Na frente da luta contra a invasão racista sul-africana
Rui Ramos Humberto Almeida Manuel Lourenço, Tó Lourenço para os amigos, nasceu em 1958 na cidade do Lobito, no bairro do Liro, nas imediações da Igreja Católica, é filho de Manuel Lourenço e de Maria Isabel Rodrigues de Almeida.
O ensino primário foi feito na Escola hoje chamada Dr. António Agostinho Neto, tendo em seguida frequentado a Escola do I nível D. Afonso Henriques e depois a Escola Comercial e Industrial Gago Coutinho e Sacadura Cabral.
Com apenas 14 anos, inicia, em 1972, o seu apoio à luta de libertação nacional e ao MPLA, em parte fruto do envolvimento dos primos e irmão que, na clandestinidade, já faziam trabalhos para o Comité Kwati no Lobito, com células distribuídas pelos bairros, liderados por Mário Guerra ‘Benúdia’ e pelo comandante Ingo, que nessa altura se encontrava no Lobito.
Humberto Lourenço tem uma participação activa na luta pela conquista da Independência Nacional nos confrontos do Lobito em 1975, com alguns companheiros vindos do Maquis, como Vergas, Astronomia, Sincero, Condições de Guerra, Revolução e Madaleno e fica integrado na frente Lobito-Balombo que tinha como objectivo conquistar o Huambo.
“Éramos muito jovens, saídos do CIR de Benguela sem quase nenhuma experiência de combate e fomos baptizados em Catengue para ajudar a travar o avanço da coluna dos sul-africanos, do ELP (Exército de Libertação de Portugal), FNLA e UNITA, a partir do sul de Angola”, recorda Muxima ya Hoji, nome de guerra de Humberto Lourenço.
No eixo Lobito-Lomduimbale, Humberto Lourenço realça o combate nas imediações do Soke e lembra os comandantes Roberto “Cubano”, Libata e o comissário político Raúl, todos já falecidos. “Foi um combate de muitas horas para o qual a UNITA vinha com jornalistas estrangeiros.” E Humberto Lourenço prossegue: “Depois da tomada do Balombo, dirigimo-nos para o Londuimbale, com êxito. Só sentimos a presença dos sul-africanos à saída do Londuimbale perto do Morro das Mamas, caímos numa emboscada dos panhards AML 90 e AML 60 que contavam com o apoio de uma avioneta de reconhecimento que depois foi alvejada pelo nosso atirador de mona caxito.”
No ano seguinte, está presente na retomada das cidades do Huambo e de Benguela a 8 e 10 de Fevereiro e frequenta o curso de Técnicas de Reconhecimento.
Em 1977, Humberto Lourenço faz um curso militar na Escola de Especialistas Menores Zembo Faty, da qual Domingos Hungo (CKS) era comandante. Depois, participa na operação Tigre no Bié.
Humberto Lourenço volta a frequentar um curso de Armadilhas e Minas em 1978 e torna-se membro da Comissão Dinamizadora das Estruturas do MPLA no Centro, Sul e Leste e integra a Comissão de Propaganda e Contra-propaganda chefiada por Zeferino Estêvão Juliana.
Em Outubro de 1979, deixa o Cunene e o Cuando Cubango, onde acompanhou as unidades militares no Cuvelai, Cayundo e Cuito Cuanavale e regressa a Benguela onde integra o primeiro Secretariado Municipal da JMPLA como secretário de Educação Política e Patriótica.
De 1979 a 1983, Humberto Lourenço dá aulas numa turma da quarta classe na Escola Primária Pioneiro Pirata no cumprimento de uma orientação de que quem tivesse habilitações devia dar aulas às classes inferiores. O seu voluntariado estende-se ao II nível, na Escola Comandante Valódia, nas disciplinas de Ciências da Natureza e Educação Visual e Plástica.
Humberto Lourenço decide, em 1991, fazer uma mudança na sua vida profissional e vai trabalhar para a Catholic Relief Services, uma ONG americana ligadà à Igreja Católica nos Estados Unidos, como contabilista sénior e chefe de Finanças do Programa de Angola, até 2009.
De 1979 a 1983, Humberto Lourenço dá aulas aos alunos da quarta classe na Escola Primária Pioneiro Pirata no cumprimento da orientação de que quem tivesse habilitações devia dar aulas às classes inferiores
Em 2011, é assessor do coordenador da Comissão de Gestão das Empresas de Águas e Saneamento do Lobito e Benguela para a área de Administração e Finanças, mais tarde, e até hoje é assessor do PCA.
Humberto Lourenço é uma referência no Lobito, um kota ouvido atentamente pelos mais novos.
O seu pensamento vem de uma experiência de vida muito rica da qual sobressai a luta contra o invasor racista sul-africano e seus aliados internos nos meses anteriores à nossa Independência Nacional.
“O nosso país após a conquista da paz estava a caminhar bem e a atingir os níveis de desenvolvimento que nós desejávamos. Era o rumo certo. De repente e devido à apetência de empresários criados “adhoc”, começou a degradação das condições, dos valores morais e civicos, a desestruturação das famílias e o seu empobrecimento”, diz Humberto Lourenço, que não fecha as portas da esperança: “Hoje, vejo uma luz no fundo do túnel e o renascer de uma esperança para todos, onde ninguém está acima da lei e a justiça seja igual para todos e as oportunidades de desenvolvimento sejam iguais para todos.”