Presidente al-Bashir aposta no “americano”
O sudão apesar do levantamento das sanções económicas por parte dos Estados Unidos, continua estagnado, desperdiçando sucessivas oportunidades para materializar o crescimento social e económico. Mesmo assim, Omar alBashir aposta tudo no apoio que teima em
O Presidente Omar al-Bashir foi obrigado a reconhecer no fim-de-semana, que o Sudão está a falhar na concretização do objectivo de conseguir a recuperação social e económica, mesmo depois de os Estados Unidos terem decidido levantar as sanções que haviam imposto ao país.
Logo após o levantamento das sanções, em Outubro do ano passado, o Sudão iniciou a aplicação de um programa de reformas económicas e políticas que visava impulsionar o sector social de modo a conseguir uma ampla contribuição da população para a concretização das medidas então anunciadas como fundamentais para o futuro do país.
Além do levantamento das sanções económicas, os Estados Unidos ofereceram também apoio político para o relançamento das relações do Sudão com o ocidente, fundamental para a captação de investimentos externos.
Com as sanções que estavam em vigor, o Sudão viuse impedido de beneficiar dos diferentes programas de cooperação que os Estados Unidos mantêm com países africanos e, ao mesmo tempo, ficou impossibilitado de importar produtos norteamericanos.
Durante quatro anos, ainda por força das sanções, os bancos internacionais não operaram no Sudão o que se reflectiu directamente em importantes sectores económicos e sociais do país.
Esta situação, obviamente, separou politicamente os dois países que se envolveram em sucessivas trocas de acusações que enfraqueceram sobretudo os dirigentes sudaneses, expondo-os a uma série de restrições por parte de diferentes organizações internacionais e nalgumas negociações regionais como foi o caso da disputa com o Egipto e a Etiópia em relação à exploração das águas do Rio Nilo.
Com uma inflação média mensal de 55 por cento, o Sudão apenas alocou 10 por cento do seu Orçamento Geral do Estado, em 2017, para os sectores da Educação e Saúde, valores escassos para responder aos desafios sociais do país.
Procura de investidores
A política externa do Sudão, por força das sanções norteamericanas, ainda está virada para a busca de investidores estrangeiros junto de países pouco tradicionais, como é o caso da Turquia, Qatar e Arábia Saudita.
Só recentemente, as autoridades sudanesas se viraram para a Rússia e para a União Europeia, tentando alargar a lista dos países que serão bem vindos para investir nas esperanças sudanesas.
Recentemente, o Sudão conseguiu uma importante vitória diplomática ao patrocinar o estabelecimento de um acordo de paz para o Sudão do Sul, depois sentar a uma mesma mesa o Presidente Salva Kiir e o líder rebelde Riek Machar. A segurança no Sudão do Sul representa uma importante mais-valia para o Sudão, pois alivia o país da chegada em massa de refugiados e permite receber nos seus portos, para exportação, o petróleo produzido no país vizinho.
Por cada barril de petróleo que recebe do Sudão do Sul, o Sudão recebe 25 dólares para custear a sua exportação, tratando-se de um negócio altamente rentável para os dois países.
Mas, aquilo que o Sudão mesmo quer é reforçar a ligação com os Estados Unidos para assim beneficiar da sua influência junto do ocidente, precisando para isso que Donald Trump tire o seu nome da lista de países que apoiam o terrorismo.
Para que isso suceda, o Presidente Omar al-Bashir sabe que precisa de dar passos em frente na sua política de defesa dos direitos humanos, um tema sensível e muito controverso entre os seus apoiantes.
Recentemente, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Al Dirdiry Mohamed Ahmed, abordou o assunto de forma descomplexada dizendo numa reunião da União Africana que todos os países do mundo, “mesmo os Estados Unidos e o Sudão, têm problemas com os direitos humanos”.
O grande desafio, para o Sudão, vai ser conseguir convencer os Estados Unidos de que está firmemente comprometido com a paz e que o auxílio do “amigo americano” será determinante para a sua afirmação enquanto país verdadeiramente empenhado em democratizar a sua actuação, tanto interna como externamente.
Além do levantamento das sanções económicas, o país recebeu apoio político para o relançamento das relações com o ocidente