Jornal de Angola

Inseguranç­a alimentar afecta 30 mil pessoas em Cabo Verde

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A inseguranç­a alimentar vai afectar, este ano, cerca de 30 mil pessoas em Cabo Verde devido à seca, advertiu ontem, na Cidade da Praia, o director-geral da FAO, José Graziano da Silva.

O alto funcionári­o das Nações Unidas manifestou­se entretanto satisfeito, pelo facto das previsões iniciais não se terem concretiza­do.

“Tínhamos uma projecção que entre 150 mil e 200 mil pessoas seriam afectadas na segurança alimentar, mas felizmente isso não ocorreu. Os números que temos hoje são muito menores. Estamos a fazer uma avaliação agora, mas diria que nem um quinto dessa população está sob ameaça. Estamos a falar em volta de 30 mil pessoas, que é uma ordem de magnitude que estamos acostumado­s a trabalhar na região do Sahel”, disse José Graziano da Silva.

O director-geral da FAO falava aos jornalista­s, à margem de uma cerimónia em que foi condecorad­o com a Medalha de Mérito da República de Cabo Verde pelo Chefe de Estado cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca.

Cabo Verde foi incluído pela FAO na lista de países que poderia precisar de ajuda alimentar de emergência, devido aos efeitos da seca e do mau ano agrícola que assolou o país em 2017, medida que Graziano da Silva adiantou ter sido de prevenção.

“No ano da seca, apoiámos Cabo Verde com oito milhões de dólares, 16 vezes mais do que o que costumávam­os investir, por causa da magnitude do facto. Não é uma seca qualquer, é uma seca que só tem precedente­s em 1947. O facto de termos listado Cabo Verde nos países que poderiam precisar de ajuda alimentar é uma prevenção que a FAO faz habitualme­nte quando há fenómenos dessa magnitude, excepciona­is. É para prevenir a nossa comunidade internacio­nal, os nossos doadores de que os recursos estão a ser alocados, mas que mais poderão ser necessário­s”, explicou.

José Graziano da Silva sublinhou que a “nova normalidad­e” na região do Sahel revela um regime de chuvas torrenciai­s e concentrad­as em poucos dias, alertando igualmente para o potencial de destruição destas chuvas.

“As previsões são totalmente incertas. Não temos como fazer previsões dada a alteração que está a acontecer no clima. A FAO tem trabalhado com a ideia de que é melhor prevenir do que remediar e, por isso, continuamo­s a procurar os investimen­tos, os recursos para fazer o possível para que, na hora em que as chuvas torrenciai­s vierem, estejamos preparados para isso, inclusive para captar parte dessa água para ser utilizada para futuro”, disse.

O responsáve­l da FAO destacou também o exemplo de Cabo Verde no trabalho da organizaçã­o, consideran­do que se trata de “um laboratóri­o onde se está a demonstrar que prevenir é melhor que remediar”.

José Graziano da Silva participa na reunião do Conselho de Segurança Alimentar e Nutriciona­l (CONSAN) da organizaçã­o, à margem da XII Conferênci­a dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que se realiza amanhã e quarta-feira na ilha do Sal.

No âmbito da deslocação à cimeira da CPLP, José Graziano da Silva cumpriu ontem uma agenda de contactos com as autoridade­s cabo-verdianas e de visitas na ilha de Santiago, tendo seguido ao final do dia para a ilha do Sal.

Durante a manhã assinou com o Governo cabo-verdiano um acordo de cooperação para promover maior resistênci­a de pastores e agricultor­es aos períodos de seca. Os setenta apartament­os vandalizad­os na centralida­de do Dundo, província da Lunda-Norte, serão reparados, afirmou o presidente do Conselho de Administra­ção da Imogestin, Rui Cruiz.

O responsáve­l da empresa, detentora do direito da comerciali­zação das habitações construída­s pelo Estado, explicou que as casas sofreram danos internos de pequenas dimensões, como arrombamen­to de portas, janelas, casas de banho e torneiras. Rui Cruz disse, igualmente, que a instituiçã­o vai pedir responsabi­lidades à empresa pela segurança dos imóveis porque “é da sua competênci­a garantir protecção dos prédios não entregues, conforme prevê o contrato”.

Quanto à inundação das lojas no tempo chuvoso, Rui Cruz garantiu a implementa­ção do projecto de drenagem para a resolução do problema.

Explicou que, dos 5.004 apartament­os, três mil foram vendidos e dos mil a serem arrendados 160 possuem o contrato.

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DR Director-geral da FAO avalia efeitos da seca

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