União Europeia e Japão criam bloco comercial
O país asiático e o bloco comunitário aglutinam 40 por cento do comércio global e 30 por cento do produto bruto mundial
A União Europeia e o Japão assinaram ontem, em Tóquio, um acordo de comércio livre que o presidente do Conselho Europeu considerou ser uma “mensagem clara” contra o proteccionismo do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e cria um dos maiores blocos comerciais do mundo.
“Enviámos uma mensagem clara de que fazemos uma frente comum contra o proteccionismo”, disse Donald Tusk, numa conferência de imprensa após a assinatura do documento.
“Hoje é um dia histórico, porque celebramos a assinatura de um acordo comercial extremamente ambicioso entre as duas das principais economias do mundo”, diz o comunicado divulgado após a assinatura do acordo.
O Acordo da Associação Económica é um pacto que vai liberalizar a maior parte das trocas comerciais e com o qual as duas partes esperam impulsionar ambas as economias.
Vantagens
O acordo vai permitir eliminar quase todas as tarifas aduaneiras, que custam mais de um mil milhão de dólares por ano aos dois parceiros.
De acordo com a Comissão Europeia, é o maior pacto económico já negociado pela União Europeia e cria um dos maiores blocos comerciais do mundo, abrangendo 600 milhões de pessoas e cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
A expectativa é que entre em vigor até o fim do mandato actual da Comissão Europeia, no segundo semestre de 2019.
Trata-se de um ambicioso pacto comercial entre as duas das maiores economias mundiais.
“Com este documento, as partes enviam uma mensagem poderosa para promover o livre comércio baseado em regras e contra o proteccionismo”, disseram, acreditando que vai ajudar no crescimento económico inclusivo e na criação de mais postos de trabalho.
Uma vez em vigor, o acordo vai criar também a zona económica mais aberta do mundo, já que o país asiático e o bloco comunitário aglutinam 40 por cento do comércio global e 30 por cento do produto mundial bruto.
O acordo foi rubricado num momento em que se agudizam as tensões comerciais entre Tóquio e a União Europeia com os Estados Unidos, por causa das medidas proteccionistas aplicadas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.
Prevê-se que o tratado venha liberalizar 91 por cento das importações da UE para o Japão e até 99 quando for aplicado na totalidade. O volume total de comércio de bens e serviços entre o bloco europeu e o Japão é de 86 mil milhões de euros (cerca de 100 mil milhões de dólares) e gera 600 mil postos de trabalho, segundo dados da Comissão Europeia.
O Japão é o segundo maior parceiro comercial de 28 países da Ásia depois da China.
O bloco comunitário é o terceiro parceiro global do Japão por volume comercial após os Estados Unidos da América e Pequim.
A União Europeia, que é o maior mercado comum do mundo, com 28 países e 500 milhões de pessoas, tenta estabelecer mais alianças face ao proteccionismo de Trump. Assinaram o acordo o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu.