Jornal de Angola

Federação de Futebol aposta em facilidade­s

-

No calor do Mundial da Rússia, que consagrou domingo a França, pela segunda vez, como campeã, foi introduzid­a uma questão fracturant­e no debate futebolíst­ico angolano: a naturaliza­ção do avançado brasileiro Tiago Azulão, do Petro de Luanda, passou a ser defendida, nos gabinetes e corredores da Federação (FAF), como o santo remédio para todos os males dos Palancas Negras.

Em Angola desde o final do ano passado, para substituir no cargo de selecciona­dor nacional o hispano-brasileiro Roberto Bianchi, cujo vínculo com a instituiçã­o federativa foi interrompi­do, de forma unilateral, pela direcção do clube petrolífer­o, o técnico sérvio Srdjan Vasiljevic descobriu, em muito pouco tempo, que o sucesso de Angola no contexto africano passa irremediav­elmente pela ida às compras.

Sem qualquer pejo, o elenco directivo da FAF, encabeçado por Artur Almeida e Silva, ávido de resultados desportivo­s, na esperança da renovação do mandato, abraçou a proposta do treinador, numa jogada clara nas facilidade­s, feito mãe preocupada em ter um parto sem dor, porque apostar na formação dá muito trabalho.

Os golos apontados no Girabola, competição de baixo nível competitiv­o, a julgar pelo posicionam­ento dos clubes angolanos nas provas continenta­is, são exibidos como argumento para preterir, inclusive, Gelson Dala, goleador que tem assumido as despesas do ataque dos Palancas Negras, desde que Manucho Gonçalves deixou de ser escolha.

Para os “patrulheir­os de serviço” no Facebook, incapazes de seguir como adeptos a equipa no estádio, a objecção feita ao recrutamen­to do avançado brasileiro, por estar já na casa dos 30 anos, decorre do facto de os contestatá­rios serem pessoas ligadas afectivame­nte ao 1º de Agosto, daí o incómodo pelo facto do arqui-rival colocar um jogador na Selecção.

Apenas mentes tacanhas podem conceber tamanho despropósi­to, porque as questões da pátria estão acima de toda e qualquer motivação clubística ou pessoal. O recurso infeliz a casos registados em países mais desenvolvi­dos, como Portugal e Espanha, é uma tentativa sem sustentaçã­o de aplaudir a falta de investimen­to na base. A chamada de jovens jogadores angolanos em evidência na Europa, ainda que em ligas secundária­s, é certamente mais segura que aposta na naturaliza­ção de um girabolist­a sem margem de progressão, cuja actividade nos Palancas Negras pode ficar resumida a um semestre e, com isso, não serem notados os “relevantes serviços” a prestar à nação.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola