A guilhotina e a sua utilização
A guilhotina foi um instrumento utilizado durante a Revolução Francesa para aplicar a pena de morte por decapitação. O aparelho é constituído por uma grande armação recta, com aproximadamente quatro metros de altura, na qual é suspensa uma lâmina pesada, com cerca de 40 quilos, em forma de losango. As medidas e peso indicados são os das normas francesas.
A lâmina é guiada à parte superior da armação por uma corda e fica mantida no alto até que a cabeça do condenado seja colocada sobre uma barra que a impede de se mover. Em seguida, a corda é libertada e a lâmina cai de uma distância de 2,3 metros, cortando o pescoço da vítima.
Foi o médico francês Joseph-Ignace Guillotin (1738-1814) que sugeriu o uso deste aparelho na aplicação da pena de morte. Ele considerava este método de execução mais humano do que o enforcamento ou a decapitação com um machado. Na realidade, a agonia do enforcado podia ser longa, caso o dano nos ossos do pescoço não causasse a morte imediata. Já em certas decapitações, o machado não cumpria o seu papel ao primeiro golpe, o que aumentava consideravelmente o sofrimento da vítima.
Joseph-Ignace Guillotin estimava que a instantaneidade da punição era a condição necessária e absoluta de uma morte decente.
Mas não foi ele o inventor desse aparelho, usado muitos séculos antes. JeanIgnace Guillotin, na verdade, apenas sugeriu a sua utilização na Revolução Francesa como eficiente método de execução humana.
O aparelho serviu para decapitar 2.794 “inimigos da Revolução” em Paris. A sua primeira inspiração teria surgido diante de uma gravura do alemão Albrecht Dürer, feita no século XVI, na qual o ditador romano Tito Mânlio decapita o seu próprio filho com um aparelho semelhante a uma guilhotina. Há registos de que, durante a Idade Média, equipamentos semelhantes já funcionavam na Alemanha. A partir do século XVI, na Inglaterra e na Escócia, surgiram versões mais aperfeiçoadas. Elas dariam origem à guilhotina francesa.
No primeiro projecto de guilhotina, havia uma lâmina horizontal. Foi o doutor Louis, célebre cirurgião da época, que recomendou, num relatório entregue a 7 de 1792, a construção de um aparelho com a lâmina oblíqua, única maneira de matar todos os condenados com certeza e rapidez, o que era impossível com uma lâmina horizontal.
Calculam-se em 40 mil as vítimas da guilhotina entre 1792 e 1799. No período do Terror, entre 1793 e 1795, registaram-se 15 mil mortes na guilhotina.