Líderes escolhem Angola para presidência da CPLP
Conferência da Ilha do Sal, em Cabo Verde, terminou ontem, depois das intervenções de todos os Presidentes da República e a aprovação da “Declaração de Santa Maria”. João Lourenço participou pela primeira vez no encontro desde que foi eleito
Os Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) decidiram ontem, por unanimidade, que Angola acolha a presidência rotativa da organização a partir de 2020. Reunidos desde segunda-feira até ontem na Ilha do Sal, em Cabo Verde, os líderes escolheram Angola, que também deve acolher a próxima cimeira. O Presidente Jorge Carlos Fonseca, de Cabo Verde, que dirige actualmente a organização, fez o anúncio numa sessão à porta fechada. Na terça-feira, no início da XII Cimeira da CPLP, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esperar que entre 2020 e 2022 a comunidade tivesse uma presidência “africana forte”, que desse continuidade à actual presidência de Cabo Verde.
Angola assume, de 2020 a 2022, a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), durante a próxima reunião da organização.
A escolha de Angola foi feita mediante votação, por unanimidade, dos Estadosmembros, ontem, na Vila Santa Maria, Ilha do Sal.
O anúncio foi feito no encontro que antecedeu ao encerramento da cimeira em que foi também eleito o embaixador português Francisco Ribeiro Teles como novo secretário executivo da CPLP, por decisão saída da conferência.
O Chefe de Estado angolano, João Lourenço, defendeu ontem “atenção e urgência” na abordagem sobre o tema da mobilidade dos cidadãos no espaço da CPLP.
Para o Chefe de Estado angolano, que discursava na cerimónia de encerramento da XII Conferência da CPLP, esta visão é fundamental para que a comunidade seja, de facto, uma organização em que “não só a língua e a cultura sejam factores de aproximação, como fundamentalmente a circulação dos cidadãos entre os Estados-membros”.
“Os nossos cidadãos devem perceber que vale a pena fazer parte da comunidade, não só pelos actos de cooperação que aqui e ali vamos realizando, com maior ou menor intensidade, mas principalmente pelas vantagens directas e até pessoais, que poderão obter do facto de estarem inseridos numa comunidade como a nossa”, disse o Presidente da República.
João Lourenço assinalou que as várias alocuções feitas durante a cimeira animam e encorajam a manter os esforços que a CPLP tem vindo a envidar para que seja um espaço consolidado de democracia, dialogo, paz, respeito pelos direitos humanos e de cooperação entre todos.
Para o Presidente João Lourenço, “tudo isso contribui para uma promoção conjunta desses valores pelos quais a organização pugna em todos os pontos do planeta, onde for possível prestar a sua ajuda”. João Lourenço elogiou a qualidade dos documentos aprovados na cimeira, e considerou que “neles estão plasmados os objectivos, os anseios e as grandes metas antigos nos próximos dois anos e Cabo Verde garantirá a realização de tais propósitos”.
O Presidente da República disse acreditar que, neste período, se reforçará “o peculiar dinamismo da organização que, apesar das suas características muito próprias, tem revelado uma grande capacidade para pôr em pratica e realizar acções que de algum modo levarão os países a aprofundar a cooperação e o intercâmbio a todos os níveis, capaz de favorecer as bases sobre as quais assentam a edificação do progresso e desenvolvimento de cada um dos Estados”.
A Declaração de Santa Maria, realçou João Lourenço, é bem o reflexo deste sentimento de dinamismo, não só por causa do balanço positivo que faz sobre o trabalho realizado até aqui, mas também pela perspectiva realista que define para o futuro da comunidade lusófona.
“Constato, com grande satisfação, que ao nível da nossa organização se trabalha com entusiasmo, porquanto está claro na Declaração de Santa Maria, que o nosso programa foi concebido na base de uma visão realista do nosso potencial, das nossas capacidades e do querer dos nossos povos”, concluiu o Presidente da República.
No final da conferência da comunidade lusófona, o Presidente da República, João Lourenço, teve um encontro com o homólogo de Cabo Verde, José Carlos Fonseca, durante o qual foi abordada a cooperação entre os dois países.
Desafios
O novo secretário executivo, que inicia funções em Janeiro de 2019 para o biénio 20192020, assumiu, na primeira intervenção, o compromisso de trabalhar intensamente para afirmar os valores e objectivos da CPLP, enquanto plataforma de cooperação solidária e horizontal e de vocação global.
No segundo e último dia da XII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, na ilha do Sal, foi aprovado também a concessão da categoria de observadores associados da CPLP ao Chile, Sérvia, Argentina, Itália, Andorra, França e Grão-Ducado do Luxemburgo e à Organização dos Estados Ibéro-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura, na categoria de assessor associado da CPLP. Pelo número de adesões, o Presidente de Cabo Verde e presidente em exercício da CPLP, Jorge Carlos Fonseca, considerou uma “grande apetência e preferência” pela comunidade.
Apoio do BAD
O presidente do Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, manifestou ontem disponibilidade em apoiar as reformas macroeconómicas em curso em Angola. Akinwumi Adesina foi recebido ontem pelo Presidente João Lourenço, à margem da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP.
O presidente do BAD destacou a importância dos passos que Angola dá no âmbito das reformas macro-económicas, por considerar que aceleram e estabilizam o crescimento.
Ao manifestar o apoio às reformas económicas, Akinwumi Adesina, que se tem desdobrado em encontros bilaterais com Chefes de Estados da CPLP, afirmou que a diversificação económica é, também, um dos aspectos a ter em grande consideração.
Guiné-Bissau
As Nações Unidas querem o apoio de Angola para a realização das eleições legislativas na Guiné-Bissau, previstas para Novembro deste ano.
O representante do Secretário-Geral da ONU para a Guiné-Bissau, José Viegas Filho, foi recebido ontem, em audiência, pelo Chefe de Estado angolano, João Lourenço, na Ilha do Sal, a quem solicitou o apoio.
Numa altura em que faltam pouco mais de três meses para a realização das eleições, a Guiné-Bissau desdobrase em pedidos de apoio para completar o orçamento para o pleito eleitoral.
José Viegas Filho disse ter abordado o assunto com o Chefe de Estado angolano. “Abordamos questões de índole financeira, justamente para avançar com a realização das eleições na Guiné-Bissau”, referiu.
O Presidente da GuinéBissau, José Mário Vaz, afirmou terça-feira, no discurso que fez perante os Chefes de Estado da comunidade de língua portuguesa, que faltam ao país 3,5 milhões de dólares para fechar o orçamento para a realização das eleições legislativas, marcadas para 18 de Novembro.
Angola assume, de 2020 a 2022, a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), quando acolher a próxima reunião da organização