Igreja Católica elogia consulta pública, mas é contra o gradualismo
O arcebispo metropolitano de Saurimo, D. Manuel Imbamba, considera “louvável” o processo de consulta pública sobre a implementação das autarquias locais, mas afirma que “a Igreja Católica é contra” o gradualismo territorial definido pelo Executivo.
“Esta consulta a várias sensibilidades revela que o Governo quer aprender com a visão que os outros têm sobre o assunto”, mas esclarece que “nós, Igreja Católica, não aceitamos este critério do gradualismo. Defendemos a tese de que Angola é um todo. Então, tudo o que fizermos e que tenha expressão nacional deve ser feito no todo”.
O prelado católico reconheceu que, pelo quadro que foi apresentado sobre o desenvolvimento social e económico da província, quem tinha melhores condições para ser autarquia era só Saurimo. “E aqui não aceitamos este modelo de implementação das autarquias locais. Perguntamos, então por que os outros municípios estão no estádio de desenvolvimento atrasado em que estão. O que foi feito todos estes anos. Foram ensaiados vários modelos de administração que não deram resultados. Isso revela que o problema não está apenas nos dinheiros, nem nas políticas traçadas todos estes anos”. D. Manuel Imbamba afirmou que está também na mentalidade dos governantes. “O maior trabalho que temos de fazer é de educação ética dos nossos governantes, para poderem encarar a gestão com outros olhos. Sem esta revolução da mentalidade, tudo isto que está a ser feito irá descambar nos mesmos resultados destes anos todos”, disse o arcebispo.
O arcebispo afirmou que, de tudo que foi dito no encontro de auscultação, querer acreditar que o que for aprovado para regular as autarquias locais vá ao encontro dos anseios da sociedade.
“Entendo que a razão maior que deve orientar esta acção deve ser a justiça social e não tanto táctica política. Queremos o bens dos cidadãos, das comunidades e o desenvolvimento harmonioso do país”, disse, mas acrescentou que o cidadão também deve fazer a sua parte.