Angola e RDC assinam acordo
Os projectos de interligação dos sistemas eléctricos entre Angola e RDC podem ser concretizadosnos próximos tempos. Para o efeito, foi assinado ontem, em Cabinda, um acordo de cooperação no domínio da energia eléctrica.
Angola e a República Democrática do Congo (RDC) assinaram um Acordo-Quadro de cooperação no domínio de energia, que vai viabilizar a construção de uma linha de transporte de energia de 220 kv, da barragem do Inga à província de Cabinda.
Foram signatários do acordo rubricado na cidade de Cabinda, na quarta-feira, os ministros da Energia e Águas de Angola, João Baptista Borges, e da Energia e Recursos Hídricos da RDC, Ingele Ifoto.
A linha de transporte deve partir da barragem do Inga na RDC, passando pelas vilas congolesas de Boma e Muanda, até chegar em Cabinda, numa extensão de 225 quilómetros.
Na acta do encontro, ficou o compromisso de estabelecer-se bases gerais para a cooperação entre os dois governos no domínio da electricidade, com vista a contribuírem para o bem estar das respectivas populações e reforçar a cooperação por meio de acções concretas a serem implementadas.
Presente na cerimónia, o governador de Cabinda, Eugénio Laborinho disse que a assinatura do acordo marca o início de um caminho importante para a efectivação do sonho da população desta província em ver solucionado o problema da energia eléctrica.
Com a chegada da energia do Inga, disse, a província de Cabinda vai desenvolver a sua actividade industrial, com destaque para o Pólo Industrial do Fútila e tirar maior proveito do Porto de Águas Profundas do Caio e dos projectos do sector da Agricultura.
O ministro angolano da Energia e Águas afirmou que o projecto Inga-Cabinda é o primeiro de entre vários que se vão seguir em bases mutuamente vantajosas.
Parte congolesa
Da parte congolesa, o ministro Ingele Ifoto mostrou-se satisfeito pelo acordo que, como disse, significa a concretização de mais um passo no sentido da consolidação das relações entre os dois países, tendo recomendado, para o efeito, ao comité técnico para trabalhar para o avanço do acordo. Além da cidade de Cabinda, a linha de energia eléctrica vai servir, também, as localidades de Boma e de Muanda (RDC), por onde vai passar.
Desde 2006, os Governos de Angola e da RD Congo, no quadro da cooperação energética têm vindo a rea- lizar encontros no sector energético para solucionar a situação de produção de energia na província de Cabinda, com a construção de uma linha de transporte de energia a partir da barragem hidroeléctrica do Inga.
A construção da linha de transporte, do Inga, passando pela vila portuária do Muanda, estava inicialmente avaliada em cerca de 20 milhões de dólares.
Turbinas em Cabinda
Actualmente, Cabinda conta com três turbinas com sistema dual (gás e gasóleo) que fornecem 95 mw, insuficientes para as necessidades locais.
Localizada na cidade de Matadi, província do Congo Central, a barragem do Inga possui um potencial hidroeléctrico de 40 mil a 45 mil megawatts, dos 100 mil mw de que a RD Congo dispõe.
Actualmente, conta com duas centrais, a do Inga I e Inga II, de mil e 800 mw cada uma. As duas entraram em funcionamento há décadas. A primeira em 1972 e a segunda em 1982.
O ministro angolano da Energia e Águas adiantou que, com o tempo, se pretende igualmente criar condições técnicas e financeiras para a compra e venda de energia entre os dois países, Angola a partir do Cassai Ocidental e a RDC a partir de Maquela do Zombo.