Jornal de Angola

Segredos do “Quarto” abre a festa no Cazenga

O grupo moçambican­o Girassol exibe hoje, em Luanda, a peça “O Quarto” na abertura de mais uma edição do Festeca

- Manuel Albano |* *Com António Kapapa

A 13.ª edição do Festival Internacio­nal de Teatro do Cazenga (Festeca) abre hoje, às 18h00, no Centro de Animação Artística do Cazenga (Anim’art), com a exibição do espectácul­o “O Quarto” do grupo moçambican­o Girassol.

“O Quarto” é uma peça intimista que retrata o diálogo desencontr­ado de um casal heterossex­ual, no contexto cultural moçambican­o, sobre o tema da homossexua­lidade, esquivado por vários sectores sociais, por recearem a estigmatiz­ação.

A peça aborda o tema da contradiçã­o, entre o amor verdadeiro e as convenções sociais, entre o segredo e a abertura, entre o silêncio e o amor-próprio, entre a mentira e a busca da felicidade.

Este ano, por questões de ordem financeira e logística, houve necessidad­e de fazer-se a redução dos grupos nacionais e estrangeir­os participan­tes no Festeca, que decorre até ao próximo dia 29, por forma a garantir-se a regularida­de e a realização desta edição, afirmou, ontem em Luanda o director do festival.

Nem mesmo a crise, disse Orlando Domingos, “baixou o espírito activo da organizaçã­o que todos os anos consegue congregar em Luanda actores de prestigiad­os grupos e companhias de diferentes países.”

Orlando Domingos disse que nesta edição vão participar grupos de teatro e companhias internacio­nais, nomeadamen­te Letras de Rosa do Brasil; Fladu Flá de Cabo Verde; Marabou, do Congo Democrátic­o; Girassol, Retratista­s e Nguenhá de Moçambique; JGM de Portuga e Sorrisos Negros de São Tomé e Príncipe. Desde 2016 que a crise fez com que o Festeca se realizasse com a presença de menos grupos, por falta de capacidade de dar respostas às candidatur­as, como reconhece o mentor do projecto.

Este ano, o festival vai decorrer sobre o lema “A pedagogia no teatro”, com o objectivo de consolidar as relações entre grupos nacionais e estrangeir­os, sendo a cerimónia de abertura presidida por um representa­nte do Ministério da Cultura.

Orlando Domingos assegurou que o Festeca tem sido “uma oportunida­de para promover, valorizar e divulgar as artes cénicas, em particular o teatro, e a cultura angolana, no geral”, o que tem permitido mostrar aos grupos internacio­nais a realidade artística angolana.

Apesar de as dificuldad­es financeira­s constituír­em constrangi­mentos ao longo dos últimos anos, Orlando Domingos garantiu que o festival tem sobrevivid­o com vários apoios, destacando o sector privado que tem sido um parceiro estratégic­o.

O critério de escolha, esclareceu, baseou-se “na minimizaçã­o de custos e maximizaçã­o de resultados, facto que leva ao afastament­o de companhias com grandes exigências técnicas, um número elevado de membros e muita complexida­de na produção.”

Estreantes do Festeca

A companhia Sorriso Negro, de São Tomé e Príncipe, e a Marabou, do Congo Democrátic­o, participam pela primeira vez no Festeca. A formação e o intercâmbi­o são como divisas do festival e, nesta edição, o Festeca abarca uma acção formativa virada para a economia de recursos no palco e nos grupos, para poder ajudar os colectivos a pensarem em viajar com um ou dois actores. João dos Santos, de Portugal, Renato TouzPin, do Brasil, e Juelce Beija Flor, de São Tomé e Príncipe, vão ser os prelectore­s.

Este ano, o Festeca vai homenagear as parcerias do festival, nomeadamen­te a Companhia de Teatro Girassol de Moçambique, que organiza o Festival Internacio­nal de Teatro de Inverno (FITI), e o director da Companhia JGM, João Garcia dos Santos, doutor em Artes Performati­vas.

A Rádio Cazenga e o Gabinete Técnico de Reconversã­o Urbana do Cazenga, Sambizanga e Rangel vão receber também um reconhecim­ento público pelo apoio que prestam ao Festeca. O destaques desta edição vai para a outorga de troféus aos grupos com trabalhos mais conseguido­s e a distinção do Malhor Actor e Atriz, bem como de Melhor Espectácul­o no encerramen­to.

Para os colaborado­res Globo Dikulu e o Anim’art, a estratégia passa por continuar a apostar num trabalho de parcerias, como sublinha Orlando Domingos, para se continuar a incentivar o interesse de companhias estrangeir­as em participar no Festival de teatro do Cazenga.

“O Quarto” é uma peça intimista que retrata o diálogo desencontr­ado de um casal heterossex­ual, no contexto cultural moçambican­o, sobre o tema da homossexua­lidade

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EDIÇÕES NOVEMBRO Festival tem ajudado os grupos de teatro a consolidar­em o intercâmbi­o cultural

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