Luto no Paquistão após morte de 128 pessoas
Terroristas assumem ataque contra um comício quando faltam menos de duas semanas para as eleições
O Paquistão cumpriu ontem um dia de luto após o ataque suicida de sexta-feira durante uma manifestação eleitoral no sudoeste do país, com bandeiras a meia haste, lojas fechadas e o início das cerimónias fúnebres.
Em declarações à agência noticiosa EFE, o delegado do Ministério do Interior na província do Baluchistão, onde ocorreu o ataque, afirmou que foram decretados dois dias de luto nacional pelo atentado na zona de Mastung. “O ataque contra a manifestação foi uma tentativa de sabotar o processo eleitoral, mas o Governo está totalmente comprometido em realizar as eleições”, disse Agha Umar Bangulzai.
Pelo menos, 128 pessoas morreram neste ataque, já reivindicado pelo grupo “Estado Islâmico”, registando-se ainda 122 feridos, segundo o balanço mais recente.
Agha Umar Bangulzai adiantou que começaram a realizar-se as cerimónias fúnebres, enquanto os feridos continuam a ser tratados no hospital. Já o responsável da Polícia de Mastung, Qaim Lashari, disse à EFE que todos os espaços comerciais e lojas permaneceram encerradas.
O ataque teve como alvo um comício do dirigente político Mir Siraj Raisani, que morreu.
Um suicida detonou as bombas que tinha consigo no final do evento, que decorreu num mercado de Mastung, na província do Baluchistão.
“O atacante estava sentado entre as pessoas que participaram no evento e explodiu as bombas que carregava no final do evento”, disse o porta-voz da Polícia de Mastung, Sana Ullah. Muitos dos feridos foram transferidos para vários hospitais na capital da província, Quetta, a cerca de 35 quilómetros do local onde ocorreu o ataque. Na capital, os serviços de saúde estão em “estado de emergência”, disse Muhammed Ramzan, porta-voz da Polícia provincial em Quetta.
Este ataque foi o segundo ocorrido na sexta-feira durante um comício no Paquistão, onde as eleições legislativas estão marcadas para o próximo dia 25.
Antes, uma bomba, escondida numa mota, explodiu perto de Bannu, durante a passagem da caravana de outro candidato às eleições, matando quatro pessoas e ferindo 40, anunciou a Polícia. O candidato visado, Akram Khan Durrani, representante de uma coligação de partidos religiosos (MMA), sobreviveu ao ataque.
Nawaz Sharif preso
O ex-primeiro ministro do Paquistão Nawaz Sharif e a filha Maryam foram presos ontem na cidade de Lahore, uma semana depois de terem sido condenados, respectivamente, a dez e sete anos de prisão, por corrupção.“Uma equipa do Gabinete de Responsabilidade Nacional (NAB) colocou sob custódia policial Nawaz Sharif e Maryam Sharif à sua chegada ao aeroporto de Lahore, provenientes de Abu Dabi”, disse a chefe da Polícia de Lahore, Amara Athar, à agência EFE. Por “motivos de segurança”, a fonte não informou para onde foram levados os dois detidos.
Um porta-voz da Polícia de Lahore, Mohamed Safdar, explicou à EFE que uma equipa do corpo anti-corrupção, acompanhada de elementos da Polícia e de “rangers”, levou os detidos para outro avião para serem transferidos para a capital do Paquistão, Islamabad.
Em Lahore, capital da província do Punjab, milhares de apoiantes de Nawaz Sharif e da “sua” Liga Muçulmana do Paquistão (PML-N) protestaram contra a prisão do líder, que regressava ao país quando faltam menos de duas semanas para as eleições gerais. As televisões locais mostraram alguns confrontos entre os manifestantes e as forças da segurança, mas a Polícia não deu informações sobre o número de feridos e de detidos.
Os protestos aconteceram depois de o Governo da província ter convocado dez mil polícias e proibido o PML-N de fazer manifestações.
As autoridades bloquearam várias ruas para evitar que os apoiantes de Nawaz Sharif se aproximassem do aeroporto e cortaram as comunicações móveis.
Nawaz Sharif foi afastado do cargo de primeiro-ministro em Julho de 2017 pelo Supremo Tribunal do Paquistão, na sequência de uma irregularidade detectada numa investigação que começou nos chamados “Panamá Papers”, milhões de documentos confidenciais da sociedade de advogados Mossack Fonseca, com sede no Panamá.
“Ataque em comício foi uma tentativa de sabotar o processo eleitoral, mas o Governo está comprometido em realizar as eleições”, disse o delegado do Ministério do Interior