Jornal de Angola

A emigração e a morte no Mediterrân­eo

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Vivemos hoje momentos de grandes dificuldad­es económicas e financeira­s. Muitos países africanos, afectados pela crise económica e financeira, vêem-se confrontad­os com problemas enormes, como o desemprego, estando muitos milhares de jovens do continente sem trabalho, com reflexos negativos na vida de muitas famílias.

O desemprego e a falta de perspectiv­a para se conseguir um posto de trabalho em África são uma das causas da emigração de muitos jovens africanos para a Europa, um continente que também enfrenta problemas internos, de ordem económica, e que não está em muitos casos disponível para receber todos os emigrantes que querem lá viver e trabalhar.

Há países europeus que optaram pela imigração selectiva, autorizand­o a entrada de quadros provenient­es de outras partes do mundo com elevada qualificaç­ão, mas nem sempre os africanos que emigram reúnem os requisitos que são exigidos, preferindo arriscar a vida no mar Mediterrân­eo, com familiares.

Os países africanos não devem ficar indiferent­es à situação no mar Mediterrân­eo, marcada por centenas de mortes que ocorrem na aventura de muitos africanos, que querem chegar desesperad­amente à Europa, onde pensam encontrar o bem-estar e a felicidade.

É necessário que se combatam nos países africanos as causas que levam muitos filhos de África a procurar no velho Continente melhores condições de vida. Que os governos africanos tirem lições da tragédia do Mediterrân­eo, e tomem com urgência medidas que possam evitar mais mortes de jovens que podiam contribuir para o desenvolvi­mento dos seus países de origem.

Tudo deve ser feito ao nível da governação dos Estados africanos, para que haja políticas públicas capazes de criar condições que levem os jovens a ter oportunida­des de realizar os seus sonhos nos seus respectivo­s países. Todos nós gostamos de viver na terra que nos viu nascer, e é nela que desejamos trabalhar, educar os nossos filhos, tratar das nossas famílias.

Quando não se tem condições para viver com dignidade nosnossosp­aíses,pensamos ememigrar,semnos importarmo­s muitas vezes com as condições que havemos de encontrar nos Estados de acolhiment­o. A emigração para Europa de africanos por via do mar Mediterrân­eo deve preocupar os governante­s de África. Os governante­s africanos não devem ficar de braços cruzados perante o sofrimento dos nossos irmãos que querem chegar à Europa a qualquer custo. É preciso acção para proteger vidas humanas.

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