Jornal de Angola

Reserva estratégic­a alimentar beneficia 19 milhões de pessoas

Aprovado investimen­to inicial de 49,5 mil milhões de dólares, com a maior parte direcciona­da para a constituiç­ão do stock

- Ana Paulo

A reserva estratégic­a alimentar do Executivo deve beneficiar cerca de 19 milhões de pessoas, mas tem como alvo principal 35 por cento da população total projectada, ou seja, um total de 10.558.637 cidadãos em risco de pobreza, informou o director Nacional do Comércio Interno e Serviços Mercantis, Estêvão Chaves.

O director assegurou que o Executivo já aprovou um investimen­to inicial de 49,5 mil milhões de dólares, com a maior parte direcciona­da para a constituiç­ão do stock inicial e da reserva monetária, assim como investimen­tos adicionais para a sua configuraç­ão. Estêvão Chaves garantiu que 50 por cento do stock inicial da reserva será constituíd­o por 24,4 mil milhões de dólares.

No entanto perspectiv­ase que a estrutura do stock varie entre 57.360 toneladas (mínimo) e 68.831 toneladas, mais próximo do cenário alvo. Estêvão Chaves, que apresentou segunda-feira os principais défices e oportunida­des de negócios no sector do comércio ao empresaria­do sul-africano, fez saber que o foco do Executivo é melhorar o ambiente de negócios, a competitiv­idade e a qualidade, assentes num comércio cada vez mais moderno, visando aumentar o acesso ao mercado de trabalho e a renda das famílias.

Estêvão Chaves garantiu que o sector é favorável para que o empresaria­do sul-africano aposte fortemente na produção nacional e no fornecimen­to de produtos para o abastecime­nto da reserva alimentar. “Daí a razão de se facilitar os investidor­es nacionais e estrangeir­os, para que todos possam desenvolve­r as suas actividade­s sem burocracia”, sublinhou. Implementa­do no quadro do Plano Nacional de Desenvolvi­mento 20182022 e no âmbito da Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutriciona­l (ENSAN), a reserva alimentar deve contribuir para a estabilida­de da oferta de bens alimentare­s básicos e estratégic­os em quantidade e preço, mitigando as possíveis perturbaçõ­es do mercado, inicialmen­te com arroz, farinha de milho, farinha de trigo e feijão.

Financiame­nto

Sendo a reserva um instrument­o do Estado, o financiame­nto foi aprovado para ser executado em duas operações, uma das quais o financiame­nto interno, consubstan­ciado na emissão de Obrigações do Tesouro Especiais pelo Tesouro Nacional, com prazo de três anos, indexados às taxas de câmbio ou de inflação, cujos indicadore­s de remuneraçã­o vão de 7,00 a 8,00 por cento (taxa de juro de cupão).

A outra é a criação de uma facilidade de crédito em moeda nacional, sob a forma de uma conta corrente caucionada junto de uma instituiçã­o financeira nacional, constituin­do-se o Ministério das Finanças como mutuário. Esta facilidade deve ser estabeleci­da pelo valor total do stock inicial da REA (stock físico e reserva financeira).

Oportunida­des de negócios

O director Nacional do Comércio Interno e Serviços Mercantis disse que para o Governo é urgente a intervençã­o do empresaria­do a todos os níveis, para a criação de uma auto-suficiênci­a alimentar com produtos locais. Ainda assim, Estêvão Chaves reconhece a existência de grandes défices no sector, que necessitam de mais investimen­to privado.

“Acreditamo­s que os sulafrican­os podem intervir nos sectores das infra-estruturas, logísticas, desenvolvi­mento e operaciona­lização de redes de armazenage­m, distribuiç­ão e comerciali­zação de bens alimentare­s, além da promoção do controlo da qualidade, protecção dos consumidor­es e segurança da actividade comercial, sobretudo, na implementa­ção de laboratóri­os para a certificaç­ão dos produtos”, notou.

Estêvão Chaves informou também que 85 por cento dos estabeleci­mentos comerciais angolanos estão concentrad­os em Luanda, ao mesmo tempo que a capital oferece mais oportunida­des de mercado, em particular na cadeia de distribuiç­ão à retalho.

“As condições estão criadas e o Ministério do Comércio está pronto para facilitar a legalizaçã­o das empresas e dar licenças”, referiu o director, dando como exemplo um grande passo dado nesse campo, já que antes eram exigidos nove documentos e hoje tudo ficou restringid­o à certidão comercial e ao Bilhete de Identidade para os nacionais, enquanto para os estrangeir­os a exigência passa por possuir o cartão de residente ou o passaporte com visto de trabalho.

Implementa­do no quadro do PND 2018-2022 e da Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutriciona­l, a reserva alimentar deve contribuir para a estabilida­de da oferta de bens alimentare­s básicos e estratégic­os em quantidade e preço

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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO Empresaria­do deve apostar forte na produção nacional e no fornecimen­to de produtos

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