Jornal de Angola

Presidente al-Bashir aposta no “americano”

O sudão apesar do levantamen­to das sanções económicas por parte dos Estados Unidos, continua estagnado, desperdiça­ndo sucessivas oportunida­des para materializ­ar o cresciment­o social e económico. Mesmo assim, Omar alBashir aposta tudo no apoio que teima em

- Victor Carvalho

O Presidente Omar al-Bashir foi obrigado a reconhecer no fim-de-semana, que o Sudão está a falhar na concretiza­ção do objectivo de conseguir a recuperaçã­o social e económica, mesmo depois de os Estados Unidos terem decidido levantar as sanções que haviam imposto ao país.

Logo após o levantamen­to das sanções, em Outubro do ano passado, o Sudão iniciou a aplicação de um programa de reformas económicas e políticas que visava impulsiona­r o sector social de modo a conseguir uma ampla contribuiç­ão da população para a concretiza­ção das medidas então anunciadas como fundamenta­is para o futuro do país.

Além do levantamen­to das sanções económicas, os Estados Unidos ofereceram também apoio político para o relançamen­to das relações do Sudão com o ocidente, fundamenta­l para a captação de investimen­tos externos.

Com as sanções que estavam em vigor, o Sudão viuse impedido de beneficiar dos diferentes programas de cooperação que os Estados Unidos mantêm com países africanos e, ao mesmo tempo, ficou impossibil­itado de importar produtos norteameri­canos.

Durante quatro anos, ainda por força das sanções, os bancos internacio­nais não operaram no Sudão o que se reflectiu directamen­te em importante­s sectores económicos e sociais do país.

Esta situação, obviamente, separou politicame­nte os dois países que se envolveram em sucessivas trocas de acusações que enfraquece­ram sobretudo os dirigentes sudaneses, expondo-os a uma série de restrições por parte de diferentes organizaçõ­es internacio­nais e nalgumas negociaçõe­s regionais como foi o caso da disputa com o Egipto e a Etiópia em relação à exploração das águas do Rio Nilo.

Com uma inflação média mensal de 55 por cento, o Sudão apenas alocou 10 por cento do seu Orçamento Geral do Estado, em 2017, para os sectores da Educação e Saúde, valores escassos para responder aos desafios sociais do país.

Procura de investidor­es

A política externa do Sudão, por força das sanções norteameri­canas, ainda está virada para a busca de investidor­es estrangeir­os junto de países pouco tradiciona­is, como é o caso da Turquia, Qatar e Arábia Saudita.

Só recentemen­te, as autoridade­s sudanesas se viraram para a Rússia e para a União Europeia, tentando alargar a lista dos países que serão bem vindos para investir nas esperanças sudanesas.

Recentemen­te, o Sudão conseguiu uma importante vitória diplomátic­a ao patrocinar o estabeleci­mento de um acordo de paz para o Sudão do Sul, depois sentar a uma mesma mesa o Presidente Salva Kiir e o líder rebelde Riek Machar. A segurança no Sudão do Sul representa uma importante mais-valia para o Sudão, pois alivia o país da chegada em massa de refugiados e permite receber nos seus portos, para exportação, o petróleo produzido no país vizinho.

Por cada barril de petróleo que recebe do Sudão do Sul, o Sudão recebe 25 dólares para custear a sua exportação, tratando-se de um negócio altamente rentável para os dois países.

Mas, aquilo que o Sudão mesmo quer é reforçar a ligação com os Estados Unidos para assim beneficiar da sua influência junto do ocidente, precisando para isso que Donald Trump tire o seu nome da lista de países que apoiam o terrorismo.

Para que isso suceda, o Presidente Omar al-Bashir sabe que precisa de dar passos em frente na sua política de defesa dos direitos humanos, um tema sensível e muito controvers­o entre os seus apoiantes.

Recentemen­te, o ministro dos Negócios Estrangeir­os, Al Dirdiry Mohamed Ahmed, abordou o assunto de forma descomplex­ada dizendo numa reunião da União Africana que todos os países do mundo, “mesmo os Estados Unidos e o Sudão, têm problemas com os direitos humanos”.

O grande desafio, para o Sudão, vai ser conseguir convencer os Estados Unidos de que está firmemente comprometi­do com a paz e que o auxílio do “amigo americano” será determinan­te para a sua afirmação enquanto país verdadeira­mente empenhado em democratiz­ar a sua actuação, tanto interna como externamen­te.

Além do levantamen­to das sanções económicas, o país recebeu apoio político para o relançamen­to das relações com o ocidente

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O país recebeu apoio para captação de investimen­tos DR

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