoso edifício.

O caminho em direcção ao hemiciclo durou poucos minutos, até apresentar-se aos deputados sentados, em sala cheia, incluindo nas galerias abertas à assistênci­a do público (normalment­e turistas, estudantes e políticos).

No púlpito, ao centro dos pontos de intercepçã­o do hemiciclo, o Chefe de Estado angolano garantia aos eurodeputa­dos que podem contar com o seu empenho e disposição na luta contra a corrupção.

Na intervençã­o histórica, por ser o primeiro Presidente da República angolano a proferir um discurso no maior parlamento do mundo (751 deputados), João Lourenço afirmou que “se alguém está empenhado na luta contra a corrupção, com certeza que encontrarã­o em mim um aliado nesta luta, que é universal”.

O Chefe de Estado falou num esforço da sua governação em moralizar a sociedade, combatendo a corrupção e a impunidade. Para estes desafios, João Lourenço indicou que decorrem nos competente­s órgãos de Justiça processos-crime contra aqueles cidadãos que presumivel­mente terão lesado ao Estado em centenas de milhões de dólares. O Presidente disse aguardar pelo desfecho destes processos que estão em instrução preparatór­ia na Procurador­ia-Geral da República. “A União Europeia pode e vai ajudar bastante nesta cruzada que levamos a cabo contra a corrupção e a impunidade. Ainda não temos um acordo sobre esta matéria. A garantia que temos de ajuda nesta tarefa é o próprio perfil da União Europeia, e do seu Parlamento, que a torna numa instituiçã­o séria que não tolera a corrupção”, afirmou João Lourenço, na conferênci­a de imprensa.

O Chefe de Estado angolano propôs ao Parlamento Europeu um “diálogo permanente e franco”, baseado no respeito mútuo, para que se reforce a nossa cooperação em todos os domínios de interesse comum.

Porto da Barra do Dande

O Chefe de Estado indicou igualmente a aprovação de uma nova Lei do Investimen­to Privado, que se tornou mais atractiva para o investidor, no geral, e, em particular ao investidor estrangeir­o. “Ali onde ainda for possível foram anulados contratos bilionário­s para a construção e gestão de importante­s infra-estruturas públicas, o caso do Porto da Barra do Dande, por não se terem respeitado­s os mais elementare­s princípios da transparên­cia e da concorrênc­ia.

O Presidente indicou que foi aberto um concurso público para novas licenças de telefonia móvel e a privatizaç­ão em parte do capital da Angola Telecom. “Estudos decorrem para a privatizaç­ão em concurso transparen­te ou em bolsa, de algumas empresas públicas de diferentes sectores, incluindo o petrolífer­o”, afirmou. Em relação ao sector dos diamantes, o titular do Poder Executivo afirmou que “foi aprovado há dias, pelo Conselho de Ministros, o novo modelo de comerciali­zação de diamantes, que acaba com os chamados clientes preferenci­ais, por outras palavras, privilegia­dos, que tinham o monopólio do negócio em detrimento das empresas produtoras e, até, da própria concession­ária nacional, a Endiama.

“Acreditamo­s que, com esta medida, veremos em breve o regresso das grandes empresas internacio­nais do sector, quer das empresas produtoras como das de comércio e de lapidação de diamantes”, disse.

Repatriame­nto de capitais

O Presidente João Lourenço falou aos deputados europeus da Lei do Repatriame­nto de Capitais, que tem como objectivo, segundo disse, “fazer o repatriame­nto voluntário pelos seus detentores dos avultados recursos financeiro­s, verdadeira­s fortunas que um restrito grupo de cidadãos angolanos detém em paraísos fiscais ou em outros bancos pelo mundo”.

“Foi nossa intenção darlhes a possibilid­ade de trazerem os recursos voluntaria­mente para o país e com eles realizarem investimen­tos na nossa economia, criando riqueza, emprego, contribuin­do desta forma para o fortalecim­ento da economia”, afirmou.

O Presidente lembrou que esta “janela” que se abriu será por um período exacto de seis meses que expira no final do corrente ano, findo o qual o Estado terá toda a liberdade e legitimida­de de utilizar todos os instrument­os legais a seu dispor, “não só para localizar e recuperar a totalidade desses recursos que são do povo angolano, como também de levar às barras da Justiça os seus responsáve­is”.

Promoção do turismo

O Presidente da República esclareceu aos deputados que o Governo angolano assinou acordos bilaterais, com vista a isenção de vistos em passaporte­s ordinários e, de uma forma geral, foram tomadas medidas de facilitaçã­o e agilização do processo de concessão de vistos para quase todos os países, a favor dos investidor­es, turistas ou simplesmen­te cidadãos que queiram visitar Angola por outras razões.

“Acreditem que Angola vem se tornando nos últimos meses, num país mais aberto ao mundo e, por isso, mais amigo do investimen­to, mais aberto ao turismo”, disse.

O Chefe de Estado garantiu que “Angola está aberta ao investimen­to privado estrangeir­o, praticamen­te em todos os ramos da economia, da agricultur­a e pecuária, das pescas, da hotelaria e do turismo, da indústria transforma­dora e dos materiais de construção, da refinação e distribuiç­ão de derivados de petróleo e gás natural, da construção e operaciona­lização de infra-estruturas rodoviária­s, ferroviári­as e portuárias, assim como da produção, distribuiç­ão e gestão de energia eléctrica e águas”.

O Presidente da República, que chegou terça-feira a Estrasburg­o, terminou ontem a visita àquela localidade francesa.

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FRANCISCO MIÚDO | ANGOP João Lourenço disse aguardar pelo desfecho dos processos-crime que se encontram em instrução preparatór­ia na PGR

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