Costa vem em Setembro
Manuel Augusto espera que a visita de António Costa esteja “à altura das relações”. Homólogo português afirma que a vinda a Luanda tem uma “forte componente económica”. Rebelo de Sousa realçou papel de Angola nas relações entre a Europa e a África
O ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, assegurou ontem, em Lisboa, que o primeiroministro português, António Costa, visita Angola até final de Setembro. Angola quer que seja uma visita à altura das relações entre os dois países e não apenas uma visita de trabalho.
O Primeiro-Ministro português, António Costa, visita Angola até final de Setembro, confirmou segundafeira, em Lisboa, o ministro luso dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, citado pela Lusa. De acordo com aquela agência, o chefe da diplomacia portuguesa anunciou que “a visita (de António Costa) tem uma forte componente económica”, assegurando que a mesma vai decorrer até final de Setembro. “O objectivo é que a visita se realize ainda este Verão. Quanto à data específica, é uma questão prática que será comunicada logo que estiver estabelecida”, assinalou Augusto Santos Silva no decurso de uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo angolano Manuel Augusto. “Antes do Chefe do Estado de Angola e do chefe do Governo português partirem para a Assembleia-Geral das Nações Unidas, no próximo mês de Setembro, certamente que é realizada a visita do primeiro-ministro de Portugal a Angola”, precisou o ministro português. O ministro angolano das Relações Exteriores, Manuel Augusto, também confirmou a visita a Angola do PrimeiroMinistro português ainda para este ano. Manuel Augusto, que participou ontem no Fórum EuroÁfrica, não avançou datas, mas afirmou que o calendário de visitas do Primeiro-Ministro português ainda não está fechado. De o chefe da diplomacia angolano, a visita de António Costa deve ser “muito brevemente”, tendo garantido que o Executivo angolano deseja reforçar e aprofundar a relação com Portugal. “Queremos que seja uma visita à altura das nossas relações e não apenas uma visita de trabalho.”
No dia 4 deste mês, o Presidente da República, João Lourenço, reafirmou em França que antes da sua deslocação a Portugal, deverá receber o primeiro-ministro português em Angola, ainda este ano.
“As visitas a este nível têm de ser preparadas com uma certa antecedência. Nós acordámos com as autoridades portuguesas que antes da minha deslocação a Portugal recebo o primeiro-ministro português em Angola”, declarou à imprensa o estadista angolano, depois de ter discursado em sessão solene do Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
Passos seguros
O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu ontem que devem ser dados “passos que sejam seguros” nas relações com Angola porque “a expectativa é altíssima” por parte de empresários e trabalhadores nos dois países.
Em declarações aos jornalistas, à saída do Fórum Euro África, iniciativa organizada pelo Conselho da Diáspora Portuguesa, no Centro de Congressos do Estoril, Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se às relações entre Portugal e Angola considerando que “a realidade é promissora”. O Chefe de Estado português considerou que o papel de Angola nas relações entre a Europa e África “só pode ser o melhor, porque as perspectivas são, à partida, tão boas, em termos económicos e financeiros e sociais e políticos”.
Depois, Marcelo Rebelo de Sousa centrou-se no plano bilateral, declarando: “Agora é preciso que os passos que sejam dados sejam todos seguros, porque a expectativa é altíssima. Porque as pessoas esperaram e, portanto, os empresários têm expectativa, os trabalhadores têm expectativa, os estudantes têm expectativa”. “As comunidades que estão num país e noutro têm expectativa. Há que, no fundo, trabalhar de forma segura para que essas expectativas sejam realizadas”, reforçou.
Questionado se não teme novos “irritantes” nas relações bilaterais, numa alusão ao processo que envolve o ex-Vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, entretanto transferido da justiça portuguesa para a angolana, o Chefe de Estado português retorquiu: “Como tudo na vida, quando corre bem, pode sempre dizer-se ‘mas será que não pode correr pior’?”. “Neste momento, a realidade é promissora”, acrescentou, dirigindo-se para o carro.
Apoio de Angola
O apoio de Angola às candidaturas apresentadas por Portugal em diversos organismos internacionais, incluindo a recente designação de António Vitorino para director-geral da Organização Internacional das Migrações (OIM), foi sublinhado pelo chefe da diplomacia portuguesa, que também se congratulou com o “relacionamento bilateral intenso” entre Lisboa e Luanda.
“O programa estratégico de cooperação está a ser preparado e está praticamente concluída a sua negociação do ponto de vista técnico, e antevemos que possa ser assinado na próxima visita do primeiro-ministro de Portugal a Angola. Decidimos implementar a comissão bilateral permanente, prevendo para 2019 a primeira reunião entre os dois países”, revelou Augusto Santos Silva.
A importância da “componente económica” da anunciada visita de António Costa também foi assinalada por Augusto Santos Silva, que recordou o relacionamento “muito intenso” entre os dois países, a intensificação das trocas comerciais em 2017, e o lugar de Angola como segundo parceiro comercial de Portugal fora da União Europeia.
Para além das conversações bilaterais que manteve com o seu homólogo português, Manuel Augusto reuniu-se previamente com António Costa e o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, e ontem participou no Fórum EuroÁfrica.
Visita do Primeiro-Ministro de Portugal a Angola é realizada antes de João Lourenço e António Costa partirem para a Assembleia-Geral das Nações Unidas
A vertente económica foi um dos aspectos sublinhados na intervenção de Manuel Augusto, num momento em que Angola iniciou uma nova abordagem no campo da diplomacia económica, como sugeriu.
“A abertura de Angola ao mundo não é consequência de qualquer irritante com Portugal. Angola sempre foi um país aberto, virado para o mundo. Talvez estejamos a assistir a um novo estilo de fazer política, um novo estilo de reforçar as relações”, frisou Manuel, para acrescentar que uma das prioridades do Presidente João Lourenço é a recuperação da credibilidade do país no mercado internacional.