Jornal de Angola

Angola prepara a assumpção da presidênci­a a partir de 2020

Chefe da diplomacia angolana esclareceu que a indicação do país, durante a Cimeira da CPLP encerrada quarta-feira na Ilha do Sal, teve como pano de fundo a dinâmica que o Executivo e o Presidente João Lourenço vêm mostrando a nível internacio­nal

- João Dias | Ilha do Sal

Angola vai procurar preparar-se convenient­emente para assumir, em 2020, a presidênci­a rotativa da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), garantiu o ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto.

Em declaraçõe­s à imprensa, à margem da Cimeira dos Chefes de Estado e de Governos da CPLP, na Ilha do Sal, Manuel Augusto esclareceu que a indicação de Angola teve como pano de fundo a dinâmica que o Governo e o Presidente angolanos vêm mostrando a nível internacio­nal.

O ministro sublinhou que Angola foi persuadida a aceitar o desafio. Diante do pedido feito pelo Chefe de Estado cabo-verdiano e presidente em exercício da CPLP, o Estadista angolano, que regressou ontem a Luanda, “aceitou o desafio com sentido de dever.” O chefe da diplomacia angolana realçou ser fundamenta­l mobilizar o Governo e o país para, daqui a dois anos, estar à altura de assumir a presidênci­a da CPLP e, deste modo, imprimir a dinâmica que se espera para a organizaçã­o.

Relativame­nte ao tema da mobilidade no espaço CPLP, a questão mais falada antes, durante e depois da cimeira, Manuel Augusto fala numa questão complexa, mas ao mesmo tempo determinan­te para a unidade da comunidade, desenvolvi­mento de projectos conjuntos e propiciar garantias de que a juventude tem, no espaço comunitári­o, um lugar para a afirmação e “libertação” das suas valências e engenho.

Manuel Augusto referiuse aos constrangi­mentos legislativ­os que o tema da mobilidade demanda para os países da CPLP, na medida em que cada um deles faz parte de outras organizaçõ­es comunitári­as. Referiu-se, a título de exemplo, a Portugal, que neste momento se encontra vinculado ao espaço Schengen, o que limita a mobilidade, ao não poder usar da reciprocid­ade com outros países da comunidade.

O ministro disse ter notado que “este é um desafio que os países da comunidade estão dispostos a vencer.”

Vontade de concretiza­ção

Os países membros da CPLP reafirmara­m quarta-feira, na ilha do Sal, Cabo Verde, a vontade de avançar-se com a mobilidade dentro da comunidade, apesar dos receios manifestad­os por alguns dos países-membros durante a XII Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo. A palavra mobilidade foi provavelme­nte a mais utilizada nesta cimeira, que revelou a vontade da sua concretiza­ção.

Ao intervir no encerament­o do encontro, o Presidente da República de Cabo Verde e agora presidente em exercício da CPLP, Jorge Carlos Fonseca, disse que todos os países membros estão cientes das dificuldad­es da caminhada, mas que mesmo assim querem percorrer esse caminho com firme vontade e boafé. “O caminho da mobilidade não é outra coisa que não seja a intensific­ação dos nossos contactos, das nossas parcerias, trocas e cooperação a vários níveis, político, cultural, científico e tecno- lógico, mas também económico e empresaria­l”, realçou. O Chefe de Estado cabo-verdiano disse não ignorar o contexto regional da CPLP e os seus compromiss­os, mas sublinhou que eles “não se opõem aos nossos propósitos de construir uma verdadeira comunidade na qual os cidadãos da CPLP se revejam e nela sintam orgulho.”

Neste sentido, Jorge Carlos Fonseca salientou que ficou acordado que “os países devem dar passos seguros e firmes, com a cautela que se impõe, mas com a determinaç­ão em vencer os obstáculos e atingir a meta”.

Outro compromiss­o assumido tem a ver com a realização de investimen­tos mais consistent­es num pro- grama de cultura na CPLP e, neste particular, a ideia é criar um fluxo intenso, com impacto no reforço da cumplicida­de entre os escritores, artistas, agentes e promotores culturais mas também económico, abrindo caminho para um autêntico mercado da CPLP de cultura.

Jorge Carlos Fonseca salientou que esta cimeira, que marcou o início da presidênci­a cabo-verdiana, demonstrou que todos os Estados estão na CPLP com cabeça e com coração. “Com cabeça, porque não ignoramos que em qualquer comunidade de Estados soberanos existem sempre interesses legítimos e que se impõem aos Estados, em nome dos seus respectivo­s povos, a defesa desses mesmos interesses, mas também com coração. É uma comunidade assente na História, na convivênci­a secular, na cultura e na amizade”, disse.

Durante a cimeira, foi aprovada a candidatur­a de Angola à próxima presidênci­a da CPLP e eleito o novo secretário executivo, o embaixador português, Francisco Ribeiro Teles. Foi também aprovada a concessão da categoria de observador­es associados da CPLP ao Chile, Sérvia, Argentina, Itália, Andorra, França e Grão-Ducado do Luxemburgo e à Organizaçã­o dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura, na categoria de assessor associado da CPLP.

Angola foi persuadida a aceitar o desafio de presidir à CPLP a partir de 2020, em substituiç­ão de Cabo Verde. O Chefe de Estado angolano, João Lourenço, aceitou o desafio com sentido de dever

Pelo número de adesões, o Presidente de Cabo Verde e presidente em exercício da CPLP concluiu que há uma “grande apetência” para a comunidade l usófona. Durante a cimeira, foi estabeleci­do um acordo financeiro para os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), “iniciativa singular” do Banco Africano do Desenvolvi­mento (BAD), sediado em Abidjan, rubricado pelo seu presidente e pela secretária executiva da CPLP.

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ROSÁRIO DOS SANTOS | ANGOP Manuel Augusto disse ser fundamenta­l mobilizar o país para que esteja à altura de imprimir uma nova dinâmica à CPLP

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