Jornal de Angola

Aprovada lei de imprensa e de protecção aos militares

No sentido de moldar a legislação à actual realidade do país, o Parlamento egípcio acaba de aprovar uma lei de imprensa e outra que protege os militares que estiveram envolvidos nos episódios que levaram à destituiçã­o, em 2013, do então Presidente Mohamed

- Victor Carvalho

O Parlamento egípcio acaba de aprovar uma nova legislação que vai permitir ao Governo exercer um maior controlo sobre a imprensa, nomeadamen­te a que se expressa através das redes sociais.

De acordo com a nova lei, um blog ou site de notícias com mais de 5 mil seguidores passa a ser considerad­o um meio de informação e, como tal, está abrangido pela nova legislação.

Os críticos do Governo acusam-no de, com esta nova legislação, pretender controlar os meios de informação e impedir a difusão de discursos ou informaçõe­s veiculadas por forças políticas dissidente­s.

O Governo, por seu lado, sublinha que esta nova lei é uma resposta à recente divulgação de uma série de informaçõe­s falsas, que visavam “criar a divisão e fomentar o ódio entre os egípcios.”

Esta nova lei, aprovada por dois terços dos parlamenta­res, coloca as mais populares plataforma­s das redes sociais sob a supervisão da poderosa Autoridade Reguladora de Imprensa, que tem o poder de multar, denunciar e punir eventuais desvios ao que está regularmen­te instituído.

Esta entidade, com a aprovação desta lei, passa também a ter poder para bloquear determinad­os sites que “incitem as pessoas a violarem a Constituiç­ão”, ou que cometam o crime de “difamação contra pessoas individuai­s ou colectivas”, bem como os que atentem contra os “direitos religiosos dos cidadãos.”

Defesa de altos comandante­s

Outra lei, agora aprovada pelo Parlamento, vai proteger os altos comandante­s militares de serem eventualme­nte processado­s por participar­em na repressão, nalguns casos mortal, que se seguiu à destituiçã­o, em 2013, do então Presidente Mohamed Morsi.

No essencial, os altos comandante­s que beneficiam desta nova lei são os que estiveram envolvidos em casos de perseguiçã­o a elementos da agora ilegalizad­a “Irmandade Muçulmana”, força que esteve por detrás da eleição de Mohamed Morsi.

Além da imunidade por quaisquer crimes cometidos entre Julho de 2013 e Janeiro de 2016, os comandante­s ganham privilégio­s ministeria­is o que significa, por exemplo, que terão imunidade diplomátic­a quando viajam para o exterior protegendo-os assim de eventuais perigos de detenção em resposta a mandatos internacio­nais de captura.

Ao abrigo da legislação, intitulada “lei que regula o tratamento de certos altos comandante­s das Forças Armadas”, o actual Chefe de Estado, Abdel Fattah el-Sisi, fica habilitado a designar oficiais de alta patente como “reservas vitalícias”.

Morsi foi deposto em 2013 na sequência de um golpe liderado por Abdel Fattah elSisi. O então general tornouse Presidente do Egipto um ano depois. Esse período, durante o qual mais de mil manifestan­tes terão morrido, é considerad­o um dos mais sangrentos da história moderna do país.

Segundo organizaçõ­es internacio­nais, entre 16 mil e 41 mil pessoas terão sido presas e centenas receberam sentenças de morte após julgamento­s em massa. A maioria destas pessoas era apoiante da Irmandade Muçulmana, o movimento islâmico a que Morsiperte­ncia.Ocasodemai­or violência ocorreu no dia 14 de Agosto de 2013, quando militares e a Polícia se confrontar­am com milhares de apoiantes de Morsi nas praças Rabaa alAdawiya e Nahda, ambas no Cairo,tendo-seregistad­oamorte de 900 pessoas.

Ao abrigo da “lei que regula o tratamento de altos comandante­s das Forças Armadas”, o Presidente Abdel Fattah Al-Sisi fica habilitado a designar oficiais de alta patente como “reservas vitalícias”

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DR Governo liderado por Abdel Fattah al-Sisi defende maior controlo das redes sociais

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