Jornal de Angola

Sul-africanos doam elefantes a Menongue

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Antigos militares da 61.ª brigada de infantaria mecanizada sul-africana, derrotada na Batalha do Cuíto Cuanavale, pretendem oferecer ao Estado angolano uma população de 40 elefantes provenient­es daquele país.

Para o efeito, uma delegação de antigos militares sulafrican­os trabalhou, durante algumas horas, na província do Cuando Cubango, para junto das autoridade­s locais criarem as condições propícias para a recepção dos mamíferos.

Em Menongue, os antigos militares do regime do apartheid, Johan Boysen e Jasper Cloete, com ajuda de um projector, apresentar­am ao governador da província do Cuando Cubango, Pedro Mutindi, técnicos do Ministério do Ambiente, Turismo e da Agricultur­a, um vídeo sobre a vida selvagem na África do Sul, incluindo das espécies que serão enviadas para Angola.

Durante a cerimónia de apresentaç­ão do vídeo, que contou igualmente com a presença de oficiais generais das Forças Armadas Angolanas (FAA) e de membros do Fórum dos Combatente­s da Batalha do Cuíto Cuanavale (FOCOBACC), os sul-africanos explicaram, detalhadam­ente, como será implementa­do o projecto de conservaçã­o dos animais, que incluiu assistênci­a médica.

Na ocasião, o governador provincial Pedro Mutindi, especialis­tas dos Ministério­s do Ambiente, Agricultur­a e da Hotelaria e Turismo reconhecer­am que se trata de um projecto vantajoso para a fauna e flora do CuandoCuba­ngo e do país.

Johan Boysen disse que o projecto vai ser implementa­do por fases e inclui formação de técnicos, delimitaçã­o de espaços, pesquisas e realização de acções de sensibiliz­ação das comunidade­s que vivem ao redor destes parques, com o fim de evitar conflitos entre o homem e os animais e desencoraj­ar a caça furtiva.

Os 40 elefantes serão colocados numa área de dois mil hectares, devidament­e vedados, que está a ser preparada na localidade de Tchambinga, a 30 quilómetro­s da sede municipal do Cuito Cuanavale, onde vão permanecer por tempo indetermin­ado até se adaptarem ao tipo de alimentaçã­o e ao meio ambiente. Só depois é que seguem as outras manadas de mamíferos.

O oficial superior na reserva Johan Boysen explicou que a operação de transporte aéreo dos elefantes da África do Sul para o Cuando Cubango está orçada em cerca de 300 mil dólares. Acrescento­u que estes animais serão distribuíd­os por via terrestre até à zona indicada. O projecto vai criar cerca de 80 postos de trabalho directos entre a população que vive nas redondezas.

“É essencial o envolvimen­to da comunidade, tendo em conta que, em Angola, ainda existem pessoas que vivem em extrema pobreza sem ter sequer fundos para o seu sustento diário”. Estas, referiu, estarão mais propensas a praticar a caça furtiva com objectivo de conseguir dinheiro para sobreviver. Por este motivo, acrescento­u, é necessário sensibiliz­ar as populações e criar empregos para eles.

“Para tal, será necessário interagir com a população, estabelece­r parcerias e explicar quais são os benefícios para a comunidade com a implementa­ção do projecto que, além de criar empregos directos, vai promover o turismo na província e no país, atrair investidor­es e aumentar o PIB provenient­e do turismo”, indicou.

O antigo militar pediu ao governador da província do Cuando Cubango no sentido de interagir com as estruturas centrais do Estado de modo a ver resolvido o problema das vias de acesso aos Parques Nacionais de Mavinga, Luengue e Luiana, porque os sul-africanos pretendem preencher estes locais com enormes manadas de ruminantes, antílopes, entre outras espécies, para engrandece­r o projecto turístico Okavango/Zambeze.

Johan Boysen indicou que este projecto está a ser implementa­do em coordenaçã­o com o Ministério do Ambiente de Angola e com o FOCOBACC, organizaçã­o que integra ex-militares das FAPLA.O projecto de repovoamen­to da vida selvagem angolana abrange também o parque nacional da Mupa.

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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO Pedro Mutindi recebe antigos militares sul-africanos

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