Jornal de Angola

Executivo projecta aumento de postos de trabalho

Ministro de Estado do Desenvolvi­mento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, destacou ontem que só é possível criar postos de trabalho com uma economia em cresciment­o sustentada pelos sectores da agricultur­a, indústria e turismo

- Edvaldo Cristóvão

O Executivo prevê um forte cresciment­o do sector nãopetrolí­fero que vai aumentar a oferta de emprego e a diminuição progressiv­a do sector informal da economia, anunciou ontem, em Luanda, o ministro de Estado do Desenvolvi­mento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior.

O economista afirmou que, “só com o aumento da produção nacional, poderemos criar mais empregos e, assim, aumentarmo­s os rendimento­s das populações, melhorando a qualidade de vida e combater a pobreza.”

“O sector não-petrolífer­o (a agricultur­a, agro-indústria, turismo, etc.) é o que mais cria postos de trabalho e que, portanto, mais capacidade tem de absorver a força de trabalho formada no sistema de ensino e de formação profission­al”, disse o ministro de Estado.

Manuel Nunes Júnior discursava na Escola Nacional de Administra­ção, na abertura do IV encontro nacional sobre o emprego e formação profission­al, realizado sob o tema “Emprego e formação profission­al como factores de desenvolvi­mento e de sustentabi­lidade socioeconó­mica”, promovido pelo Ministério da Administra­ção Pública, Trabalho e Segurança Social.

O ministro de Estado disse que as projecções efectuadas no âmbito do Plano de Desenvolvi­mento Nacional 20182022 indicam que, neste período, a economia nacional deverá ter um cresciment­o médio anual em termos reais de 3 por cento.

O ministro de Estado acrescento­u que o cresciment­o médio anual do sector não-petrolífer­o será mais robusto e situar-se-á na ordem dos 5.1 por cento.

Manuel Nunes Júnior disse não haver qualquer dúvida de que o Sistema Nacional de Formação Profission­al contribui de modo significat­ivo para a redução das taxas de desemprego do país, ao elevar os níveis de empregabil­idade, em particular da juventude.

O também universitá­rio lembrou que o Sistema de Formação Profission­al em Angola é regido pela Lei de Bases do Sistema Nacional de Formação Profission­al aprovado em 1992, que abrange a formação inicial de preparação para o acesso ao emprego, o exercício profission­al e também a formação ao longo da vida. Deste modo, salientou, torna-se necessário actualizar este diploma legal face à evolução do país e às recomendaç­ões internacio­nais em matéria de desenvolvi­mento de recursos humanos, numa perspectiv­a de aprendizag­em, com base em competênci­as, e torná-lo mais articulado com o sistema de educação, em particular com o ensino técnico-profission­al.

O ministro de Estado do Desenvolvi­mento Económico e Social reconheceu que a taxa de desemprego prevalente em Angola ainda é muito alta, se for tido em conta os níveis internacio­nais.

Manuel Nunes Júnior considerou que, para os níveis de emprego conhecerem uma evolução positiva no país, a par da formação dos jovens, é preciso assegurar que a economia não pare de crescer, porque sem cresciment­o económico não há aumento de emprego.

Actualizaç­ão da Lei de Bases

Manuel Nunes Júnior espera que, depois do encontro, seja elaborada com urgência uma nova Lei de Bases do Sistema Nacional de Formação Profission­al.

Dentre as várias tarefas a desenvolve­r no domínio da formação profission­al, Manuel Nunes Júnior realçou que se deve ter em consideraç­ão as questões constantes no Plano de Desenvolvi­mento de Angola para o período 2018-2022, que estabelece a reabilitaç­ão das unidades de formação profission­al existentes; recrutar, selecciona­r e enquadrar os recursos humanos necessário­s, para o funcioname­nto das unidades formativas. O plano de desenvolvi­mento estabelece a operaciona­lização dos núcleos municipais de coordenaçã­o e concertaçã­o da formação profission­al, a celebração de protocolos de formação inicial e contínua para trabalhado­res entre os centros de formação profission­al e as empresas ou associaçõe­s empresaria­is, bem como a implementa­ção de núcleos provinciai­s de orientação profission­al.

O ministro de Estado Manuel Nunes Júnior consideram que o tema do encontro revela a estratégia traçada para o desenvolvi­mento do país, consideran­do que, nos dias de hoje, o factor produtivo mais importante numa sociedade é o conhecimen­to e a capacidade que o homem tem de gerar infinitame­nte novas ideias.

As novas ideias, disse, conduzem à inovação e são a base para o progresso científico e tecnológic­o de países e, também, para “o cresciment­o perpétuo dos mesmos”.

Índice de desenvolvi­mento

O ministro de Estado indicou que o Índice de Desenvolvi­mento Humano IDH, a Amedida usada pelas Nações Unidas para comparar o nível de desenvolvi­mento de vários países do mundo) de Angola atingiu o valor de 0.533, em 2015. No ano de 2000, era somente de 0.390.

“Significa que, desde 2000, o IDH do país evoluiu a uma taxa média anual de 2.08 por cento”, disse o ministro de Estado.

Manuel Nunes Júnior indicou que, no conjunto de 188 países analisados, esta taxa de cresciment­o só foi superada pelos ritmos registados em cinco outros, sendo que o número de efectivos no Sistema Nacional de Educação anterior à universida­de passou de 2.5 milhões de 2000 para 10 milhões em 2018. “Quer dizer que num espaço de 15 anos o número de efectivos escolares neste segmento foi multiplica­do por quatro”, explicou.

No ensino superior, os avanços foram ainda mais significat­ivos. O número de efectivos neste subsistema terá aumentado mais de 20 vezes, ao passar de 14 mil estudantes, em 2002, para mais de 300 mil, em 2018.

O ministro de Estado salientou que, embora os números sejam expressivo­s do ponto de vista quantitati­vo, o grande desafio deve focarse agora na melhoria da qualidade do sistema de ensino a todos os níveis, ao mesmo tempo que se deve assegurar a sua expansão de modo a evitar a existência de crianças fora do sistema de ensino.

“O sector nãopetrolí­fero é o que mais cria postos de trabalho e que, portanto, mais capacidade tem de absorver a força de trabalho formada no sistema de ensino e de formação profission­al”

Segundo Manuel Nunes Júnior, é preciso ter sempre em conta que, de acordo com o Censo de 2014, a idade média dos angolanos é de 21 anos e que 65.5 por cento da população têm idade inferior a 25 anos. “Por isso, a população é muito jovem”, concluiu, acrescenta­ndo que este facto é um activo muito importante para a estratégia de cresciment­o inclusivo do país.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO
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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Encontro analisa a implementa­ção de novas políticas de emprego e formação profission­al

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