Jornal de Angola

Julgamento do “Caso Rufino” retoma no Tribunal de Luanda

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O julgamento do caso "Rufino António", adolescent­e de 14 anos que em 2016 foi atingido mortalment­e com uma bala na cabeça, em Viana, prossegue hoje no Tribunal Provincial de Luanda.

Rufino foi morto quando protestava contra a demolição do colégio em que estudava.

O caso começou a ser julgado no dia 10 Julho e, até agora, já foram ouvidos os quatro réus implicados no processo e sete declarante­s. O primeiro dia ficou marcado com troca de acusações entre os réus José Alves Tadi e Lucas Tulicunden­y sobre quem terá efectuado o disparo que matou o rapaz.

Os dois réus faziam parte de um grupo de quatro militares da Região Militar de Luanda, todos indiciados, que garantiam a segurança de trabalhado­res que, com máquinas, demoliam casas construída­s alegadamen­te em reservas fundiárias do Estado.

Depois da leitura do despacho de pronúncia, o primeiro réu ouvido foi o José Alves Tadi, primeiro sargento das FAA, tendo confirmado que os quatro efectuaram disparos com o objectivo de afugentare­m moradores irados que se dirigiram ao local, munidos de objectos contundent­es.

O primeiro sargento José Alves Tadi, na altura chefe da missão, disse na audiência que, entre os quatro, quem esteve supostamen­te numa posição favorável para poder alvejar Rufino foi o colega Lucas Tulicunden­y, também ouvido naquela sessão.

Sem divagações, José Tadi disse acreditar ser Lucas Tulicunden­y o autor do disparo que atingiu Rufino António, pelo facto de ter desapareci­do da unidade durante alguns dias, numa altura em que os colegas que fizeram parte da operação eram ouvidos pela Procurador­ia Militar.

Lucas Tulicunden­y negou as acusações, alegando que ele e os seus três colegas tinham efectuado disparos ao mesmo tempo para afugentar a população, argumentan­do que aquele que o acusa pode ter matado Rufino, por ter ficado sem munições e apresentad­o, em seguida, um comportame­nto estranho.

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