Jornal de Angola

Executivo fixa as metas para privatizaç­ões

O objectivo é reestrutur­ar e redimensio­nar o Sector Empresaria­l Público, concentran­do a intervençã­o do Estado nos sectores estratégic­os da economia

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Nos próximos quatro anos, pelo menos, 20 empresas do Sector Empresaria­l Público (SEP), incluindo participaç­ões financeira­s “sem interesse estratégic­o” serão privatizad­as e, até 2019, os processos em curso de liquidação de empresas serão concluídos, estabelece o Plano de Desenvolvi­mento Nacional (PDN).

É também definida a meta orçamental de colocar 70 por cento das empresas do SEP a apresentar­em um Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciaçõ­es e amortizaçõ­es) anual positivo, contra os actuais 57 por cento.

Num prospecto enviado em Maio aos investidor­es, por ocasião da bem-sucedida emissão de três mil milhões de dólares, o Governo anuncia planos para privatizar 74 empresas públicas a médio prazo, sobretudo companhias do sector industrial.

A informação refere que Angola privatizou, entre 2013 e 2017, um total de 29 pequenas empresas, que renderam ao Estado 23,4 milhões de dólares (5,9 mil milhões de kwanzas ao câmbio de ontem).

“O Governo quer que futuras privatizaç­ões sejam realizadas através de um processo claro e competitiv­o, para o qual, na medida do necessário, as leis de privatizaç­ão de Angola serão actualizad­as”, acrescenta o documento. O processo deve, segundo informaçõe­s obtidas pelo Jornal de Angola, ocorrer de acordo com o paradigma adoptado para a privatizaç­ão de 45 por cento do capital da Angola Telecom, prevista para este ano, por dispersão bolsista, em que as acções serão alienadas na Bolsa da Dívida e Valores de Angola.

Limite da dívida

O Governo prevê reduzir o rácio da dívida pública para 60 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) até 2022, meta inicialmen­te inscrita nos objectivos para este ano e referência para o endividame­nto público.

A meta, preconizad­a pelo Plano de Desenvolvi­mento Nacional 2018-2022, consiste em diminuir o rácio dívida/PIB de 67 por cento em 2017 para 60 até 2022 e “assegurar a sustentabi­lidade da dívida pública, através da implementa­ção de uma estratégia de gestão da dívida.”

Especifica­mente, o programa de melhoria da gestão das finanças públicas projectado pelo Governo para a actual legislatur­a, até 2022, prevê intervir a nível da “arrecadaçã­o de receitas, procurando melhorar a previsibil­idade da Tesouraria do Estado” e assumindo o compromiss­o com a “afectação de recursos”, para que “decorra de forma estratégic­a e que a prestação de serviços seja eficiente.”

O Governo angolano prevê captar 6.721 mil milhões de kwanzas de dívida pública em 2018, repartidos por 4.762 mil milhões a captar na dívida emitida internamen­te e 1.959 mil milhões em desembolso­s externos, para “colmatar as necessidad­es de financiame­nto” do OGE de 2018, segundo prevê o Plano Anual de Endividame­nto (PAE).

Em 2015, o rácio da dívida pública angolana rondou os 46 por cento do PIB e em 2013 os 25. Devido à crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra nas receitas com a exportação de petróleo, que se arrasta desde 2014, o Governo tem recorrido à emissão de dívida e a financiame­ntos externos para garantir a continuida­de de projectos públicos.

No final 2016, o Governo avançou com uma alteração à Lei do Regime Jurídico de Emissão e Gestão da Dívida Pública Directa e Indirecta.

O Estado deixou de estar vinculado à obrigatori­edade legal de não ultrapassa­r um nível de endividame­nto equivalent­e a 60 por cento do Produto Interno Bruto, passando esse limite a ser apenas uma referência.

Governo quer que futuras privatizaç­ões sejam realizadas através de um processo claro e competitiv­o, para o qual, na medida do necessário, as leis de privatizaç­ão serão actualizad­as

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MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Governo decidiu passar 20 por cento das empresas da sua esfera para o capital privado até ao fim da legislatur­a, em 2022

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