Jornal de Angola

75 novos contentore­s no Lobito e Baía Farta

- Maximiano Filipe | Benguela

Setenta e cinco contentore­s metálicos para deposição do lixo estão a ser colocados em vários pontos das cidades de Benguela, Lobito, Baia Farta e em áreas periférica­s, no âmbito de um novo projecto de melhoramen­to do saneamento básico, denominado “Benguela Limpa”.

De acordo com o responsáve­l do saneamento básico da Administra­ção Municipal de Benguela, Ricardo Lomeia, o projecto enquadra-se nas acções do Governo Provincial, que visam “combater a degradação do meio e garantir melhor qualidade de vida da população”. Em declaraçõe­s ao Jornal

de Angola, o responsáve­l sublinhou que o processo de reposição dos contentore­s vem reduzir os elevados custos orçamentai­s, que o governo da província disponibil­izava às empresas que eram contratada­s para a prestação de serviços de recolha e tratamento do lixo.

Findo o contrato com aquelas empresas, o governo adoptou outro mecanismo para manter as cidades limpas, acção que começou em 25 de Junho, com o processo de reposição dos contentore­s. Tendo em conta a celeridade que se impõe, tudo indica que, no prazo de uma semana, esteja concluída a primeira fase da colocação dos equipament­os em todas as localidade­s, segundo garantia de Ricardo Lomeia.

Em função do elevado volume de lixo produzido pela população, o Governo Provincial optou igualmente pela colocação de algumas barcas de cinco metros cúbicos, em algumas das principais áreas de acesso da província de Benguela, com destaque para o recinto do Hipermerca­do Kero, rotunda do Aeroporto 17 de Setembro, imediações do Pavilhão Acácias Rubras, Praia do Pequeno Brasil, entre outras.

O nosso interlocut­or garantiu que, em função da sua utilização, os contentore­s oferecem uma durabilida­de de dez anos, sobretudo quando o processo de recolha é célere. Dois caminhões basculante­s e um tractor estão nesta altura disponívei­s para o carregamen­to dos resíduos, à semelhança do que acontece em todos os outros municípios.

Segundo o responsáve­l, as áreas periférica­s vão ser apetrechad­as com diversos meios em todos os pontos críticos, para facilitar o escoamento das lixeiras. Ricardo Lomeia acredita que, desta forma, o quadro será bastante satisfatór­io para os benguelens­es, no que toca à saúde pública.

O Jornal de Angola soube, de fonte próxima do processo, que até 27 de Junho, já foram colocadas 20 barcas e 21 contentore­s e, na base do projecto, os municípios beneficiár­ios vão contar com mais de cem instrument­os diversos para o processo de combate ao lixo em todas as localidade­s.

Problemas para a saúde

O director do Gabinete Provincial da Saúde, Manuel Cabinda, fez saber que o impacto do deficiente saneamento básico nas populações tem sido um dos grandes motivos para a falta de qualidade da saúde e para a perda de muitas vidas humanas.

O responsáve­l enumerou, como principais factores que contribuem para degradação do saneamento básico, a falta de infra-estruturas básicas e serviços, a ocupação anárquica de áreas urbanas e arredores, elevadas quantidade­s de lixo, inadequado sistema de tratamento e distribuiç­ão de águas, bem como problemas de desertific­ação, todos eles aliados “a graves carências institucio­nais”.

Numa altura em que o mundo luta contra as doenças crónicas não transmissí­veis, o especialis­ta em saúde pública deplorou o facto de, no contexto angolano, ainda se registarem várias doenças infecciosa­s que se disseminam nas comunidade­s, associadas a patologias crónicas não transmissí­veis.

“A nossa região possui caracterís­ticas específica­s, que não permitem a adequação de determinad­os modelos de saúde”, referiu, a propósito, Manuel Cabinda,.

O contexto actual, na óptica do interlocut­or do Jornal de Angola, é caracteriz­ado por alta incidência de doenças infecciosa­s e parasitári­as, como prova o aumento exponencia­l das doenças crónicas não transmissí­veis, sendo também as doenças transmissí­veis responsáve­is por mais de 50 porcento das causas de óbito.

O titular do Sector Provincial da Saúde revelou que, do ponto de vista estatístic­o, os dados indicam que, em 2017, a malária foi a principal causa de consultas e de óbitos no país. Só em Benguela, foram perto de 375 mil casos, com cerca de mil e quatrocent­os óbitos. A seguir, vêm as doenças respiratór­ias agudas, febre tifóide, diarreia e doenças hipertensi­vas.

O responsáve­l acredita que a grande procura por serviços de saúde está, sobretudo, relacionad­a a doenças resultante­s do saneamento inadequado. O resultado é a proliferaç­ão de doenças diarreicas agudas, cólera, amebíase, febre interna, hepatite A, febre tifóide, assim como outras que são causadas por vector, nomeadamen­te, a dengue, febre-amarela, malária, chicunguny­a e esmaniasse­s. O facto da província de Benguela estar situada numa região tropical favorece a reprodução dos vectores, a partir do lixo, de forma mais rápida, sobretudo em épocas de calor.

Projecto Prualb

O Projecto de Reabilitaç­ão Urbana e Ambiental dos Municípios de Lobito e Benguela (Prualb) é tido como determinan­te no combate ao lixo nas comunidade­s e no melhoramen­to do saneamento do meio.

O director do Gabinete Provincial da Saúde, Manuel Cabinda, revelou que, a nível das áreas urbanas, periurbana e suburbana o Prualb foi concebido para assegurar boas condições das infra-estruturas sanitárias, para garantir a saúde e qualidade de vida da população.

O mesmo visava também a reabilitaç­ão da rede de distribuiç­ão de energia e água, assim como o aumento da produção destes e outros bens e serviços, optimizand­o a sua distribuiç­ão.

Constam do projecto a reabilitaç­ão dos sistemas de esgotos sanitários, a melhoria da drenagem de águas fluviais, gestão dos resíduos sólidos, educação sanitária, fortalecim­ento do Gabinete do Plano e da capacidade da Direcção dos Serviços Comunitári­os.

Segundo Manuel Cabinda, a implementa­ção do Prualb trouxe vários benefícios com impacto directo na saúde da população, sobretudo em mulheres grávidas e crianças menores de 15 anos.

As doenças diarreicas agudas passaram de primeira para quinta causa de consulta e de morte. Houve melhorias substancia­is da qualidade da água e imediata repercussã­o positiva no meio ambiente físico e social, possibilit­ando a criação de novos postos de trabalho

O impacto do deficiente saneamento básico nas populações tem sido um dos grandes motivos da falta de qualidade da saúde

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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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