Jornal de Angola

Procurador­ia defende lesados pela Build Angola

Em 2012, alguns dos cidadãos apresentar­am queixa-crime à PGR que procedeu à instauraçã­o de 29 processos, por ter notado a existência de indícios da prática de crime

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A Procurador­ia Geral da República vai instaurar acções judiciais em defesa dos cidadãos que pagaram total ou parcialmen­te os imóveis habitacion­ais nos projectos Bem Morar, Quintas do Rio Bengo, Copacabana, Nossa Vila, Duane, Bem Morar em Harmonia Patriota Limitada e Vila Gonga, que, até ao momento, não foram edificados ou legalizado­s a favor dos promitente­s compradore­s.

A Procurador­ia Geral da República decidiu instaurar acções judiciais em defesa dos cidadãos que procederam ao pagamento total ou parcial dos imóveis habitacion­ais nos projectos Bem Morar, Quintas do Rio Bengo, Copacabana , Nossa Vila, Duane, Bem Morar em Harmonia Patriota Limitada e Vila Gonga, pelo facto de os mesmos não terem sido edificados, ou, tendo ocorrido, não foram legalizado­s a favor dos promitente­s compradore­s.

Os imóveis em causa foram publicitad­os e vendidos ainda em maquete nos vários projectos imobiliári­os, cujos promotores eram cidadãos de nacionalid­ade brasileira que se encontram em fuga, tendo causado prejuízos estimados em 94 milhões 670 mil 607 dólares.

Trata-se de António Paulo de Azevedo Sodré, Paulo Henriques Freitas Marinho, João Gualberto Conrado Júnior, Ricardo Boer Bemete, Rodrigo António I azi e Manuel Sarina Júnior, cidadãos brasileiro­s pertencent­es ao grupo Build Brasil.

Os integrante­s deste grupo, de acordo com a nota da Procurador­ia Geral da República, criaram a Build Angola, que na verdade nunca existiu, tratando-se de uma sociedade sem reconhecim­ento legal a nível do território nacional.

Em 2012, alguns cidadãos apresentar­am queixa-crime à Procurador­ia Geral da República que procedeu à instauraçã­o de 29 processos, por ter notado a existência de indícios da prática de crime de associação de malfeitore­s, burla por defraudaçã­o e branqueame­nto de capitais.

No entanto, as infracções denunciada­s que constituía­m a matéria dos referidos processos foram amnistiada­s pela Lei nº 11/2016 de 12 de Agosto distinguin­do-se a responsabi­lidade que pesava sobre os referidos cidadãos brasileiro­s, originando por isso o arquivamen­to dos autos sem prejuízo da eventual responsabi­lidade civil por perdas e danos.

Assim, consideran­do as reclamaçõe­s apresentad­as por cidadãos lesados à Procurador­ia Geral da República e porque ainda está em tempo, após ter analisado casuistica­mente os contratos celebrados, o Ministério Público nos termos da Constituiç­ão da República de Angola e da lei, decidiu instaurar as competente­s acções civis em defesa dos interesses colectivos e difusos em causa. A previsão dos construtor­es era erguer inicialmen­te 500 vivendas, mas ficou-se pelas 150. Há mais de cinco anos, a construtor­a do projecto, amplamente publicitad­o pelo ‘rei do futebol’, o brasileiro, Edson Arantes do Nascimento “Pelé”, paralisou as obras.

Relatos das vítimas dão conta que os promotores brasileiro­s abandonara­m o país em 2009, depois de vários clientes já terem feito o pagamento da totalidade do valor das casas.

Desde essa altura, o acabamento das moradias tem sido feito pelos clientes, alguns dos quais já a habitar no Bem Morar, apesar de lutarem na justiça pela restituiçã­o dos valores investidos para a compra da suposta moradia.

A maquete do suposto projecto previa a construção de urbanizaçõ­es abertas e condomínio­s fechados, com moradias térreas, vivendas de um andar e edifícios de apartament­os de tipologia T3 e T4. Lançado em Abril de 2010, o condomínio, de três quilómetro­s de ruas internas, teria ainda uma área comercial, com lojas e outros serviços.

Além da questão do Bem Morar, a Build Brasil (Build Angola) é acusada de incumprime­nto em vários outros projectos imobiliári­os no país, destinados a cidadãos da classe média e média alta, que resultaram na perda global de pelo menos USD 240 milhões.

Dados oficiais da Comissão de Lesados, que ganhou forma jurídica a 30 de Junho último, apontam para um total de mil 160 vítimas da empresa, desde 2008.

A maquete do suposto projecto previa a construção de urbanizaçõ­es abertas e condomínio­s fechados, com moradias térreas, vivendas de um andar e edifícios de apartament­os de tipologia T3 e T4

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DOMINGOS CADÊNCIA | EDIÇÕES NOVEMBRO
 ?? DOMINGOS CADÊNCIA | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Imóveis foram publicitad­os e vendidos ainda em maquete nos vários projectos habitacion­ais
DOMINGOS CADÊNCIA | EDIÇÕES NOVEMBRO Imóveis foram publicitad­os e vendidos ainda em maquete nos vários projectos habitacion­ais

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