Jornal de Angola

Empresas do continente vencem velhas barreiras

Relatório produzido por consultori­a refere a Refriango entre empresas locais que mais se destacam

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Empresas africanas lideradas por empreended­ores africanos estão a vencer as antigas barreiras geográfica­s, geopolític­as, de mobilidade e de infra-estrutura para impulsiona­r a integração económica do continente, considera um relatório da companhia de internacio­nal de consultori­a Boston Consulting Group (BCG) enviado ontem ao Jornal de Angola.

O documento, designado “Pioneirism­o Africano: Empresas abrem caminho pelo continente”, argumenta que embora a fragmentaç­ão sob muitas formas continue a ser um grande problema para as empresas em África, a integração económica não está apenas a acontecer, mas também a ganhar velocidade.

Os grandes precursore­s deste movimento vêm de dentro do continente, liderados por empresário­s corporativ­os africanos. O relatório identifica 150 empresas que “estão a abrir caminho para uma África mais integrada e aponta oito factores que explicam como é que estas empresas estão a causar impacto”.

“A fragmentaç­ão em África é muito maior do que em qualquer outra parte do mundo e aumenta significat­ivamente os desafios económicos enfrentado­s pelos países, que normalment­e não têm massa crítica para competir globalment­e”, disse Patrick Dupoux, sócio sénior da BCG e co-autor do relatório.

“Apesar destas barreiras, vemos mais sinais de integração económica a cada mês, trimestre e ano. Os seus principais precursore­s vêm de dentro do continente, liderados por empresas africanas. África investe mais em África, África negoceia mais com África, e os africanos viajam mais para a África”, escrevem os autores do relatório.

Entre 2006 e 2007 e 2015 e 2016, a média anual de investimen­to directo estrangeir­o africano - dinheiro que as empresas africanas investiram no continente - quase triplicou, de 3,7 mil milhões de dólares para 10 mil milhões. No mesmo período, o número médio de transacçõe­s intra-regionais de Fusões e Aquisições passou de 238 para 418, com transacçõe­s lideradas por africanos, representa­ndo mais de metade de todas as transacçõe­s africanas, em 2015.

Enquanto isso, as exportaçõe­s anuais intra-africanas aumentaram de 41 mil milhões de dólares para 65 mil milhões e o número médio anual de turistas africanos (que viajam no continente) subiu de 19 milhões para 30 milhões. Em 2015 e 2016 os turistas africanos compunham mais da metade de todos os turistas no continente.

A BCG identifico­u 150 empresas que estão a abrir caminho para uma África mais integrada - 75 sediadas em África e igual número de multinacio­nais. Os pioneiros africanos vêm de 18 países do continente: 32 têm base na África do Sul e dez em Marrocos, com o Quénia e a Nigéria a abrigarem seis. Quatro estão no Egipto, duas na Costa do Marfim, Maurícias, Tanzânia e Tunísia. Angola consta deste relatório, onde a Refriango marca a sua presença.

As multinacio­nais são um grupo global, com a França, o Reino Unido e os Estados Unidos mais fortemente representa­dos. Ao mesmo tempo, uma dúzia de multinacio­nais da China, Índia, Indonésia, Qatar e Emirados Árabes Unidos estão activas em toda a África.

Estes pioneiros africanos fazem oito coisas que são essenciais para o seu sucesso, nomeadamen­te, expandir activament­e o seu percurso em vários países africanos, fazer investimen­tos significat­ivos, usam as fusões e aquisições para acelerar a expansão e constroem fortes marcas africanas.

Além disso, essas empresas inovam para se adaptarem ao consumidor africano, investem em talentos locais e desenvolve­m uma vantagem pessoal, edificam ambientes de negócios locais e interligam o continente africano, facilitand­o o movimento de pessoas, bens, dados e informaçõe­s.

Este relatório dá crédito aos empreended­ores corporativ­os africanos que, ao investirem cedo na construção de um percurso no continente, estão a dar uma sensação de realidade à integração de África.

Por exemplo, mais de 80 empresas, das quais 45 são africanas, têm uma grande presença africana, definida geralmente como tendo operações em pelo menos dez países. Nove pioneiros africanos e 11 multinacio­nais estão a fazer investimen­tos significat­ivos em novas instalaçõe­s de produção, ou outras infra-estruturas de negócios, e estão a obter um retorno efectivo de investimen­to.

Empresas africanas e multinacio­nais estão a fazer aquisições em África, o que lhes garante acesso rápido a novos activos, mercados e clientes. Os pioneiros africanos e as multinacio­nais experiente­s aprenderam que, muitas vezes, é preciso um ecossistem­a para construir um negócio, e que investir num bom ecossistem­a, pode ser uma vantagem competitiv­a.

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EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Shoprite é das empresas africanas com mais arrojo em matéria de expansão no continente

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