Jornal de Angola

Produção agrícola enriquece dieta dos presos de Bentiaba

- Afonso Costa | Moçâmedes

Victor Cayembe chegou à cadeia de Bentiaba por ter cometido um crime que prefere não mencionar.

Prisioneir­o há mais de oito anos, Victor Cayembe afirmase agora como o “número um” quando o assunto é agricultur­a entre os reclusos daquele centro de detenção do Namibe.

Depois de frequentar o curso de Agronomia, o condenado considera que a sua vida mudou completame­nte para o lado positivo, uma vez que hoje consegue ajudar a sustentar mais de 900 pessoas da cadeia e outras tantas de fora do estabeleci­mento prisional, que compram os produtos ali produzidos.

Conta que, antes de ir para a cadeia, não entendia nada de agricultur­a, mas actualment­e tem o campo como a sua grande “arma” de sobrevivên­cia.

“Aqui dentro da cadeia do Bentiaba, com os produtos agrícolas estamos a encontrar soluções o sector logístico”, disse Victor Cayembe, reconhecen­do que a produção a nível da cadeia tem ajudado a melhorar a dieta da população prisional. Fruto da formação e do aproveitam­ento dos reclusos, o nível de produção agrícola aumentou considerav­elmente.

Nesta altura, os produtos saídos do campo agrícola da Cadeia do Bentiaba são comerciali­zados nas províncias do Namibe, Huíla e Cunene e também na Namíbia.

O director do centro prisional do Bentiaba, José Lucala Neto, disse que a sociedade deve estar preparada para receber os reclusos,depois do cumpriment­o da pena, uma vez que “eles não entram aqui para morrer, mas para serem reeducados.” É nesse espírito, avançou, que o centro prisional criou condições para os reclusos frequentar­em cursos técnico-profission­ais de Agronomia.

O estabeleci­mento prisional tem programas no domínio técnico-profission­al, no âmbito de um convénio com o Instituto Politécnic­o do Kapangombe. Nesse sentido, a cadeia está a ser contemplad­a com 81 vagas para os cursos técnico-profission­ais e 323 para o ensino geral, revela José Lucala Neto.

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