Apoio à integração dos San
Depois de receber em audiência dois membros da comunidade, o Titular do Poder Executivo entregou equipamentos agrícolas aos representantes do grupo étnico que na província da Huíla é composta por mais de três mil famílias
O Presidente da República, João Lourenço, manifestou-se ontem, na cidade do Lubango, preocupado com as condições de sobrevivência da comunidade San espalhada pelas províncias do Cunene, Cuando Cubango e Huíla, tendo orientado a ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Vitória da Conceição, a prestar apoio e a criar condições necessárias para garantir a sua efectiva integração social. Antes de deixar ontem a cidade do Lubango, João Lourenço recebeu dois casais da comunidade na sede do Governo Provincial da Huíla, onde procedeu à entrega simbólica de instrumentos agrícolas e sementes para incentivar os San a praticarem a agricultura.
O Presidente da República manifestou-se ontem, na cidade do Lubango, bastante preocupado com as condições de sobrevivência da comunidade San espalhada pelas províncias da Huíla, Cuando Cubango e Cunene e orientou a ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Vitória da Conceição, no sentido de prestar apoio e criar as condições necessárias para garantir a sua reinserção social.
A preocupação do Presidente João Lourenço foi manifestada pela ministra Vitória da Conceição, no final da audiência que o Chefe de Estado concedeu a representantes da comunidade San, na sede do Governo provincial.
Depois de receber os dois membros da comunidade, que se fizeram acompanhar das esposas, o Chefe de Estado deslocou-se à parte frontal do edifício, onde procedeu à entrega simbólica de duas charruas de tracção animal, igual número de enxadas e catanas, bem como sementes (milho, feijão e massango) como forma de incentivar a prática da agricultura ao grupo étnico que sempre viveu da caça e da recolecção.
Zeferino Piriquito, um dos membros do grupo, disse que ao Presidente da República solicitaram apoios em termos de materiais agrícolas, como charruas, bois, tractores e espaços para desenvolver a agricultura e caça controlada. “Queremos apoios para trabalhar a terra como fazem as outras comunidades”, desabafou Piriquito, lembrando os bons tempos em que a comunidade de que faz parte comia carne fresca e gozava de perfeita saúde.
“A comunidade está a morrer muito porque nos habituamos a comer carne. Hoje somos vizinhos do Parque do Bicuari e não temos como caçar devido às proibições do Governo”, queixou-se Zeferino Piriquito, apontando também como causas das mortes o paludismo.
Piriquito, que reside no município de Quipungo, comuna do Hombo, bairro Mopembando, conta que no primeiro semestre deste ano o paludismo provocou muitas mortes na comunidade, por falta de assistência médica e medicamentosa adequada. Em declarações à imprensa, a ministra Vitória da Conceição prometeu empenharse no trabalho em prol das comunidades San. Anunciou a existência de um programa executivo que vai permitir uma acção imediata com vista à melhoria das condições de vida dos San. Vitória da Conceição disse que as três mil famílias San na Huíla carecem de medicamentos, materiais agrícolas e, sobretudo, reclamam condições para a sua reinserção efectiva em termos académicos.
De acordo com Vitória da Conceição, a situação de vulnerabilidade da comunidade San é derivada da sua natureza de vida nómada.
“A comunidade San tem uma natureza de vida que nem sempre permite às mesmas absorver programas sociais integrados, que contribuam para a melhoria das suas condições de vida”, afirmou a ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, salientado que o sector que dirige foi orientado para, na sequência dos esforços do governo local, apoiar a comunidade San residente em toda a região sul do país.
Membros da sociedade
Antes do Presidente da República deixar o Lubango também concedeu audiências separadas ao arcebispo emérito do Lubango, Dom Zacarias Kamuenho, e aos representantes dos Conselhos de Igrejas Cristãs em Angola (CICA) e Provincial da Juventude da Huíla, respectivamente André Muanza e Fernanda dos Santos.
Dom Zacarias Kamuenho disse à imprensa, no final do encontro, ter felicitado o Presidente da República pelo conteúdo do seu recente discurso no Parlamento Europeu. “Dissemos que foi uma oportunidade muito bem aproveitada porque, de facto, as nossas origens estão mais ligadas à Europa do que à América”, afirmou o prelado.
O Prémio Sakarov 2001 disse que, por coincidência, a maioria dos pontos defendidos pelo Chefe de Estado no Parlamento Europeu coincide com os que ele defendeu quando interveio na instituição parlamentar, durante uma conferência, na sequência da atribuição do galardão. O pastor André Muanza disse ter elogiado os primeiros meses de governação do Chefe de Estado e apresentou preocupações relacionadas com o estado degradável das estradas, as obras que começam e não terminam e a necessidade da construção de uma barragem hidroeléctrica nos Gambos para ajudar a mitigar os efeitos da seca na localidade.
André Muanza garantiu ao Presidente da República apoio da igreja ao processo autárquico, e falou da necessidade de se prestar apoio aos filhos dos antigos combatentes, para que os mesmos possam gozar dos benefícios daquilo que foi o trabalho dos pais.
“O Presidente anotou todas as preocupações e garantiu no momento exacto responder a todas as questões”, afirmou Muanza, que também disse concordar que “as coisas não podem ser feitas todas ao mesmo tempo, mas traçando prioridades”.
A representante do Conselho Provincial da Juventude da Huíla disse ter pedido ao Chefe de Estado que se minimizem alguns problemas da juventude, consubstanciados, sobretudo, na falta de emprego e habitação. “Solicitámos ao Presidente João Lourenço para orientar a revisão das políticas públicas de pagamento das casas, tendo em conta os 30 por cento que cabe a juventude”, referiu.
Presidente da República manifestou-se bastante preocupado com as condições de sobrevivência da comunidade San espalhada pela Huíla, Cuando Cubango e Cunene