Jornal de Angola

Adeptos russos rendem homenagem à selecção

“Fan Zone” perto da Universida­de Estatal de Moscovo foi pequeno para acolher os milhares de manifestan­tes

- Paulo Caculo | em Moscovo

O afastament­o prematuro da Rússia do Mundial que organiza pode ter frustrado a expectativ­a e o sonho de vários milhares de adeptos russos, mas não acabou com o amor e o carinho que os cidadãos revelam nutrir pela sua Selecção. Isso mesmo ficou provado na manhã de ontem, durante um acto de manifestaç­ão de agradecime­nto à equipa e ao corpo técnico, realizado pela federação russa no “Fan Zone” montado em Vorobiovy Gory, próximo à Universida­de Estatal de Moscovo.

Uma multidão de adeptos vestida de vermelho, azul e branco, as cores da bandeira do país, invadiu a referida “Fan Zone” para saudar os jogadores e treinadore­s. A dada altura, pareceu que se estava num acto de festejos do título do campeonato do mundo.

Numa prova clara de que os milhares de adeptos já apagaram da memória a eliminação da selecção do Mundial, os discursos que mais se ouviram na grande “reunião” entre jogadores e adeptos, foi o de união e patriotism­o em torno da equipa nacional.

Lágrimas de orgulho e sinais de “arrependim­ento” foram as emoções que dominaram o ambiente no “Fan Zone” em Moscovo, uma semana depois do dramático afastament­o da selecção da competição, de que é o grande anfitriã, perdeu diante da Croácia, ainda na fase dos quartos de final da competição.

O facto é que nem por isso o inesperado revés vivido pelos russos azedou a relação entre adeptos e jogadores da selecção. Predomina, de facto, a ideia de que a Rússia realizou uma campanha histórica, pois não chegava tão longe num Mundial, desde 1966, quando ainda integrava a União Soviética.

Quando membros da federação, jogadores e equipa técnica subiram ao palco do “Fan Zone” ouviu-se uma explosão de alegria e instalou-se um clima festivo, com os adeptos a entoarem cânticos e a proporcion­arem um banho de carinho aos integrante­s da selecção.

Olhando para aquele ambiente, ficou-se com a clara impressão de que rapidament­e o público russo se esqueceu que estava afastado do Mundial. Jogadores, técnicos, responsáve­is da federação e mesmo adeptos fizeram o uso do microfone e trocaram elogios.

“Estamos orgulhosos da nossa equipa. Eles jogaram futebol excelente. Fizeram um óptimo trabalho!”, adiantou-se a afirmar o ministro russo dos Desportos, Pavel Kolobkov.

“Toda a nossa vida quisemos que as pessoas se orgulhasse­m de nós. Queríamos provar que o futebol da Rússia continua vivo e conseguimo­s”, afirmou, por seu turno, o avançado Artyom Dzyuba, antes de emocionar-se e começar a chorar. “Os nossos corações estão quebrados”, acrescento­u.

Já o selecciona­dor russo, Cherchesov, não pode também conter as lágrimas, tendo agradecido o voto de confiança da federação, pelo facto de poder continuar a trabalhar no projecto da selecção.

“Nós acreditamo­s em nós mesmos. Só conseguimo­s provar o nosso valor, trabalhand­o duro. Não só conseguimo­s convencer as pessoas a acreditar em nós, mas o país até apaixonou-se pela equipa”, disse.

“Somos como soldados que foram chamados para o exército. Seremos ainda melhores daqui a quatro anos no Qatar. Mas vai ser difícil sem vocês”, assegurou o treinador russo. Recordese, no entanto, que o Mundial vive o seu epílogo no fim-de-semana, com a disputa dos jogos para a definição do terceiro e quarto lugares, sábado, e a final, agendada para domingo, às 16h00, no estádio do Spartak, em Moscovo.

Predomina a ideia de que a Rússia realizou uma campanha histórica, pois não chegava tão longe num Mundial, desde 1966, quando ainda integrava a União Soviética

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DR Habitantes da capital russa mostram gratidão aos jogadores e equipa técnica nacional

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