Café pode render dois mil milhões por ano
O Fundo de Desenvolvimento do Café de Angola estima que o potencial da produção de café na formação do Produto Interno Bruto (PIB) angolano é de dois mil milhões de dólares (cerca de 501 mil milhões de kwanzas) por ano.
As projecções foram apresentadas pela presidente do conselho de administração do Fundo de Desenvolvimento do Café de Angola no First Friday Club - um encontro mensal de debates promovido pela Câmara de Comércio Estados Unidos Angola (USACC) -, onde afirmou que o café passa por um bom momento no mercado internacional.
Sara Bravo, que falou sobre o tema as “Oportunidades e medidas de relançamento do sector do café”, notou que está em curso uma evolução positiva do preço do café, que esteve sempre acima do do petróleo ao longo dos últimos 30 anos.
No ano passado, o preço médio da saca de café (60 quilos) atingiu 157 dólares, acima do preço do barril de petróleo (52,42 dólares, segundo a OPEP) naquele ano, além de que se assiste, nos últimos anos, um aumento do consumo no mercado mundial.
“Se Angola apostar no relançamento, a produção de café pode contribuir com dois mil milhões de dólares por ano”, indicou.
O sector, que envolve 25 mil famílias, passa a empregar 250 mil caso o cultivo do café seja relançado, indicou Sara Bravo, que enumerou o emprego, aumento dos rendimentos nas comunidades, diminuição da pobreza e elevação do desenvolvimento social e económico do país como vantagens da recuperação dos índices de produção de café.
O secretário de Estado dos Recursos Florestais anunciou sexta-feira, no Uíge, estarem disponíveis financiamentos internos e externos para o relançamento da produção e comercialização do café em Angola.
André Moda fez tal pronunciamento na abertura da campanha de colheita de café no Uíge, no município do Bungo, para o que exortou ao engajamento dos cafeicultores na sua produção.
Para se habilitarem ao financiamento, os produtores devem organizar-se e inscreverem-se nas instituições vocacionadas para conceder empréstimos, indicou, garantindo que “os dinheiros já estão aí disponíveis”.
Os financiamentos “devem ser aplicados apenas na produção de café e não na compra de carros ou casas”, observou o secretário de Estado que também elogiou a persistência dos fazendeiros do Uíge na produção do grão.
André Moda revelou que as autoridades estão a receber várias propostas de investidores estrangeiros que querem intervir na produção de café, o que considerou ser “um prenúncio do retorno em grande” da cultura do grão em Angola e ser estimulado pelos incentivos institucionais ao sector.
A administradora do Bungo manifestou satisfação por nenhuma fazenda de café do município ter substituído o cultivo por outros produtos agrícolas, como na maioria das regiões cafeícolas do país. Rosa Pedro Afonso chamou a atenção para a ausência de técnicos do sector do café no município, algo que disse dificultar a obtenção de dados estatísticos da produção local e defendeu a uniformidade dos preços da venda, que são quase sempre impostos pelos compradores, em prejuízo dos vendedores.
A Administração Municipal do Bungo, anunciou, está a trabalhar para construir um mercado do café, com o propósito de regular os preços. O director provincial da Agricultura, Eduardo Gomes, disse haver uma forte tendência do crescimento da produção do café na região. O retorno da produção das culturas abandonadas, como o cacau, fibras e palmar está a ser estudado.
O Banco Angolano de Investimento (BAI) tem estado a apoiar o sector agrícola, incluindo o sector do café, um plano activo principalmente no Cuanza-Sul, segundo o director de Pequenas e Médias Empresas da instituição, Jorge Lutuima.