Agência Fitch melhora perspectiva de Angola
A agência de notação financeira Fitch melhorou a “Perspectiva de Evolução da Economia de Angola de Negativa para Estável”, mantendo o “rating” da qualidade do crédito soberano em B, abaixo do nível de recomendação de investimento.
“A revisão da Perspectiva de Evolução da Economia de Negativa para Estável reflecte as melhorias na gestão do regime de câmbio e a adopção de uma ambiciosa agenda de reformas, que inclui ajustamentos nas vertentes monetária, orçamental e estrutural, que vão diminuir as vulnerabilidades externas e melhorar as finanças públicas”, dizem os analistas.
De acordo com o relatório completo de “rating” sobre Angola, a que a Lusa teve acesso, a Fitch mantém Angola no “lixo”, ou seja, abaixo do nível de recomendação de investimento, mas sobe a avaliação que faz sobre a direcção da política económica (“outlook”), o que significa que não antecipa eventos que possam fazer descer o “rating” do país.
Entre as principais razões para a melhoria da avaliação do andamento da economia, a agência aponta os ajustamentos externos em curso, nomeadamente o fim da taxa de câmbio fixa, a melhoria do crescimento económico, ainda que limitado, e a retoma da consolidação orçamental, salientando que o sector bancário continua a ser uma fraqueza e que os factores estruturais do país são um constrangimento para a avaliação da qualidade do crédito.
“Os ‘ratings’ de Angola estão constrangidos pela fraqueza estrutural, principalmente pelo fraco desempenho nos indicadores de desenvolvimento humanos e de governação e pelo mais alto nível de dependência de matérias-primas entre os países analisados pela Fitch”, escrevem os analistas.
A Fitch antevê ainda que o crescimento económico de Angola suba de 2,3 por cento, este ano, para 2,5 por cento em 2019 e que o défice orçamental diminua para 5,4 por cento este ano, depois de no ano passado ter chegado aos 6,8 por cento.
Os relatores dizem que “a dívida pública aumentou para 66,6 por cento do PIB (Produto Interno Bruto) no final do ano passado, quando era de 50,7 por cento no final de 2015” e antecipam que a dívida pública chegue a um pico de 67,5 por cento no final do ano e depois comece a cair em 2019, para chegar a 2020 nos 58,7 por cento do Produto Interno Bruto.
“A queda na dívida reflecte a expectativa de ajustamentos orçamentais, mas também será impulsionada pelo elevado nível da inflação”, que a Fitch antecipa chegar aos 25 por cento no conjunto deste ano. Onde a Fitch encontra mais dificuldades para a economia angolana é no sector bancário, que “continua uma fraqueza para a economia e uma fonte de implicações negativas para o crédito soberano”.
Os bancos, acrescentam os analistas, “enfrentam um ambiente operacional difícil, reflectindo ventos económicos contrários, incertezas no acesso à moeda externa e uma predominância de empréstimos do Governo”.