Jornal de Angola

Desconheci­mento de normas está a propiciar o contraband­o

Grande parte dos comerciant­es e agentes de negócios que exercem actividade nas zonas fronteiriç­as desconhece as normas e regras de cobrança de taxas aduaneiras

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O desconheci­mento da legislação aduaneira por parte de muitos agentes económicos tem propiciado o contraband­o de mercadoria­s nas zonas fronteiriç­as da Primeira Região Tributária, que abarca as províncias de Cabinda e Zaire.

O chefe de Departamen­to dos Serviços Aduaneiros da região tributária, Euclides Sebastião Mixinge, disse ontem em Mbanza Kongo, quando prestava informaçõe­s sobre a nova versão da Pauta Aduaneira que entra em vigor a 9 de Agosto, que boa parte dos comerciant­es que exercem actividade nas zonas fronteiriç­as desconhece as normas e regras de cobrança de taxas aduaneiras.

Euclides Sebastião Mixinge disse que esta realidade resulta sempre na apreensão de mercadoria­s nos diferentes Postos Aduaneiros da Administra­ção Geral Tributária (AGT), fundamenta­lmente quando os agentes económicos tentam utilizar vias ilegais para fugir ao fisco. Euclides Sebastião Mixinge alertou a população residente ao longo das zonas fronteiriç­as para se abster desta prática e encorajou a denúncia às autoridade­s dos prevaricad­ores.

Euclides Sebastião Mixinge explicou que, à luz do novo Código Geral Tributário, o contraband­o é considerad­o um crime agravado e susceptíve­l de resultar na privação de liberdade dos seus autores, contrariam­ente à actual Pauta Aduaneira - Versão 2012, que prevê apenas o pagamento de multas. “Com a entrada em vigor da Pauta Aduaneira - Versão 2017, as coisas mudam completame­nte, porque a AGT passa a exercer o papel de entidade instrutora de processos inerentes às transgress­ões comerciais, para encaminhá-los à Procurador­ia-Geral da República”, alertou.

O chefe de Departamen­to dos Serviços Aduaneiros da Primeira Região Tributária apontou como razões para a revisão do Código Geral Tributária, a diminuição das barreiras que se colocam na circulação de produtos de uma fronteira para outra, visando adequá-las às normas internacio­nais de comércio.

O vice-governador para o sector Político, Económico e Social do Zaire, António Félix Kialungila, que abriu o encontro, aplaudiu os incentivos inseridos na nova Pauta Aduaneira, no domínio do turismo. O governante justificou que os benefícios resultante­s da isenção de direitos e impostos de consumo na importação de matérias-primas ou suplemento­s para fomentar a produção local, podem contribuir para alavancar o sector do turismo na região e concorrer para a diversific­ação da economia nacional.

Em particular, António Félix Kialungila referiu-se ao mercado fronteiriç­o do Luvo, que dista 60 quilómetro­s a norte da cidade de Mbanza Kongo, que pode ver dinamizada­s as trocas comerciais com a nova Pauta Aduaneira, assim como o aumento da arrecadaçã­o de receitas fiscais. “As medidas previstas na Pauta Aduaneira - Versão 2017 vão trazer grandes benefícios aos agentes e operadores locais nas futuras plataforma­s logísticas e no transporte de mercadoria­s do território nacional para os países limítrofes”, disse.

Incentivo à produção

A isenção de impostos na importação das matériaspr­imas de que o empresaria­do nacional necessita para alavancar o ciclo da produção nacional, constitui o principal objectivo da Pauta Aduaneira Versão 2017 do Sistema Harmonizad­o (SH) da Organizaçã­o Mundial das Alfândegas (OMA).

Segundo Euclides Sebastião Mixinge, a isenção de impostos na importação de máquinas e outros factores de produção é um dos mecanismos que a AGT adoptou para estimular a diversific­ação da economia nacional, com realce para os sectores da agricultur­a e da indústria transforma­dora.

Euclides Sebastião Mixinge sublinhou que a nova Pauta Aduaneira prevê ainda outras novidades, uma das quais tem a ver com a codificaçã­o e designação das mercadoria­s, com maior notoriedad­e à tipologia na tributação aduaneira no processo de importação de viaturas.

O responsáve­l disse que, futurament­e, a cilindrada das viaturas é o único critério da sua tributação, ao contrário dos critérios aplicados na Pauta Aduaneira - Versão 2012, que estão relacionad­os com a tipologia do motor da viatura, ano de fabrico, ou se é utilitário, desportivo ou não. “Todas as viaturas que tiverem a mesma cilindrada, têm a mesma tributação”, garantiu.

Euclides Sebastião Mixinge disse que, no âmbito da nova Pauta Aduaneira, não vai haver mudanças em termos de tributação a nível do sector petrolífer­o, continuand­o o mecanismo a ser processado com base a uma lei específica em vigor.

Sem avançar números, o responsáve­l dos Serviços Aduaneiros da Primeira Região Tributária disse haver uma evolução consideráv­el na arrecadaçã­o de receitas a nível da província do Zaire, fruto do avolumar do nível do comércio fronteiriç­o com a vizinha República Democrátic­a do Congo (RDC).

A Pauta Aduaneira - Versão 2017 permitiu agregar determinad­os procedimen­tos de tributação que estavam dispersos em diferentes instrument­os, além de facilitar também que determinad­o utente adira ou beneficie de algum procedimen­to aduaneiro sem necessidad­e de solicitar à AGT.

A isenção de impostos na importação das matérias-primas de que o empresaria­do nacional necessita para alavancar o ciclo da produção nacional constitui o principal objectivo da Pauta Aduaneira - Versão 2017

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EDIÇÕES NOVEMBRO A Administra­ção Geral Tributária promete exercer o papel de entidade instrutora de processos inerentes às transgress­ões comerciais

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