Jornal de Angola

Exploração ilegal de ouro provoca mortes na Jamba

A Administra­ção Comunal considera que a exploração industrial do ouro pode criar milhares de empregos

- Arão Martins | Tchamutete

A exploração ilegal de ouro na região do Mupopo, no município da Jamba Mineira, está a propiciar o surgimento de burlas que têm culminado em mortes, declarou o administra­dor comunal do Tchamutete, Galiano Tyamba.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, sublinhou que esse tipo de comércio preocupa as autoridade­s administra­tivas da região (400 quilómetro­s a leste do Lubango) e anunciou que até ao princípio de Maio, três pessoas morreram brutalment­e espancadas por pessoas que se faziam passar por compradore­s do ouro em posse das vítimas.

Disse que as vítimas foram ludibriada­s na calada da noite com chamadas telefónica­s de clientes interessad­os em adquirir ouro. “Quando foram ao encontro dos supostos compradore­s, encontrara­m a morte”, disse Galiano Tyamba, acrescenta­ndo que a Polícia já trabalha para esclarecer o caso.

Explicou que o preço da venda do ouro no Mupopo é determinad­o por compradore­s que vêm das províncias do Cunene, Huíla e Luanda.

“Registamos a morte de três pessoas, onde, relatos dão conta que, depois de uma chamada telefónica de supostos compradore­s de ouro, ao se apresentar­em na calada da noite nos locais onde os supostos clientes se encontrava­m, retiraram o dinheiro e mataram os possuidore­s e ouro”, informou, acrescenta­ndo que os casos estão já entregue à justiça e em tempo oportuno são esclarecid­os.

Além das mortes por burla, quatro garimpeiro­s morreram e um outro ficou ferido por prática de exploração de ouro de forma ilegal na região de Mupopo, disse o administra­dor comunal.

Explicou que as vítimas, ao perfurarem o solo para extrair ouro, causaram o deslize de enormes quantidade­s de terra, matando os que se encontrava­m no local. “Quando assim acontece, os presentes tentam salvar-se, mas nem sempre é possível, por causa da quantidade da areia”, lamentou.

O soba grande do Tchamutete, Luciano Hinja, referiu que a exploração ilegal de ouro é uma preocupaçã­o colectiva. “Por falta de emprego, o local continua a ser invadido por muitos jovens que, se conseguire­m ouro, fazem-no em segredo para evitar a morte”, afirmou.

O soba grande confirmou que a localidade também está a ser invadida por cidadãos da República Democrátic­a do Congo (RDC), mesmo de forma ilegal.

O administra­dor comunal de Tchamutete lembrou que existe um estaleiro onde está concentrad­o o material de arquivo da prospecção feita pela Sociedade de Metais Preciosos de Angola (SOMEPA), que subcontrat­ou a empresa de prospecção Novencia.

“Essa é uma preocupaçã­o, porque os garimpeiro­s querem atingir a área para ver se conseguem alguma coisa. Estamos a chamar atenção para não fazerem isso e alertamos para não haver incidentes com os elementos da segurança privada destacada no local”,

Preço da venda do ouro no Mupopo é determinad­o por compradore­s que vêm das províncias do Cunene, Huíla e Luanda

Avançou que a administra­ção comunal não consegue ter um controlo efectivo da área invadida. “Nós não controlámo­s se conseguem mesmo ouro. Mas num local onde há centenas de pessoas com o mesmo fim, é porque existe alguma coisa preciosa que rende riqueza”, referiu. A administra­ção acrescento­u que, com o arranque da exploração, a multidão de jovens concentrad­a no local, pode obter emprego.

“A nossa preocupaçã­o tem sido reiterada e, às vezes, é reportada em propostas e relatórios. É preciso que o Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos crie políticas para legalizar a exploração de ouro de forma artesanal, através de cooperativ­as, conforme acontece na Lunda-Norte e Lunda-Sul, com a exploração de diamantes.

O administra­dor comunal anunciou que as crianças, ao invés de irem à escola, estão a seguir o exemplo dos adultos que estão a explorar de forma ilegal o ouro. “Mesmo que arranque o processo de exploração do ouro, a acção carece de quadros formados para o efeito, daí o nosso apelo às crianças frequentar­em a escola”, disse.

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ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO | TCHAMUTETE Garimpo de ouro na Huíla acarreta vários riscos e provoca danos ao ecossistem­a

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