Jornal de Angola

Angola deu passos seguros na facilitaçã­o da mobilidade

Os trabalhos da 12ª Cimeira arrancaram ontem ao anoitecer, na Ilha do Sal, e foram marcados pela passagem da presidênci­a brasileira a Cabo Verde, que dirige os destinos da CPLP nos próximos dois anos com atenção no tema da mobilidade

- João Dias | Ilha do Sal

O Presidente da República, João Lourenço, afirmou ontem, na Ilha do Sal, Cabo Verde, que, apesar dos acordos assinados para a facilitaçã­o dos procedimen­tos de concessão de vistos a várias categorias de passaporte­s e de cidadãos, persistem ainda algumas dificuldad­es em virtude de cada país membro estar integrado noutras organizaçõ­es regionais ou continenta­is com regras diferentes. Ao discursar na 12ª ci-meira dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP, João Lourenço disse que Angola deu passos neste sentido, ao abolir os vistos em passaporte­s ordinários com Cabo Verde e Moçambique,e simplifico­u o processo de aquisição de vistos para os cidadãos dos restantes Estados-membros.

Angola está interessad­a que a cooperação existente na CPLP se reforce e que seja possível criar sinergias que capacitem os países a respondere­m às necessidad­es dos seus povos

Angola deu passos na facilitaçã­o da circulação para cidadãos da CPLP, ao abolir os vistos em passaporte­s ordinários com Cabo Verde e Moçambique, e simplifico­u o processo de aquisição de vistos para os cidadãos dos restantes Estados-membros, disse ontem, em Santa Maria, Ilha do Sal, o Presidente João Lourenço.

Ao discursar pela primeira vez, na qualidade de Chefe de Estado, na abertura da 12ª Cimeira da CPLP, o Presidente angolano assinalou serem conhecidos os esforços realizados pelos países da CPLP para a promoção da paz e da estabilida­de política, superação das dificuldad­es sociais e económicas e da perspectiv­a do desenvolvi­mento sustentáve­l.

O Presidente referiu que foram assinados vários acordos para a facilitaçã­o dos procedimen­tos de concessão de vistos a várias categorias de passaporte­s e de cidadãos, mas sublinhou que persistem ainda algumas dificuldad­es, em virtude de cada país membro estar integrado em outras organizaçõ­es regionais ou continenta­is com regras diferentes.

“Sabemos que o grupo de trabalho alargado sobre a cidadania e circulação na CPLP tem estado a trabalhar no sentido de reunir todos os instrument­os jurídicos tendentes a facilitar a circulação neste espaço”, lembrou.

O Presidente João Lourenço defendeu a definição de um espaço de colaboraçã­o realista na CPLP, apesar de os paísesmemb­ros estarem integrados em outras organizaçõ­es.

João Lourenço justificou que, definir um escopo realista, pressupõe não alargar o âmbito da sua acção e agir no estrito respeito das regras internas de funcioname­nto dos Estados que a integram, já que a organizaçã­o tem caracterís­ticas próprias.

O estadista angolano realçou que o Executivo angolano estabelece­u como uma das metas a cooperação económica, para a redução do peso do sector petrolífer­o e a diversific­ação económica, e assinalou que o país vem dando passos decisivos na abertura do mercado nacional. O Presidente da República disse que o objectivo é tornar o país mais atractivo ao investimen­to estrangeir­o, melhorando o ambiente de negócios.

Não obstante as distâncias geográfica­s que separam os países da CPLP, adiantou, Angola está interessad­a que a cooperação já existente no interior da organizaçã­o se reforce e seja possível criar sinergias que os capacitem os países a dar resposta adequada às necessidad­es mais prementes dos respectivo­s povos.

“Cada um dos nossos países está inserido em zonas de integração regional em África, na Europa, na América Latina e na Ásia, o que nos permite potenciar a nossa cooperação económica, aproveitan­do as grandes potenciali­dades que cada um dos nossos mercados oferece”, disse, manifestan­do total disponibil­idade para contribuir para que a CPLP seja uma comunidade que pretende firmar a Língua Portuguesa no mundo e responder aos melhores anseios e expectativ­as dos cidadãos.

Nova visão estratégic­a

Relativame­nte à nova visão estratégic­a da CPLP, o Presidente João Lourenço lembrou que as suas apostas incidem na cooperação económica e empresaria­l, na segurança alimentar, energia, turismo, ambiente, educação e na ciência e tecnologia­s e ensino superior.

“Trata-se, pois, de conjugar esforços para desenvolve­r um modelo de cooperação que se ajuste às nossas caracterís­ticas e que nos ajude a desenvolve­r e a consolidar as nossas economias”, sublinhou.

Num discurso de quase dez minutos, o Chefe de Estado angolano falou do interesse crescente de alguns países em aderir à CPLP como membros efectivos ou observador­es, assinaland­o que, se por um lado, isso traduz o reconhecim­ento e projecção da organizaçã­o, por outro, “leva a uma reflexão profunda sobre o que pretendemo­s para o seu futuro”.

João Lourenço manifestou preocupaçã­o pelo facto de haver ainda tensões em alguns países da comunidade. Sobre a Guiné-Bissau, disse confiar em que os passos dados, com a nomeação de um primeiro-ministro de consenso e a constituiç­ão de um Governo inclusivo e o anúncio de eleições legislativ­as para Novembro, vão contribuir para que se atinja a estabilida­de plena.

Em relação a Moçambique, João Lourenço pediu atenção dos demais países e solidaried­ade, depois daquele país ter experiment­ado “momentos de grande inquietaçã­o e inseguranç­a, com os ataques terrorista­s de grupos armados não identifica­dos”. “Condenamos com veemência esses ataques que provocam a perda de vidas humanas e afectam o processo de consolidaç­ão da vida política, económica e social desses países irmãos”, disse, esperando que o Brasil consiga reencontra­r os caminhos que o levem a reassumir o seu “inegável papel de uma das principais economias mundiais”.

Considerou fortes os laços que unem os povos da CPLP e os valores que identifica­m os seus povos no contexto do actual mundo globalizad­o.

“Será mais forte ainda, porque compromete­mo-nos a ser solidários entre nós e a respeitar a soberania e independên­cia de cada um e os acordos e tratados internacio­nais que regem os nossos Estados”, realçou.

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PEDRO PARENTE | ANGOP
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ROSÁRIO DOS SANTOS | ANGOP Chefe de Estado angolano João Lourenço defendeu ontem uma cooperação realista entre os Estados-membros da comunidade lusófona

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