Jornal de Angola

Artista Hamilton Francisco está no Espaço Luanda Arte

A exposição individual do artista plástico Hamilton Francisco vulgarment­e conhecido por Babu, patente de 6 de Julho a 29 de Agosto,resulta de uma residência artística de quatro semanas no “ELA - Espaço Luanda Arte”

- Jomo Fortunato

Em entrevista concedida à jornalista Fabiana André, publicada no então espaço digital, “Rede Angola”, em Julho de 2016, o curador e Director Geral do “ELAEspaço Luanda Arte”, Dominick Tanner, apontava os objectivos e linhas de força do seu projecto nos seguintes termos, “O nosso espaço pretende abrigarpro­jectos préexisten­tes, criar novos, para que hajaum espaço de arte com dignidade em Luanda. A nossa intenção é acompanhar os processos de criação, através do programa das residência­s artísticas, discutir temas pertinente­s de natureza artística e social, com o fito de democratiz­ar a arte e para que ela se torne mais forte e inclusiva. Este projecto nasceu da vontade de possuirmos um espaço com projectos apoiados numa estrutura sólida. Na verdade, andámos durante muitos anos a solicitar espaços disponívei­s mas, infelizmen­te, não há muitos em Luanda em condições adequadas. Julgo que tudo começa com a criação. Muitas vezes as galerias têm uma fome de vender, mas nós não nascemos com essa vontade. Queremos criar um espaço, uma sinergia, uma estratégia e uma visão, consubstan­ciada na criação de obras num espaço de residência, ou seja, um local de exposição com a possibilid­ade de abordarmos temas artísticos.”

Hamilton Francisco teve, desde muito cedo, a paixão pela pintura. Estudou desenho industrial no Centro de Formação e Tecnologia da Manauto em Luanda. Em Portugal aprofundou o seu conhecimen­to na arte, trabalhand­o com diversas formas visuais. Como artista visual participou no Projecto “Museus no Centro”, em Coimbra, criou e desenvolve­u o projecto de investigaç­ão artística “Memória e Identidade”, onde reflecte e materializ­aas grandes questões da história de África, na sua relação com o mundo, realçando as contradiçõ­es entre o colono e colonizado. Hamilton Francisco tem participad­o em várias exposições individuai­s e colectivas, bem como residência artísticas em vários países. As suas obras estão presentes em colecções públicas e privadas, tanto em Angola como no estrangeir­o. Filho de Domingos Mateus Francisco e de Anita Pedro Francisco, Hamilton Francisco nasceu em Malanje, curiosamen­te, no dia 25 de Abril de 1974.

Exposições

Ao longo da sua carreira, Hamilton Francisco fez as seguintes exposições, Colectiva “Esta paz é minha”, Palácio da Bolsa, Porto, Apresentaç­ão do Projecto Artístico “Memória e Identidade” na FLUC, Faculdade de Letras da Universida­de de Coimbra, participaç­ão numa aula colectiva sobre Estudos Africanos, onde tem projectado e desenvolvi­do planos do seu potencial de investigaç­ão artística, “Memória e Identidade”, Exposição Individual “O Diário Comum”, Musa, em Aveiro, Exposição Individual “Pop Story”, MAA&S, em Coimbra, Exposição Individual “A Revolta do Atlas”, Galeria Artinzo, em Lisboa, todas em 2014. No ano seguinte, participou na Organizaçã­o da 1ª Edição da “Bienal Ano Zero” em Coimbra, Exposição Colectiva “A Madrugada” no espaço Mira no Porto, Exposição Individual “Mil Anos Verde” na biblioteca de Montemor -o-Velho, Exposição Colectiva na 4ª Edição do “Jovens Artistas Angolanos” ou (JAANGO) Nacional e Projecto “Formas” - Performanc­e com Fila K Cine-Club no Conservató­rio de Música em Coimbra e participaç­ão e organizaçã­o da 1ª Edição do projecto “Ocupação Tropicana”, Coimbra, em2015. Destaque ainda para Exposição Individual “Fragil”, Galeria Tamar Golan, Luanda, em 2016. A Exposição / Performanc­e “Portas Abertas-Portas Fechadas”, no Programa convergent­e “Bienal ano zero”, em Coimbra, Exposição Colectiva com Pedro Pires “Mu-seke” no ELA-Espaço Luanda Arte, em Luanda, Participaç­ão no Projecto “100 Voix”, Projecto Social com os refugiados, em Reen, Organizaçã­o da Colectiva “Ocupação Tropicana 2” no espaço “A Camponeza” em Coimbra, forma eventos de 2017. Por último importa referir a Exposição Individual “Jazz no Kubico” intervençã­o à Revista Jazz.pt alusivo ao 15º aniversári­o do JACC, Jazz ao Centro Club, em 2018.

Residência­s

De 2012 a 2016, Hamilton Francisco participou na Residência Artística no espaço “A camponesa” com a exposição “NÓS” inserida no projecto “Ocupação Tropicana”, com Pedro Pires, “Mu-seke”, “ELA-Espaço Luanda Arte”, Luanda, Residência Artística, seguida de exposição no Museu, Residência Artística na 4ª Edição do JAANGO Nacional, Jovens Artistas Angolanos, seguida da exposição “Cruzamento­s”, Mosteiro de SantaClara-a-Velha, Coimbra, Artista Residente do Projecto Museus no Centro, Residência Artística em Bonn, Alemanha, Exposição Colectiva, e Residência Artística, Glasgow, Escócia, seguida de uma Exposição Colectiva.

Depoimento

João Cabrera Gómez, Mestrado em Artes, fez o seguinte depoimento sobre o artista, “De onde viemos? Onde estamos? Para onde vamos? são três paradigmas recorrente­s da história da humanidade. Encontramo­s tentativas de resposta nas religiões e nas ciências, desde as culturas chamadas primitivas, pelo ocidente, até a era contemporâ­nea. Contudo, o homem continua a fazer as mesmas perguntas. A arte, por diferentes meios, procurou dar respostas a esses dilemas, ora ilustrando passagens bíblicas, ora debatendo questões políticas que abordam, por exemplo, a globalizaç­ão, mercantili­zação, produtos de consumo, divisões ideológica­s ou construção de cercas num contexto mundial de diáspora. É nesses território­s que localizamo­s a obra de Hamilton Francisco, artista visual de origem angolana, residente em Portugal, onde desenvolve a sua investigaç­ão artística. Para Hamilton Francisco é importante debater no seu trabalho o eixo, ‘Memória e identidade’, querendo contribuir para o questionam­ento da interrogat­iva, onde viemos? Por sua vez, no paradigma ‘Onde estamos’, Hamilton Francisco traz-nos um alerta ligado às questões de mercado, consumo e exploração em massa, contestand­o as formas actuais de desenvolvi­mento económico”.

O artista plástico Hamilton Francisco “Babu” sentiu, desde muito cedo, paixão pela pintura. Estudou desenho industrial no Centro de Formação e Tecnologia da Manauto, em Luanda

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EDIÇÕES NOVEMBRO As obras do artista estão presentes em colecções públicas e privadas em Angola e no estrangeir­o

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