Museu da Escravatura encerrado para obras
O despacho n.º 159/18 do Ministério da Cultura decreta o encerramento provisório do Museu Nacional da Escravatura para obras de reabilitação, desde ontem
O Museu Nacional da Escravatura encerrou ontem as portas ao público para obras de restauro, confirmou, ao
Jornal de Angola, o director daquela instituição museológica.
No decorrer das obras de restauro, o museu vai continuar a manter à disposição do público os serviços administrativos, pelo facto de as obras na instituição serem parciais e não generalizadas, garantiu Vladimiro Fortuna.
O que vai acontecer, explicou o director, são obras de restauro em locais pontuais, com a substituição do piso em madeira danificado, mantendo as características originais.
O objectivo, disse Vladimiro Fortuna, é procurar preservar o valor arquitectónico do museu, por ser classificado como Património Cultural Nacional. “É preciso explicar que o museu não vai encerrar na totalidade, por não serem obras de grande vulto.”
Vladimiro Fortuna afirmou que a empresa contratada vai fazer, igualmente, intervenções no restauro ou substituições das janelas e portas danificadas.
O director do museu garantiu que ainda este ano, sem data prevista, a parte da exposição é reaberta ao público. “O empreiteiro da obra não determinou prazos para a entrega das obras, por ser um trabalho bastante sensível e está a ser feito um levantamento exacto do grau de degradação das infra-estruturas.”
Integrada na Rede do Sistema Nacional de Museus, o Museu Nacional da Escravatura já tinha sido encerrado em 2014 para obras de restauro e reaberta ao público em Setembro do mesmo ano, no âmbito das actividades do II Festival Nacional de Cultura (FENACULT 2014).
O museu conta com uma nova exposição permanente, procurando actualizar os frequentadores entre eles estudantes, sobre a História da escravatura e do tráfico de escravos. Antes da reabilitação de 2014, assegurou Vladimiro Fortuna, o museu recebia em média 1.600 visitantes por mês, número que subiu para 2.500 por mês, com maior incidência para nacionais. Os alunos do ensino geral são os que mais procuram os serviços da instituição.
O museu, de acordo com Vladimiro Fortuna, tornou-se ao longo dos anos, uma referência obrigatória e tem sido uma das instituições museológicas mais visitadas do país. As frequentes visitas devem-se à sua importância histórica a perpetuar a memória do tráfico negreiro e o trabalho forçado em Angola, bem como dos artefactos que possui.
O Museu Nacional da Escravatura foi criado em 1977 pelo Instituto Nacional do Património Cultural com o objectivo de dar a conhecer a História da escravatura em Angola. Tem a sede na Capela da Casa Grande, templo do século XVII, onde os escravos eram baptizados antes de embarcarem nos navios negreiros que os levavam para o continente americano.
O museu, que expõe centenas de peças utilizadas no tráfico dos escravos, está instalado na antiga propriedade do capitão de granadeiros D. Álvaro de Carvalho Matoso, Cavaleiro da Ordem de Cristo. Era filho de D. Pedro Matoso de Andrade, capitão-mor dos presídios de Ambaca, Muxima e Massangano, em Angola, e um dos maiores comerciantes de escravos da costa africana na primeira metade do século XVIII.
Falecido em 1798, os seus familiares e herdeiros continuaram a exercer o tráfico de escravos no mesmo local até 1836, quando um decreto de D. Maria II de Portugal proibiu as colónias portuguesas de exportar pessoas escravizadas.
O objectivo é procurar preservar o valor arquitectónico do museu, por ser classificado Património Cultural Nacional