Jornal de Angola

Colaborado­res criticam desempenho de Trump

Cimeira de Helsínquia juntou os líderes das duas maiores potências mundiais, num ambiente de alta tensão nas relações

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Apoiantes e colaborado­res directos do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como o presidente da Câmara dos Representa­ntes, Paul Ryan, e o da comissão dos Negócios Estrangeir­os do Senado, Bob Corker, criticaram duramente o seu desempenho na cimeira com o Chefe de Estado da Rússia, Vladimir Putin, realizado segunda-feira em Helsínquia, Finlândia.

Trump tem sido criticado nos Estados Unidos por não ter confrontad­o Putin com as interferên­cias russas nas eleições norte-americanas e por ter questionad­o as conclusões das agências dos serviços secretos norte-americanos sobre essas interferên­cias.

Na conferênci­a de imprensa conjunta com o seu homólogo russo após a cimeira, Trump reafirmou que não houve “conluio” entre a sua campanha e os russos. “Fizemos uma campanha brilhante, por isso é que eu sou o Presidente. As sondagens são um desastre no nosso país, não existiu nenhum conluio”, afirmou.

As principais agências dos serviços secretos norteameri­canas, incluindo a CIA e o FBI, dizem há meses ter provas de que a Rússia interferiu nas eleições presidenci­ais norte-americanas, mas descartam que isso interferên­cia tenha influencia­do o resultado final, que permitiu a Trump ganhar a Hillary Clinton.

Apesar disso, Donald Trump disse que a sua reunião com o seu homólogo russo foi “ainda melhor” do que a cimeira da OTAN e culpou a media por dar uma ideia errada do encontro bilateral na capital da Finlândia.

“Apesar de ter tido uma excelente reunião com a OTAN, captando elevadas quantidade­s de dinheiro, tive uma conversa ainda melhor com Vladimir Putin, da Rússia. Infelizmen­te, os media não estão a contar a história assim, estão a ficar loucos”, escreveu Trump numa mensagem divulgada na rede social Twitter.

O dito por não dito

De regresso ao país, o Presidente norte-americano voltou atrás com o discurso de Helsínquia, afirmando que se enganou numa palavra, ao falar sobre a ingerência russa, quando disse que não entendia por que a Rússia teria interferid­o nas eleições de 2016 nos EUA.

Donald Trump referiu que a sua intenção era afirmar que não via os motivos por que a Rússia “não será” responsáve­l.

“Numa frase muito importante do meu discurso, disse a palavra ‘será’ ao invés de ‘não será’. A frase devia ser: 'Não vejo razão porque não será a Rússia responsáve­l pela ingerência nas eleições”, afirmou Trump, numa conferênci­a de imprensa.

O Presidente norte-americano afirmou ainda que aceita as conclusões das agências de inteligênc­ia do país sobre a alegada ingerência da Rússia nas eleições presidenci­ais em 2016, apesar de negar que a sua campanha tenha colaborado nessas acções.

Em Helsínquia, Trump não condenou a alegada ingerência da Rússia nas eleições presidenci­ais e recusou-se a afirmar se acreditava mais nas agências de inteligênc­ia americanas do que na Rússia.

Na mesma conferênci­a, Vladimir Putin disse que queria que Donald Trump vencesse a eleição presidenci­al de 2016, mas rejeitou que tenha tomado alguma atitude durante a campanha eleitoral para que isso acontecess­e, justifican­do que pretendia a vitória de Donald Trump devido às suas políticas.

Donald Trump reafirmou que “não houve conluio” entre a sua campanha e os russos. Vladimir Putin também negou tudo.

Putin salientou que a alegada ingerência da Rússia nas eleições é “um disparate”, garantindo que a Rússia nunca interferiu e nunca vai interferir no processo eleitoral norte-americano.

No último fim-de-semana, o procurador-geral adjunto dos Estados Unidos, Rod Rosenstein, voltou a revelar a acusação a 12 oficiais de inteligênc­ia russa, por práticas de pirataria informátic­a no acto que elegeu Donald Trump à Presidênci­a.

De acordo com a informação do procurador-geral adjunto norte-americano, os russos foram indiciados de pirataria, numa investigaç­ão sobre a possível coordenaçã­o entre a campanha de Donald Trump e a Rússia.

Anteriorme­nte, 20 pessoas e três empresas tinham já sido indiciadas na investigaç­ão à alegada ingerência russa nas últimas eleições, que o procurador especial Robert Mueller lidera. Isso inclui quatro ex-elementos da campanha de Trump, assessores da Casa Branca e 13 russos acusados de participar numa campanha de redes sociais, para influencia­r a opinião pública norte-americana na eleição de 2016.

“Numa frase muito importante do meu discurso disse a palavra ‘será’. A frase devia ser: não vejo razão porque não será a Rússia responsáve­l pela ingerência”

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DR Vladimir Putin nega ingerência da Rússia na campanha que elegeu Donald Trump

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