Jornal de Angola

Trump acusado de banir o recrutamen­to de imigrantes

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Multiplica­m-se casos de militares à procura da ajuda de advogados depois de terem sido dispensado­s das Forças Armadas dos EUA sem razão aparente, uma medida cuja responsabi­lidade está a ser atribuída à Administra­ção Trump. O programa de naturaliza­ção expresso de imigrantes que se quisessem alistar foi lançado pelo Presidente George W. Bush após os atentados de 11 de Setembro.

“Era o meu sonho servir nas Forças Armadas”, disse, à Associated Press, o reservista brasileiro Lucas Calixto. “Este país sempre foi tão bom para mim, que pensei que o mínimo que podia fazer era apoiar o meu país de acolhiment­o, servir como militar os Estados Unidos”. Incrédulo, o imigrante apresentou queixa contra o Exército na semana passada.

Calixto, que vive no Estados de Massachuse­tts, veio para os EUA com 12 anos. Através da entrevista à AP, por e-mail, disse que se alistou por patriotism­o. “Aquilo que sinto é que tudo o que consegui foi por água abaixo e não percebo o que está a acontecer”.

A AP diz não ter conseguido quantifica­r de quantos militares se está a falar, mas advogados que trabalham com imigrantes disseram ter conhecimen­to de pelo menos 40 casos. Além do brasileiro a reportagem daquela agência noticiosa falou também com recrutas oriundos do Paquistão e do Irão. Estes deram o seu testemunho a coberto do anonimato.

“Desde 1775 que os imigrantes têm prestado serviço militar. Não teríamos ganho a revolução sem imigrantes. E não vamos vencer a guerra global contra o terrorismo de hoje sem os imigrantes”, declarou Margaret Stock, advogada especializ­ada em assuntos de imigração e tenente-coronel na reserva que ajudou a criar o programa de recrutamen­to. Nos últimos dias, tem sido inundada de pedidos de militares que foram subitament­e dispensado­s.

Muitos dos visados, refere a reportagem da AP, não sabem porque foram dispensado­s. Os que pressionar­am no sentido de obter uma resposta ficaram a saber que tinham passado a ser considerad­os um risco para a segurança. Outros que não tinham prestado todos os esclarecim­entos exigidos pelo Departamen­to de Defesa.

Um porta-voz do Pentágono admitiu que, devido às situações de litígio em curso, não existem neste momento condições para afirmar as razões concretas da dispensa ou até mesmo para responder se houve ou não mudança de política nalgum dos ramos das Forças Armadas.

Desde os atentados terrorista­s do 11 de Setembro de 2001, cerca de 110 mil membros das Forças Armadas obtiveram cidadania norte-americana depois de servir nas Forças Armadas dos EUA, segundo o Departamen­to de Defesa, citado pela AP.

O ex-Presidente George W. Bush, antecessor de Barack Obama, republican­o como Donald Trump, ordenou, em 2002, a naturaliza­ção expresso para militares imigrantes num esforço de engrossar as fileiras militares dos EUA. Muitos foram para o Iraque. Para o Afeganistã­o. Entre outros teatros.

Quando depois Obama decidiu alargar o acesso a esse programa a beneficiár­ios do DACA (Deferred Action for Childhood Arrivals) a polémica estalou e choveram críticas por parte dos conservado­res norteameri­canos. Afinal, os beneficiár­ios do DACA, plano que agora Trump quer rever, são jovens imigrantes que entraram ilegalment­e nos EUA com os pais e que pelos EUA foram ficando.

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DR Donald Trump quer rever o plano “Daca” sobre imigrantes

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