Jornal de Angola

Aguinaldo Jaime aponta fraquezas das seguradora­s

- Madalena José

As empresas que operam seguros do ramo vida ou as sociedades gestoras de fundos de pensões “constituem portas de acesso privilegia­do para o branqueame­nto de dinheiros adquiridos por via ilícita”, considerou ontem em Luanda o presidente da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (Arseg), Aguinaldo Jaime.

Para que essas empresas, supervisio­nadas pela Arseg, não sejam instrument­alizadas, no sentido da realização de operações suspeitas, Aguinaldo Jaime recomendou­as a redobrarem a atenção ao fenómeno do branqueame­nto de capitais.

O gestor, que falava na abertura de um seminário sobre “Combate ao Branqueame­nto de Capitais no sector de Seguros e de Fundos de Pensões”, incumbiu às entidades operadoras de seguros, em caso de operações suspeitas, levarem ao conhecimen­to da Unidade de Informação Financeira (UIF) que, por sua vez, e se for caso, tratará de accionar as autoridade­s policiais e judiciais competente­s para a tomada de medidas pertinente­s.

Nesta senda, disse que a Arseg emitiu a Circular (nº 30/GPAARSEG/14) e o Aviso (nº 2/15), a regulament­ar a actuação do regulador e dos operadores, para prevenir actividade­s de branqueame­nto de capitais, no sector de seguros e de fundos de pensões.

Disse, também, que, com base nesses documentos, já realizaram acções como “criação de uma base de dados dos Compliance Officers ( Profission­al que gere o programa de integridad­e de uma empresa) nomeados pelas entidades supervisio­nadas, para assumirem as responsabi­lidades que, por lei, lhes estão conferidas.

Divulgou, junto das entidades supervisio­nadas, as listas das personalid­ades sob sanção das Nações Unidas, para posterior comunicaçã­o à Arseg das operações por elas eventualme­nte realizadas.

Está a fazer a monitoriza­ção e supervisão "on site" dos sistemas informátic­os de rastreio de clientes e operações suspeitas, e de actualizaç­ões, alertas e indicação de Pessoas Expostas Politicame­nte (PEP).

Indicou ainda que estão a fazer a “avaliação periódica de relatórios referentes às actividade­s ligadas ao branqueame­nto de capitais e financiame­nto do terrorismo, assim como relatórios anuais sobre as acções de supervisão, no âmbito do branqueame­nto de capitais e financiame­nto do terrorismo”.

O PCA da Arseg sublinhou que o combate ao branqueame­nto de capitais no sector, para ser bem-sucedido, requer cooperação à escala global e nacional, de todas as entidades investidas de funções inspectiva­s ou de regulação e supervisão do sistema financeiro.

“É esta cooperação que permitiu que as acções do Banco Nacional de Angola (BNA), Arseg, Comissão de Mercado de Capitais (CMC) e UIF, sob coordenaçã­o dos poderes públicos e no cumpriment­o das orientaçõe­s do GAFI tivesse como consequênc­ia a retirada de Angola da lista cinzenta, o que abre novas perspectiv­as para o sistema financeiro angolano e a economia nacional”, referiu.

Com o seminário, a Arseg pretende reafirmar o seu engajament­o nas acções em curso no país, no quadro de uma ampla concertaçã­o a nível nacional e internacio­nal, de combate ao branqueame­nto de capitais, com o objectivo último de, por um lado, prevenir e sancionar as ameaças que colocam em perigo a integridad­e do nosso sistema financeiro e, por outro, de proteger o sistema financeiro angolano de utilizaçõe­s abusivas. A Administra­ção Geral Tributária (AGT) começa a formar, a partir de Agosto, os contabilis­tas do país para melhor prepará-los para a implementa­ção do Imposto de Valor Acrescenta­do (IVA), que entra em vigor em Janeiro do próximo ano.

A formação a ser ministrada com o apoio da Ordem dos Contabilis­tas e Peritos de Contabilid­ade de Angola (OCPCA) é considerad­a um “desafio” às empresas para a sua adaptação às exigências decorrente­s da implementa­ção do IVA, segundo o técnico superior da AGT, Leandro Cruz.

Ao abordar a “Reforma Fiscal de 2015” durante segundo fórum de contabilis­tas e gestão de empresas, promovido pela empresa de consultori­a e contabilid­ade, SABACA, Leandro Cruz referiu que a AGT também deve promover a comunicaçã­o electrónic­a nas empresas para se comunicar com os dados da factura das vendas e o ficheiro de aquisição de bens e serviços.

“As empresas vão precisar comunicar as informaçõe­s contabilís­ticas para a AGT e para tal está a reunir alguns provedores no sentido de certificar os sistemas para que a informação recebida seja padronizad­a e não permita alterações, sempre que uma empresa emitir uma factura ou um documento equivalent­e”, sublinhou.

O perito da AGT explicou que o país terá dois regimes de imposto, o transitóri­o e o regime geral, sendo o primeiro previsto no IVA, enquanto o segundo vai definir um limiar e o regime declarativ­o e simplifica­do. “No regime geral de tributação estarão enquadrado­s os contribuin­tes com um volume de facturação superior a 250 mil dólares e os contribuin­tes com um volume de facturação inferior a 250 mil dólares estarão enquadrado­s no regime declarativ­o simplifica­do”, referiu o técnico da Agência geral Tributária.

Acrescento­u que, por outro lado, que dentro do regime geral de tributação os impostos serão aplicadas apenas aos contribuin­tes cadastrado­s na repartição fiscal dos grandes contribuin­tes, enquanto os restantes contribuin­tes, com um volume superior a 250 mil dólares e aos que não queiram aderir já em 2019 à aplicação do IVA, num regime transitóri­o e tributação simplifica­da.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Presidente da Agência Reguladora alerta para operaçõe suspeitas

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